Investimento estrangeiro cai pelo segundo ano consecutivo

Mais de dois terços dos países da OCDE tiveram uma diminuição dos influxos de investimento direto estrangeiros em 2023. Portugal foi um dos casos, ao contabilizar uma contração de 26%.

Num contexto de incertezas geopolíticas e taxas de juro elevadas, 2023 foi marcado pela segunda retração consecutiva dos fluxos globais de investimento direto estrangeiro (IDE).

Depois de uma queda de 24% em 2022, assistiu-se em 2023 a uma nova correção global de 7% do investimento estrangeiro, com o volume de IDE a atingir 1,36 biliões de dólares no ano passado, segundo o mais recente relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), com essas transações a permanecerem abaixo dos níveis pré-pandemia pelo segundo ano consecutivo.

Na OCDE, apesar de o volume total de influxo de IDE ter registado um crescimento de 10,7%, mais de dois terços dos 38 países da OCDE apresentou uma diminuição dos influxos de IDE no ano passado, com particular destaque para a China, que fechou 2023 com apenas 22% do volume de IDE que registou em 2022, e para a Índia, que alcançou um decréscimo de 44% de IDE face aos números de 2022. Este cenário reflete não apenas um ambiente económico desafiante, mas também uma cautela crescente dos investidores internacionais que, em alguns casos, optaram por desinvestir nestes países.

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No seio da União Europeia, a situação não foi mais animadora. Os números indicam que a comunidade europeia enfrentou o segundo ano consecutivo de valores negativos nos fluxos de IDE. “Grandes desinvestimentos foram registados nos Países Baixos em 2023, assim como no Luxemburgo no ano anterior, que explicam os valores negativos de influxos de IDE no grupo dos países da União Europeia” em 2022 e 2023, lê-se no relatório da OCDE.

Portugal também não ficou imune a esta tendência europeia e global de contração do investimento estrangeiro, contabilizando em 2023 o recebimento de 7,2 mil milhões de dólares de IDE, menos 26% face aos valores de 2022 e o valor mais baixo desde 2018.

Os técnicos da OCDE consideram que este comportamento de desinvestimento de capital estrangeiro na União Europeia surge como resposta a uma possível revisão das estratégias das empresas internacionais, especialmente “em antecipação à introdução de uma taxa mínima global de imposto sobre as empresas prevista para 2024, que poderá estar a incitar uma reorganização das estruturas empresariais através das fronteiras.”

Contrastando com a tendência geral, os EUA mantiveram-se como o principal destino de IDE, atraindo 341 mil milhões de dólares em 2023. O pódio de maiores recetores de IDE é completado pelo Brasil (64 mil milhões de dólares) e pelo Canadá (50 mil milhões de dólares).

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