Media

Família Soares dos Santos entra no capital do Observador

Carla Borges Ferreira,

A Recheio SGPS, liderada por Pedro Soares dos Santos, fica com uma participação de 4,99%. Luís Amaral, o principal acionista, desce dos 55% para os 49,95% e Carlos Moreira da Silva sobe para 5%.

A família Soares dos Santos vai entrar no capital do Observador, apurou o ECO/+M. A estreia no setor dos media do grupo liderado por Pedro Soares dos Santos, que será feita através da sociedade Recheio SGPS SA, foi confirmada pelo Observador. O novo acionista fica com uma participação de 4,99% e operação está inserida num aumento de capital da dona do Observador. O aumento de capital é de 2,4 milhões de euros, o maior desde a criação do título, e será feito a 1,2 euros por ação, representando um prémio de 20% face ao seu valor nominal.

Em simultâneo, Luís Amaral, que acompanhou o aumento de capital na proporção da sua participação, reduz dos anteriores 55% para 49,95%. Em sentido contrário, Carlos Moreira da Silva, que controla a BA Glass, aumenta a sua participação para 5%, tornando-se um dos acionistas de referência. O valor do capital social do Observador passou assim a ser de 12.369.260,17 euros.

A Recheio vai então juntar-se, na estrutura acionista da Observador On Time, a Luís Amaral (Amaral y Hijas Holding S.L. – 49,95%), António Carrapatoso (Orientempo, Investimentos e Consultoria, S.A. – 6,59%), Pedro de Almeida (Ardma SGPS, Lda. – 5,00%), Alexandre Relvas (Famav Investimentos, Lda. – 5,00%), Filipe de Botton (Lusofinança, Sociedade Serviços Financeiros, Lda. 5,00%), Carlos Moreira da Silva (Teak Capital, S.A.- 5,00%), João Talone (Ribacapital, SGPS, Lda. – 3,71%), Pedro Martinho (3,33%), António Champalimaud (Holdac, SGPS, S.A. – 3,10%), João Fonseca (Atrium Capital, S.A.- 2,52%), António Viana-Baptista (1,52%), Duarte Schmidt Lino (1,04%), José Manuel Fernandes (0,98%), Rui Ramos (0,98%), João de Castello Branco (0,54%), Rudolf Gruner (0,23%), Jorge Bleck (0,21%), Filipe Simões de Almeida (0,18%), Duarte Vasconcelos (0,08%) António Pinto Leite (0,05%). Estas participações refletem já o aumento de capital.

Este aumento de capital permitirá ao Observador reforçar os seus recursos e as suas capacidades, e continuar a crescer significativamente, com sustentabilidade económica e financeira. O Observador e toda a sua equipa ficam assim ainda mais preparados para cumprirem a missão a que se propuseram, com os esperados benefícios para os seus leitores e ouvintes e para todos os cidadãos e país em geral, comenta António Carrapatoso, presidente do conselho de administração executivo do Observador. “Este aumento de capital representa mais uma confirmação da confiança que os nossos acionistas depositam na direção e redação do nosso jornal e rádio“, acrescenta José Manuel Fernandes, administrador e publisher do Observador.

Este será o segundo aumento de capital da Observador On Time este ano. Em março foi registado um aumento de cerca de 860 mil euros, o que coloca o capital social da empresa nos 9,9 milhões de euros. Em 2023, foram duas as operações para reforçar o capital da empresa. A última, no montante de 1,1 milhões de euros foi e setembro. Já em março desse ano, foi registada a entrada de um milhão de euros, uma operação que terá acontecido três meses antes.

Rudolf Gruner explicava na altura que a empresa ficava assim com um capital social na casa dos oito milhões de euros, aos quais acrescia dois milhões em prestações acessórias. Começámos com 3 milhões em 2014, vamos nos 10 milhões. Quase todos os anos temos vindo a fazer pequenos aumentos de capital para financiar a atividade e permitir o crescimento do projeto”, prosseguia Gruner, lembrando que o Observador foi lançado com 40 pessoas e em 2023 eram mais de 140″.

Este aumento de capital destinava-se ao reforço do investimento na rádio e no áudio – o que não é necessariamente a mesma coisa – e também em novos segmentos, como a secção Mental, sobre saúde mental.

Na rádio, o objetivo era reforçar a cobertura da estação. A Rádio Observador tinha duas frequências em Lisboa/Centro e duas no Porto/Norte, “mas não é suficiente”, dizia o responsável, que contava alargar o alcance do FM ainda em 2023.

Entretanto, já este ano, as cidades de Alcobaça, Caldas da Rainha, Leiria, Marinha Grande, Peniche e Pombal passaram a ter acesso à Rádio Observador em FM. “É uma faixa importante do território que a rádio ambicionava pela sua densidade populacional e pela vitalidade destas cidades do centro litoral do país“, dizia o Observador, que alcança assim, em 94.0 FM, um público potencial de 467 mil pessoas do distrito de Leiria.

A chegada a Leiria deu-se através de um acordo de associação à com a EDR – Empresa de Difusão de Rádio, dona da Rádio 94 FM, que passa assim de generalista a temática, dando origem à Rádio Observador Leiria. A EDR junta-se então à Rádio Baía (Seixal), RFA (Vila do Conde), Baobad (Aveiro), Rádio Mais (Lisboa), Rádio Maior (Santarém), que já transmitiam em associação à Rádio Observador.

É uma frequência muito importante. Permite finalmente fechar o eixo Lisboa-Porto, já é possível percorrer a A1 e A8 sempre a ouvir, em FM, a Rádio Observador”, comenta com o +M Rudolf Gruner.

O objetivo é continuar a crescer. “Vamos continuar a expandir a cobertura, enquanto fizer sentido”, garante Gruner. “Um dia, a esmagadora maioria das pessoas ouvirá rádio no telemóvel, no digital, e o FM já não será tão relevante. Mas, neste momento, ainda é“, acrescenta. Assim, avançava, “continuaremos à procura de novas oportunidades”.

Com este acordo, o sexto, ficou completo o número máximo de transmissão em associação previsto na Lei da Rádio. Restam, para continuar a aumentar o alcance territorial, as parcerias com estações locais, mas aí com a obrigatoriedade de oito horas de emissão local, lembra o responsável. Entretanto, já este ano, a Observador On Time, comprou a Emissora das Beiras, no concelho de Tondela, que passou a emitir a rádio de informação em setembro, na altura dos incêndios.

Para além da expansão do negócio, os aumentos de capital, têm servido também para ajudar a financiar a operação. “Pé ante pé vamos crescendo, mas nunca chegamos ao break even”, referia em 2023 o responsável. O melhor ano, em termos de EBITDA foi 2021, período no qual registaram um resultado negativo de cerca de 200 mil euros, recorda. Atingir o break even “é um objetivo importante”. “A nossa perspetiva de negócio não é estar sempre dependente do acionista para a atividade. Para o crescimento do negócio é outra coisa”, acrescenta.

Em, 2023, de acordo com o Portal da Transparência, a dona do Observador registou resultados negativos de 1,2 milhões de euros e em 2022 de 876 mil euros.

 

(notícia atualizada às 18h45)

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