China trava crescimento da procura mundial de petróleo em 2024

O abrandamento da economia chinesa levou a Agência Internacional de Energia a cortar em 7,2% o crescimento da procura mundial de crude para este ano e a antecipar uma estabilização da procura em 2025.

A Agência Internacional de Energia (AIE) cortou as suas previsões para o crescimento da procura mundial de petróleo em 2024, num sinal de que o mercado petrolífero poderá estar a caminhar para um excesso de oferta no próximo ano.

No último relatório mensal sobre o mercado petrolífero, divulgado esta quinta-feira, a AIE reduziu em 7,2% a sua previsão de crescimento da procura do ouro negro para este ano, dos anteriores 970 mil barris diários estimados no mês anterior para os atuais 900 mil barris diários. Para 2025, a agência manteve inalterada a sua previsão de um aumento de 950 mil barris diários.

A revisão em baixa deve-se sobretudo ao abrandamento económico na China, que tem sido o principal motor do crescimento da procura petrolífera nos últimos anos. A AIE prevê agora que a procura chinesa cresça apenas 180 mil barris por dia em 2024, um valor muito inferior ao registado em anos anteriores.

A recente desaceleração na China levou a que o seu consumo de petróleo tenha diminuído em termos homólogos pelo quarto mês consecutivo em julho, em 280 mil barris por dia”, refere o relatório da AIE.

Esta travagem do gigante asiático está a contribuir para uma rápida desaceleração do crescimento da procura global de petróleo nos últimos meses, tendência que a AIE acredita que irá continuar.

Com o aparente esgotamento do crescimento da procura de petróleo na China e apenas aumentos ou diminuições modestas na maioria dos outros países, as tendências atuais reforçam a nossa expectativa de que a procura global atingirá uma estabilização no final desta década.

Agência Internacional de Energia

Relatório mensal de setembro

O cenário traçado pela agência aponta para um possível excesso de oferta no mercado petrolífero em 2025, caso o grupo dos países da OPEP+ (que agrega os 13 grandes produtores de petróleo do mundo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais 10 outros países) avance com o seu plano de reverter os cortes de produção atualmente em vigor.

“Com o aparente esgotamento do crescimento da procura de petróleo na China e apenas aumentos ou diminuições modestas na maioria dos outros países, as tendências atuais reforçam a nossa expectativa de que a procura global atingirá uma estabilização no final desta década”, sublinha a AIE no relatório.

Este abrandamento estrutural da procura petrolífera deve-se a fatores como o aumento da eficiência energética, a eletrificação dos transportes e a transição para energias mais limpas em vários setores da economia.

Para já, a AIE mantém a sua previsão de que a procura mundial de petróleo atingirá os 103 milhões de barris por dia em 2024. Mas o ritmo de crescimento está claramente a abrandar face aos 2,3 milhões de barris diários registados em 2023.

Do lado da oferta, a agência prevê que a produção fora da OPEP+ aumente 1,5 milhões de barris por dia este ano e no próximo, enquanto a produção do cartel poderá cair 810 mil barris diários em 2024, caso os cortes voluntários se mantenham.

O relatório de setembro da AIE vem reforçar os sinais de que o mercado petrolífero poderá estar a caminhar para um novo equilíbrio nos próximos anos, com implicações potencialmente significativas para os preços do crude a médio prazo.

Este ano, o Brent, que serve de referência para o mercado europeu, acumula uma desvalorização de 7% em euros, estando atualmente a negociar no mercado abaixo dos 65 euros por barril (cerca de 71,5 dólares). Em 2022, o Brent encerrou o ano a cair 13%.

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