Preços negativos no mercado elétrico chegam a Portugal esta sexta-feira

Esta sexta-feira, pela primeira vez, o preço da eletricidade leiloada no mercado elétrico estará abaixo de zero.

O mercado grossista da eletricidade, onde os produtores a vendem aos comercializadores, marcou, pela primeira vez em Portugal, um valor negativo durante o leilão para o dia seguinte. Esta sexta-feira, entre as 15 e as 16 horas, os produtores pagam 1 cêntimo por megawatt-hora para ceder a sua eletricidade.

Este fenómeno já se tinha registado do lado espanhol esta segunda-feira, dia 1 de abril, também uma estreia. Do lado português, os preços para o mesmo momento ficaram em zero, com a incursão ao lado negativo a registar-se apenas cinco dias depois.

O aparecimento de preços negativos no mercado do dia seguinte é normal na Europa, mas não tinha ainda acontecido no mercado ibérico, diz Antonio Vidigal, consultor de energia. Os preços negativos não são, contudo, uma completa novidade: embora nunca se tivessem verificado no mercado para o dia seguinte, já se haviam registado preços negativos na Península Ibérica, mas nos leilões intradiários, nos quais produtores e compradores voltam a “reunir-se” para alguns ajustes, de forma a corrigir desvios entre oferta e procura.

O consultor de energia António Vidigal vê os preços negativos como “situações que vão aparecer mais frequentemente”. Estes preços negativos registam-se porque há produtores que estão disponíveis para pagar a injeção de eletricidade no sistema, para não terem parar a produção.

Fonte do setor ressalva, contudo, que preços negativos não significam necessariamente que o produtor tenha ficado com prejuízo ao pagar um cêntimo para oferecer a respetiva eletricidade, já que pode ter tarifas garantidas que o remunerem, de qualquer forma, por essa eletricidade, já fora do espaço do leilão.

Consumidores podem usufruir, mas depende do tarifário

Os preços negativos no mercado grossista não se refletem diretamente na conta da luz dos consumidores, embora nalguns tarifários – os indexados – se sinta o efeito mais diretamente. A baixa de preços no mercado grossista incita a redução dos preços dos mercados futuros, pelo que “influenciará os preços da luz dos clientes cujo contrato está indexado aos preços do mercado spot [diário] ou do mercado futuro”, indica a Aleasoft, uma empresa espanhola que se dedica à análise dos mercados energéticos. Este tipo de contrato, o indexado, é mais comum no mundo empresarial, mas também está disponível para consumidores domésticos.

Já no que toca às tarifas com preços fixos, as mais comuns entre os consumidores domésticos, “também verão refletida a descida dos preços do mercado grossista”, já que este é uma referência, mas “quando e quanto dependerá das características de cada contrato”, diz a empresa.

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