Economia “forte” leva Moody’s a melhorar ratings de sete bancos portugueses

A agência justificou as subidas com um perfil mais forte 'macro' de Portugal e a evolução do desempenho e dos fundamentais de vários bancos. BCP e Novobanco sobem para 'baa3' e CGD para 'a3'.

A Moody’s subiu esta terça-feira as notações que atribui a sete bancos portugueses, explicando os upgrades com a melhoria das condições operacionais em Portugal, que conduziram a uma subida do perfil macroeconómico do país de “Forte-” para “Forte”, bem como pela continuação dos progressos no desempenho e nos fundamentais de vários bancos.

“As condições operacionais melhoraram em resultado do crescimento económico estável de Portugal, com um crescimento real do PIB previsto de 1,8% para 2024 e 1,9% para 2025, muito acima da média europeia”, referiu.

A agência recordou que as condições de crédito em Portugal também melhoraram significativamente nos últimos anos, com uma diminuição significativa da alavancagem do setor privado (embora permaneça relativamente elevada), reforçando a capacidade de empréstimo dos bancos à economia real.

A agência vincou que o crédito malparado (NPL) diminuiu para 2,9% dos empréstimos brutos em junho de 2024, contra 3,5% um ano antes, ligeiramente acima da média da União Europeia de 2,2%.

“Além disso, a qualidade de crédito dos bancos portugueses é apoiada por boas condições gerais de financiamento, em grande parte devido a uma base estável de depósitos de clientes que cobre a maior parte das necessidades de financiamento dos bancos, e por fortes indicadores de liquidez, não obstante o reembolso de empréstimos ao abrigo das operações de refinanciamento de prazo alargado direcionadas do Banco Central Europeu (ORPA direcionadas)”, sublinhou.

A Moody’s adiantou que o upgrade do Baseline Credit Assessment (BCA) da Caixa Geral de Depósitos de ‘baa1’ para ‘a3’ reflete a melhoria da qualidade de crédito do banco num contexto de condições operacionais mais fortes para os bancos portugueses. “O BCA da CGD reflete o sólido perfil de risco de crédito do banco, nomeadamente o forte desempenho da qualidade dos ativos e os excelentes níveis de cobertura (169% no final de junho de 2024, face a 134% no ano anterior) e os rácios de capital muito elevados (rácio de fundos próprios tangíveis (TCE) em relação aos ativos ponderados pelo risco de 19,6% no final de junho de 2024)”.

A agência coloca agora o BCP BCP 2,95% e o Novobanco em ‘baa3’, com ambas as notações a subirem de ‘ba1’.

Em relação ao banco liderado por Miguel Maya, a Moody’s teve em consideração “o reforço da qualidade de crédito do banco, em particular a melhoria dos seus indicadores de risco dos ativos em resultado de uma estratégia bem-sucedida de derisking implementada em Portugal nos últimos anos, os seus níveis de capital mais elevados ” e a melhoria, embora ainda modesta, da rendibilidade dos resultados do grupo, que continuará a ser pressionada durante o período de perspetivas por provisões legais consideráveis associadas à carteira de hipotecas em francos suíços da filial polaca.

A subida da notação do Novobanco, cuja venda ou colocação em bolsa pelo fundo norte-americano deverá ocorrer em 2025, reflete a melhoria contínua da fiabilidade creditícia do banco no contexto de condições de funcionamento mais favoráveis para os bancos portugueses, segundo a Moody’s. “O perfil de crédito do Novo Banco melhorou significativamente nos últimos anos, em resultado da conclusão com êxito de um plano de reestruturação acordado com a Comissão Europeia”.

A Moody’s explicou as subida do ratings do Banco Santander Totta e do BPI para ‘baa1’ de ‘baa2’, com as melhorias dos perfis de crédito dos grupos no contexto de um ambiente operacional mais forte para os bancos portugueses.

A agência subiu ainda a notação da Caixa Central do Crédito Agrícola de ‘baa3’ para ‘baa2’ e a do Banco Montepio de ‘ba2’ para ‘ba1’.

BCP, Novobanco e Montepio podem subir mais

A perspetiva positiva para os ratings de depósitos de longo prazo do BCP, Novo Banco e Banco Montepio e para os ratings da dívida sénior sem garantia do Novo Banco e do Banco Montepio refletem a opinião da que os BCA e os ratings de longo prazo destes bancos “poderão ser melhorados se as melhorias nos perfis de crédito dos bancos se mantiverem nos próximos 12 a 18 meses, em particular a melhoria das métricas de risco dos ativos, níveis de capital mais fortes e maior rendibilidade recorrente”.

No caso do BCP, as notações dos depósitos a longo prazo do banco só seriam melhoradas se os ventos contrários enfrentados pela sua filial polaca Bank Millennium se mantivessem contidos”, alertou, no entanto.

A Moody’s conclui que o outlook estável para os ratings de depósitos de longo prazo e de dívida sénior não garantida da CGD, Santander Totta, BPI e Caixa Central (quando aplicável) “reflete a opinião de que o desempenho esperado dos fundamentais financeiros do banco nos próximos 12-18 meses já está refletido nos ratings atuais“.

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