Um em cada dez trabalhadores em Portugal é pobre

Análise da Pordata indica que taxa de risco de pobreza teve uma ligeira subida, pela primeira vez em sete anos, e que "pobres estão mais pobres".

O desemprego é um dos principais riscos de pobreza em Portugal, mas mesmo os que têm emprego não garantem que a evitam. De acordo com uma análise da Pordata, divulgada esta quinta-feira, a proporção da população empregada que vive em situação de pobreza é de 10%. A um nível geral, a taxa de risco de pobreza teve uma ligeira subida, pela primeira vez em sete anos, fixando-se em 2022 em 17%.

As conclusões da Pordata, publicadas a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, indicam que, de acordo com o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR), em 2022, 1,9 milhões de pessoas em Portugal encontravam-se em risco de pobreza, ou seja, viviam com rendimentos inferiores a 591 euros mensais.

Haver um em cada dez indivíduos que apesar de ter emprego é pobre deve ser encarado, a par dos valores de outros indicadores, como um fator de preocupação“, assinala a Pordata, sobre a taxa de pobreza em trabalhadores empregados e que se tem mantido relativamente estável na última década.

Haver um em cada dez indivíduos que apesar de ter emprego é pobre, deve ser encarado, a par dos valores de outros indicadores, como um fator de preocupação

Pordata

Para os desempregados o risco agrava-se. A taxa de risco de pobreza após transferências sociais deste grupo subiu de 43,4% em 2021 para 46,7% em 2024, o maior aumento dos últimos dez anos à exceção da pandemia, e a dos idosos de 14,9% para 15,4%.

Num retrato geral, a taxa de risco de pobreza em Portugal registou uma ligeira subida em 2022, após descidas consecutivas desde a crise, passando de 16,4% em 2021 para 17%. O risco subiu mais entre crianças e jovens, situando-se em 20,7%. “É também este o grupo que evidencia maior vulnerabilidade, já que apresenta taxas de risco de pobreza superiores ao conjunto nacional (17%) e aos outros grupos etários (17,2%, entre as pessoas com 65 ou mais anos, e 16% entre os 18 e os 64 anos)”, refere.

“Pobres estão mais pobres”

Os dados coletados pela Pordata indicam ainda que “os pobres estão mais pobres“, já que a taxa da intensidade da pobreza — que mede se o rendimento monetário disponível mediano dos pobres se aproxima ou afasta do limiar de pobreza — registou em 2022 o maior aumento desde 2012, com uma subida de 3,9 pontos percentuais (pp.) face a 2021, para 25,6%.

Ou seja, “em Portugal, metade dos pobres tinham, em 2022, um rendimento monetário disponível 25,6% abaixo da linha de pobreza e esta profundidade aumentou face a 2021“.

Quase uma em cada três famílias monoparentais vive com menos de 591 euros por mês, já incluindo as transferências sociais recebidas. A Pordata destaca que foi neste grupo que se registou o maior aumento homólogo: 3,2 pp.

“São as famílias monoparentais com crianças e as pessoas que vivem sozinhas que apresentam maiores fragilidades”, refere.

No entanto, aponta também que em praticamente todos os diferentes agregados domésticos com crianças dependentes se registou um agravamento na taxa de pobreza na comparação anual.

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