Reclamações sobre crédito da casa mais do que duplicam em 2023

Clientes bancários reclamaram como nunca no ano passado. Banco de Portugal recebeu 26.976 reclamações em 2023, um disparo histórico de 24% em relação ao ano anterior.

Num ano que voltou a ser marcado pelas elevadas taxas de juro, as famílias reclamaram como nunca junto dos bancos por conta do crédito à habitação. Em 2023, chegaram ao Banco de Portugal quase 5.000 reclamações por causa do empréstimo da casa, mais do dobro do ano anterior.

O supervisor explica que este aumento se deveu sobretudo ao “elevado número” de reclamações relacionadas com o exercício do direito ao reembolso antecipado do empréstimo e também com a implementação das medidas de mitigação do impacto da subida das taxas de juro introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 80-A/2022, que agilizou o regime de prevenção do incumprimento.

Não foi apenas o crédito da casa que contribuiu para o disparo histórico do número de reclamações dos clientes bancários no ano passado. O Banco de Portugal recebeu 26.976 reclamações em 2023, traduzindo um aumento de 24% em relação ao ano anterior.

O aumento das queixas na banca “foi impulsionado, sobretudo, por razões de natureza estrutural, onde se inclui, nomeadamente, o crescimento das reclamações sobre a qualidade da informação reportada à Central de Responsabilidades de Crédito (CRC) e os riscos de fraude associados à progressiva digitalização dos produtos e serviços bancários de retalho”.

A CRC centraliza todas as operações de crédito e é onde os bancos reportam as situações de incumprimento nos empréstimos, uma situação para a qual as famílias têm dado mais atenção nos últimos anos por conta do aperto financeiro que estão a sentir devido ao aumento dos juros e do custo de vida.

O Banco de Portugal sublinha ainda que “alguns fatores de natureza conjuntural” contribuíram para o aumento significativo do número de reclamações, “nomeadamente os que se prendem com a implementação das medidas temporárias adotadas para mitigar o impacto do aumento das taxas de juro nos mutuários de crédito à habitação, embora o seu contributo seja menor”.

No topo das reclamações continuaram as matérias Crédito aos consumidores e Depósitos bancários, que concentraram 7.269 queixas (+23,3%) e 6.998 queixas (7,6%), respetivamente.

Segundo o supervisor, foram encerradas 24.707 reclamações no ano passado, tendo sido detetadas irregularidades em 883 reclamações, correspondendo 3,6% do total das queixas encerradas.

Entre as instituições mais reclamadas encontra-se o BNI Europa nas contas bancárias (com 1,95 queixas por mil contas à ordem, cinco vezes mais do que a média do sistema), o CA Auto Bank no crédito aos consumidores (com 3,59 queixas por mil contratos de crédito ao consumo, seis vezes mais do que a média do sistema) e o Banco CTT no crédito à habitação (com 13,2 queixas por mil contratos de crédito da casa, mais de cinco vezes mais do que a média do sistema).

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