Bosch segura vendas acima de 2.000 milhões pelo segundo ano e chega aos 7.000 trabalhadores em Portugal

Multinacional alemã que empregava mais de 7.000 pessoas em Portugal admite que venda da fábrica de Ovar terá "impacto" no negócio local, mas antecipa "ligeiro crescimento" das vendas em 2024.

A Bosch fechou o exercício de 2023 com uma faturação de 2,1 mil milhões de euros em Portugal, o que representa um crescimento de 1,7% face ao ano anterior, com as vendas a superarem pelo segundo ano a barreira dos 2.000 milhões de euros.

As exportações representaram 97% das vendas geradas pela multinacional alemã no país, que anunciou no ano passado a venda do negócio que inclui a fábrica de Ovar com 1.200 trabalhadores, mas reiterou nessa altura o compromisso com as unidades industriais de Braga e de Aveiro. No final de 2023, o grupo germânico empregava mais de 7.000 pessoas em Portugal.

Olhando apenas para o mercado local, a Bosch registou vendas consolidadas de 383 milhões de euros, um aumento de 5,2% face aos números reportados em 2022. Estes dados foram divulgados esta quarta-feira em conferência de imprensa, no Porto, que contou com apresentações de Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal, e de Javier González Pareja, presidente da Bosch para Portugal e Espanha.

“Apesar de estarmos a viver um ambiente global desafiante e de alguma incerteza, 2023 foi um ano positivo para a Bosch em Portugal. Para este ano, estamos alinhados com as perspetivas gerais da Bosch e, por isso, as nossas previsões são moderadas, tendo em conta o atual cenário económico e também a transformação do negócio que a empresa está a realizar a nível global”, reconhece Javier González Pareja.

Com exportação para mais de 50 países em todo o mundo, a Bosch é uma das maiores exportadoras nacionais. Pesa cerca de 1,7% no total das vendas nacionais no exterior, traduzindo-se num impacto calculado pela empresa em cerca de 1% do PIB de Portugal.

“Apesar de um ambiente económico e social que se mantém exigente, as nossas expectativas para 2024 são de um ligeiro crescimento das vendas em todas as localizações em Portugal”, detalha Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal e diretor técnico da bracarense Bosch Car Multimedia, especializada em soluções de multimédia e sensores.

Fábrica 2030 - Portugal e a Reindustrialização Europeia - 24NOV20
Carlos Ribas, responsável da Bosch em PortugalHugo Amaral/ECO

Com fábricas em Braga, Aveiro e Ovar – negócio que está agora à venda – e ainda um centro de serviços em Lisboa, o grupo alemão estima continuar a crescer em volume de negócios e em número de colaboradores, empregando atualmente mais de 7.000 pessoas.

“Ao longo dos anos, temos vindo a assistir a um crescimento sustentado da Bosch em Portugal, que só possível graças à dedicação e ao profissionalismo dos nossos colaboradores. É nesse caminho que nos queremos manter, conscientes de que o futuro já está a trazer desafios para o negócio da Bosch”, afirma Carlos Ribas, citado em comunicado.

A Bosch em Braga está a receber algumas das novas tecnologias [para automóveis] e continuará a desempenhar um papel importante no futuro da mobilidade, tanto a nível de desenvolvimento como de produção.

Carlos Ribas

Representante da Bosch em Portugal

Em termos de áreas de negócio, o grupo definiu a mobilidade sustentável como uma das suas áreas de crescimento, com especial foco para a condução eletrificada e automatizada. Uma estratégia que implica uma nova organização no setor empresarial da mobilidade na empresa a nível global, com a “aposta em novas tecnologias e soluções e reforço de algumas tecnologias nas quais já [vinha] a trabalhar”.

“Esta transformação terá o seu impacto no portefólio de produtos e, consequentemente, no negócio da unidade em Braga”, explica o responsável em Portugal. “A Bosch está a focar os seus esforços de desenvolvimento e produção de tecnologias essenciais para as necessidades atuais e futuras dos veículos, que irão contribuir para uma mobilidade mais segura, confortável e sustentável. A Bosch em Braga está a receber algumas dessas tecnologias e continuará a desempenhar um papel importante no futuro da mobilidade, tanto a nível de desenvolvimento como de produção”, explica.

Quanto à área de negócios de Energia e Tecnologia de Edifícios, na qual estão inseridas as atividades das unidades de Aveiro e de Ovar, a empresa reconhece que as duas fábricas atravessam momentos diferentes no âmbito da estratégia global da Bosch.

Enquanto a fábrica de Aveiro vai receber um investimento de 100 milhões até 2026 para aumentar produção de bombas de calor, no caso de Ovar, “a empresa decidiu realinhar a sua divisão Building Technologies com a venda da maior parte do negócio de produtos desta divisão. Isso inclui as unidades de negócios de Vídeo, Acesso e Intrusão e Comunicação, que também irá afetar esta localização”.

“A Bosch Portugal está empenhada em reforçar as suas atividades noutras áreas estratégicas, como soluções de mobilidade e bombas de calor, e em atingir os seus objetivos de negócio, apesar da venda planeada e do impacto esperado no nosso volume de negócios local”, justifica Carlos Ribas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Bosch segura vendas acima de 2.000 milhões pelo segundo ano e chega aos 7.000 trabalhadores em Portugal

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião