As eleições, os jovens e as mulheres. ECO magazine chega às bancas
O ECO é agora também uma edição mensal, premium, em papel, com a assinatura “A ECOnomia nas suas mãos” e o mesmo compromisso com os leitores. A quarta edição já está nas bancas.
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“Não me revejo nos líderes atuais”. A frase é de Mafalda Rebordão. Empreendedora, gestora de parcerias estratégicas da Google a partir de Londres, membro do conselho estratégico da CIP para o investimento estrangeiro e do conselho consultivo de Marcelo Rebelo de Sousa . Com 26 anos já viveu em cinco países, mas afirma querer regressar a Portugal, país que, diz, ‘não a quer receber’.
“Em várias esferas, na pública como na privada, não há lugar para os jovens e muito menos para jovens com ambição. Porque não há espaço, porque somos demasiado novos, porque Portugal é demasiado pequeno, porque os jovens têm muita vontade de fazer coisas, porque os jovens acham que isto se muda depressa e não é assim que funciona nas empresas, porque ‘vocês’ [jovens] estão habituados, lá fora, a uma velocidade e essa velocidade não existe em Portugal“, diz. “É tal a quantidade de preconceitos e barreiras que acabamos, nós próprios, portugueses, a criar ao nosso país”, atira.
“Os jovens estão fora, as mulheres estão fora, e não há espaço em Portugal. O país está a tornar-se uma estância de férias ou um lar de idosos”, lamenta a jovem na grande entrevista da nova edição do ECO magazine, no momento em que o país está a viver o pós-eleições e as mudanças políticas que resultaram do voto dos portugueses.
O ECO magazine foi também ouvir o que empresárias, gestoras, empreendedoras, advogadas, diretoras de comunicação, de marketing, criativas ou dirigentes associativas têm a dizer sobre os desafios que enfrentam no mundo do trabalho e das empresas.
Anna Lenz (Nestlé), Cristina Castanheira Rodrigues (Capgemini Portugal) e Mónica Ferro (United Nations Population Fund) assinam as opiniões nesta edição, trazendo uma reflexão sobre os desafios da economia e do setor alimentar, mas também da demografia, em Portugal e no mundo.
Uma análise sobre a evolução das insolvências em Portugal, mas também uma reportagem à têxtil Calvelex são outros dos grandes temas nesta edição, na qual também damos conta da transformação dos escritórios em espaços residenciais (Metro Quadrado), da nova ‘explosão’ da bitcoin e das oportunidades de crescimento que apresenta (Portefólio Perfeito), dos esforços de internacionalização das startups (Saber Fazer) e onde ‘descodificamos’ os lucros históricos da Banca.
O ECO magazine traz também os contributos das diversas marcas que fazem parte do universo ECO. “Estamos mais abertos a mudar de emprego. Porquê?” é o tema trazido pelo Trabalho by ECO; “Como as autarquias do interior atraem mais turismo” é escalpelizado pelo Local Online; enquanto o Capital Verde dá conta do esforço que está a ser feito pelos parques de escritórios em tornarem-se mais verdes no artigo “Segredo dos escritórios ‘verdes’ está na eficiência”.
Já ECO Seguros analisa como os “Seguros de crédito querem prevenir a economia em 2024” nesta edição enquanto no Fundos Europeus reflete-se se os fundos vindos da Europa são, a longo prazo, uma “Maldição ou bênção?” para a economia nacional. A Advocatus explica como os “Contribuintes triunfam em arbitragens fiscais” e no +M aproveita-se a campanha da ‘estante’ do Ikea para mergulhar no fenómeno das campanhas virais em “Quer um ‘viral’ para a sua marca? Más notícias, provavelmente não vai acontecer”.
E depois dos negócios, ficam as sugestões de business & leisure da Time Out, parceira editorial do ECO. E nesta edição avançamos para a estrada com o Auto ECO onde, todos os meses, testamos algumas das propostas do mundo automóvel.
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Editorial
As empresas não podem parar
Perante um resultado eleitoral como o que foi registado nas eleições de 10 de março, a única certeza sobre a governação nos próximos meses é a incerteza. A Aliança Democrática ganhou as eleições por muito pouco, houve mesmo uma reconfiguração do sistema político com o fim do bipartidarismo e a emergência do Chega (mais de um milhão de votos) abre um período novo na política nacional. Para um país que precisava de reformas estruturais depois de oito anos de um primeiro-ministro que foi especialista em gerir o situacionismo, o novo quadro político não antecipa nada de bom.
Luís Montenegro vai ser primeiro-ministro, mas para fazer mudanças, muitas delas como as que tinha apresentado aos portugueses no programa eleitoral, precisa de apoio alargado e maioritário no Parlamento. Quem o dará? Este jogo em que o Chega tem 48 deputados tem novas regras, mas elas não estão escritas em lado nenhum, ninguém as conhece. Como vai comportar-se o PS de Pedro Nuno Santos neste contexto? Vai manter a lógica tradicional ou perceber que há um novo quadro? Os socialistas não querem pôr o PSD no centro do sistema, mas os socialistas vão ter de ultrapassar esse dilema.
O Governo vai passar o teste do programa de Governo — é preciso uma maioria de rejeição que, sem
o PS, não terá viabilidade —, mas a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 é outra história. Imprevisível.
Luís Montenegro vai ter uma primeira oportunidade para uma primeira boa impressão na função de primeiro-ministro. Tem seis meses para mostrar o que vale, de que é feito, para chegar em condições para ir a eleições antecipadas, para se preparar para os miniciclos eleitorais. E tem de ser capaz de formar um Governo politicamente muito forte, com capacidade de decisão.
Os gestores e empresários vão ter de decidir, apesar da incerteza política. Não vão poder parar, nem esperar pelas reformas que andaram a pedir nestes longos meses de campanha eleitoral. O quadro económico é, também ele, incerto, exige decisões e capacidade de risco.
Na verdade, é o que os empresários e gestores têm feito nos últimos 23 anos.
António Costa
Diretor ECO
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