Distribuição vai criar observatório para a cibersegurança “nos próximos dois anos”

Entre as metas que constam do plano de visão estratégica da APED está ainda a duplicação do número de empresas a participarem no roteiro para a descarbonização, que conta atualmente com 20 empresas.

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) apresenta esta quarta-feira o plano de visão estratégica para o triénio 2023-2026. Em declarações ao ECO, Gonçalo Lobo Xavier antecipa que, entre as medidas previstas, está a criação de um observatório para a cibersegurança “nos próximos dois anos”, tendo em vista a “promoção de boas práticas” e a partilha de investimento para mitigar eventuais ataques.

“Todos os dias temos ataques cibernéticos que podem ter consequências gravíssimas no setor”, começa por referir o diretor-geral da APED, adiantando que, por isso, uma das metas da associação é criar “um observatório para a cibersegurança” mas também “integrar outras plataformas nacionais que estejam a trabalhar nessas matérias”, de modo a “mobilizar os associados, independente da sua origem e dimensão” e “partilhando boas práticas, investimento e captando novas formas de mitigar estes riscos”.

“Temos estado a falar com várias instituições privadas e públicas e é algo para ser criado nos próximos dois anos”, revela Gonçalo Lobo Xavier, sublinhando que é importante que as empresas invistam em hardware e software, isto apesar do “caminho” que o setor já tem feito no uso da tecnologia e das ferramentas digitais.

A digitalização é um dos quatros pilares que constam do plano de visão estratégica da APED para 2023-2026 e que, segundo o diretor-geral desta associação, estão “interligados”. No que toca aos recursos humanos e dado que o setor conta com mais 145 mil colaboradores – repartidos entre o retalho alimentar e o retalho especializado –, o objetivo é “continuar a apostar na formação”, de modo a torná-lo “ainda mais atrativo enquanto perspetiva de carreira”.

Por isso, comprometem-se a ser “bastante ambiciosos” na negociação com os sindicados do contrato coletivo de trabalho para que “valorize o setor e as careiras” e não apenas a posição de entrada, notando que com o “aumento do salário mínimo nacional todas as grelhas salariais estão a subir”. “Mas isto não pode ser separado das questões da sustentabilidade”, avisa Lobo Xavier, sublinhando que, para além do salário, “hoje em dia o colaborador olha para o seu trabalho como uma missão”.

Deste modo, a sustentabilidade é outro dos pilares fundamentais na estratégia da APED. “A nossa meta é duplicar o número de empresas a participarem no roteiro para a descarbonização até 2026″, revela, apontando que atualmente há 20 empresas implicadas, que “representam cerca de 75% da faturação dos associados”, mas objetivo é “trazer empresas de menor dimensão” sejam elas “nacionais ou estrangeiras”. “Pode ser pouco em números absolutos em relação aos associados que temos, mas é muito impactante e trará grandes resultados”, afiança.

A associação, que conta com mais de 200 associados, quer também”continuar a combater o desperdício alimentar” e a “apostar nas boas práticas” no que toca à eficiência energética e à reutilização. “Queremos continuar a liderar os processos que tenham a ver com gestão de resíduos” não apenas de plásticos, mas também ao nível do têxtil, “acompanhando a legislação europeia que é muito impactante para os próximos tempos”, frisa Gonçalo Lobo Xavier.

Mas deixa um aviso, implícito, ao Governo: “Queremos contribuir mas tem que haver uma gestão criteriosa e investimento que permita que os objetivos sejam cumpridos sem prejudicar negócios das empresas“. De recordar que o Orçamento do Estado, para este ano, previa que começasse a ser aplicada uma taxa de 4 cêntimos aos sacos ultraleves nos supermercados. A medida era para arrancar logo em janeiro, mas foi adiada por motivos operacionais. Na altura de discussão do OE, o setor manifestou algumas dúvidas sobre o verdadeiro impacto desta medida, notando que vai recair sobre as famílias e não antecipando efeitos de maior do ponto de vista ambiental.

Por fim, e em relação a à suply chain, a distribuição ressalva que quer “continuar a ser uma voz ativa na gestão das ligações de toda a cadeia de valor”, por isso, insiste que é preciso “valorizar a produção agrícola nacional” e “continuar a impugnar por apoios à produção nacional na mesma medida em que existem para outros Estados-membros” da União Europeia. Mas não esquecendo as “boas práticas de transporte e logísticas e gestão das embalagens” seja de marca própria seja “no relacionamento que existe com os fornecedores da indústria”.

E também aqui o diretor-geral da APED pede uma “maior atenção do Governo e das políticas europeias”, lembrando que as tensões geopolíticas existentes, nomeadamente no Mar Vermelho, Ucrânia ou Israel, têm um impacto e “custos” na cadeia de valor, isto apesar de o setor tentar encontrar soluções para novas rotas ou produtores. “A nossa obrigação enquanto setor é olharmos para estes desafios e procurarmos, em conjunto, mitigar e pugnar pela reindustrialização da Europa e pelo aumento da produção nacional porque isto tem consequências muito relevantes para todo o setor”, remata.

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