Salário médio líquido dispara 10% para 1.151 euros. Veja as profissões com maiores aumentos
Trabalhadores dependentes ganham mais 104 euros face há um ano, mas a valorização real, descontando o efeito da inflação, foi menor: 82 euros ou 7,8%. Militares e agricultores com os maiores aumentos.
O salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem disparou 9,9% para 1.151 euros, no terceiro trimestre de 2024, o que significa mais 104 euros na conta bancária, em comparação com o ordenado de há um ano, que estava nos 1.047 euros, segundo os cálculos do ECO com base nos novos dados publicados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), juntamente com as estatísticas do emprego relativas ao período entre julho e setembro.
Em termos reais, já descontando o impacto da inflação, registada em setembro, de 2,1%, o crescimento foi menor, mas ainda significativo, de 7,8% ou de 82 euros. Isto significa que 22 euros do aumento nominal de 104 euros foi “comido” pela subida, ainda que mais branda, dos preços.
O rendimento médio mensal líquido da população empregada por conta de outrem, já depois da retenção na fonte em sede de IRS e das contribuições sociais, tem estado a crescer consecutivamente desde o início do ano, em termos homólogos. No primeiro trimestre, o ordenado médio líquido cresceu 6,3% e, no segundo, registou-se uma evolução positiva de 8,9%.
Na variação em cadeia, isto é, do segundo para o terceiro trimestre, o aumento do salário médio líquido foi mais modesto, de 1,23% ou de 14 euros em comparação com o ordenado de 1.137 euros que o INE calculou para o segundo trimestre.
Maiores aumentos para Forças Armadas, agricultores e administrativos
Analisando a variação das remunerações médias líquidas por grupos de profissões, o INE mostra que, no terceiro trimestre do ano, a classe das Forças Armadas continua a beneficiar do maior incremento salarial. A folha de vencimento destes profissionais subiu de 1.322 euros para 1.589 euros, um aumento de 267 euros, o que corresponde a um crescimento homólogo de 20,20%.
No ranking dos maiores aumentos, surge, em segundo lugar, o grupo dos agricultores e pescadores. Estes trabalhadores auferiam, em média, 825 euros, no terceiro trimestre, o que traduz um crescimento de 11,79% ou de 87 euros face ao salário de 738 euros que ganhavam no mesmo período do ano passado.
A completar o pódio das maiores subidas no salário médio líquido está o pessoal administrativo, que teve um incremento salarial de 10,16% ou de 91 euros, o que elevou o ordenado de 896 para 987 euros.
Em sentido oposto, entre os grupos profissionais com aumentos salariais menos significativos, em termos homólogos, e que ficaram abaixo do aumento médio (9,9%), estão os representantes do poder legislativo e gestores de topo, os trabalhadores da montagem e os funcionários não qualificados.
Entre julho e setembro, o vencimento dos representantes do poder legislativo e de órgãos executivos, dirigentes, diretores e gestores executivos atingiu os 1.871 euros, uma subida de 4,23% ou de 76 euros face ao ordenado do ano passado, de 1.795 euros.
Na lista dos menores aumentos, seguem-se os trabalhadores da montagem, cujo ordenado médio líquido deu um salto de 6,10% ou de 57 euros, evoluindo de 935 para 992 euros. Os trabalhadores não qualificados beneficiaram de um aumento de 6,97% ou de 46 euros, o que elevou o ordenado médio líquido de 660 para 706 euros.
Gestores de topo e agricultores com perda salarial na variação em cadeia
Na variação em cadeia, os agricultores e os gestores de topo sofreram uma redução no rendimento mensal líquido, o que pode ser explicado eventualmente por efeitos sazonais, uma vez que o terceiro trimestre engloba os meses de férias do verão, designadamente agosto.
No caso dos agricultores, pescadores e trabalhadores da floresta, verificou-se uma redução na remuneração média mensal líquida de 3,28% ou de 28 euros, o que fez o ordenado cair de 853 para 825 euros, entre o segundo e o terceiro trimestres do ano. De salientar que o trabalho deste grupo profissional é muito sazonal. Em relação à agricultura, especificamente, as vindimas costumam decorrer normalmente entre a segunda quinzena de setembro e as primeiras duas semanas de outubro, ou seja, já fora da análise do INE para o terceiro trimestre (de agosto a setembro), o que pode ser uma justificação.
Em relação aos gestores de topo, registou-se uma perda salarial de 0,95% ou de 18 euros: o rendimento mensal líquido regrediu de 1.889 euros para 1.871 euros, do segundo para o terceiro trimestres de 2024. Neste grupo, estão os representantes do poder legislativo, onde se incluem os deputados que vão de férias parlamentares entre o final de julho e início de setembro.
Ainda que aufiram uma compensação equivalente ao subsídio de férias, deixam de receber as ajudas de custo diárias, porque não participam nos trabalhos da Assembleia da República, já que esta se encontra encerrada naquele período, o que poderá explica esta variação negativa em cadeia. Só no ano passado, o Parlamento pagou, em média, 2.420 euros mensais, isentos de IRS, em ajudas de custo, as quais acrescem ao salário bruto de 3.892,14 euros, tal como o ECO noticiou.
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