BNI Europa procura novo comprador após falhar negócio com brasileiros
Angolanos avançam para a quarta tentativa de venda depois de falhado o negócio com o Banco Master. 2023 trouxe novamente lucros. BNI Europa aponta agora para crescimento "controlado" e "faseado".
O acionista angolano do BNI Europa está de novo à procura de um comprador para o seu banco em Portugal, depois de falhada a tentativa (terceira) de venda aos brasileiros do Banco Master num ano em que regressou aos lucros.
O banco português revela, no relatório e contas de 2023, que o novo processo de alienação captou o “interesse e procura de diversas entidades que se enquadram nos perfis pretendidos e requeridos para o efeito” e salienta que está “confiante no sucesso das diligências em curso”.
O BNI acordou a venda ao Banco Master em 2021. Os brasileiros chegaram a pagar um sinal de 8,5 milhões de euros, que tinha como garantia as ações do próprio banco português caso o negócio não chegasse a um bom porto e o BNI não conseguisse restituir o dinheiro.
Com a aquisição do BNI Europa, o Master queria ser “banco dos brasileiros na Europa”, como chegou a adiantar ao ECO. Porém, em agosto do ano passado, ano e meio depois de o processo ter dado entrada no Banco de Portugal para aprovação, o banco brasileiro retirou a oferta de compra por conta de mudanças nos planos de expansão internacional. Mas, segundo o Jornal Económico, a proposta não terá convencido o Banco Central Europeu (BCE), que é quem tem a palavra final nestas operações.
“Face a este evento, o acionista único retomou as iniciativas para identificar um novo investidor de capital para o banco”, indica o banco no relatório e contas.
O BNI Europa é detido integralmente pelo BNI Angola, que tem como principal acionista Mário Palhares, antigo vice-governador do Banco Nacional de Angola.
Desde 2019 que os angolanos procuram um comprador para o banco português. Avança agora com um quarto processo de venda depois de não ter conseguido vender ao grupo chinês KWG, à gestora espanhola Altarius Capital e aos brasileiros do Banco Master.
Não foi possível obter uma reação do BNI Europa até à publicação do artigo.
Regresso aos lucros seis anos depois
Depois de anos de prejuízos, o banco liderado por Vítor Barosa Carvalho regressou aos lucros no ano passado. Atingiu um resultado líquido de 400 mil euros, surpreendendo até os próprios responsáveis do banco, que projetavam que 2023 fosse ainda um ano com contas no vermelho.
Foi o primeiro resultado positivo desde 2017, impulsionado em grande medida pela escalada das taxas de juro. A margem financeira – que corresponde à diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos – praticamente duplicou dos 3,6 milhões de euros em 2022 para os 6,8 milhões em 2023.
Segundo o banco, o facto de os resultados “terem sido substancialmente superiores ao previsto” supriu a necessidade de o acionista ter de injetar dinheiro no ano passado para suportar o plano de negócios, como estava previsto.
Do mesmo modo, também já não antecipa que sejam necessários aumentos de capital este ano “por força da nova realidade financeira”, explica a instituição, que se viu confrontada a mudar o seu plano de negócios com o desfecho sem sucesso do negócio com o Banco Master.
O novo plano, aprovado em fevereiro, aponta agora para um crescimento da atividade e criação de novos negócios de forma “controlada” e “faseada”, entre outros pontos. O banco não deixa de notar que a estratégia deixou de assentar em “medidas de contenção e redução” para passar a assentar em “medidas de recuperação e crescimento” no sentido de se tornar “rentável e sustentável”. Ainda que ressalve que o plano possa ser revisto se encontrar um novo acionista.
Mais crédito, mais depósitos e mais trabalhadores
De alguma forma 2023 marcou já um ano de crescimento da atividade e negócio para o BNI Europa, com o volume de negócios a crescer 25% para 392,6 milhões de euros.
Os depósitos (recursos de clientes) registaram um incremento de 37% para 176 milhões de euros. Por sua vez, a carteira de crédito aumentou 34% para 124,4 milhões de euros, um aumento que o banco associa em parte à autorização da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para o exercício de atividade de serviços de investimento em julho do ano passado. O banco iniciou atividade na área de mercado de capitais e banca de investimento no ano passado.
Associado a isto, ao nível de pessoal, os quadros foram reforçados com 23 novos trabalhadores, com o banco a empregar agora 73 colaboradores – depois de ter cortado postos de trabalho nos últimos anos. Isto implicou um aumento dos custos com o pessoal na ordem dos 40%.
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