CEO da Direct Line disputa confiança dos acionistas com ex-chefe
Ex-Aviva lidera Direct Line e está confiante que a seguradora pode gerar mais valores para os investidores sozinha. Moody considera que aquisição beneficiaria rating de ambos os grupos.
O CEO da Direct Line, Adam Winslow, está determinado a manter a empresa independente, tendo rejeitado a oferta de aquisição total de 3,98 mil milhões de euros da Aviva, liderada por Amanda Blanc. Segundo avançou o Insurance Business, Winslow, que assumiu a liderança em março, está no início de um ambicioso plano de recuperação e acredita que a empresa pode, sozinha, gerar mais valor para os acionistas. O dirigente assinala que a companhia está a começar a transformação e já vê “progressos” enquanto procura o apoio dos investidores para resistir à aquisição.
A Aviva, uma das maiores concorrentes da Direct Line, ofereceu 250 pence (2,99 euros) por ação. No entanto, o conselho da Direct Line rejeitou a proposta, classificando-a como “altamente oportunista” e aquém do valor real da empresa.
Winslow argumenta que o plano de recuperação da Direct Line está a ganhar força. Entre as medidas implementadas estão cortes de custos que devem chegar a 121 milhões de euros até 2025, parte com a redução de 550 empregos, e a introdução da marca Direct Line em plataformas de comparação de preços. O CEO também liderou uma reestruturação na equipa executiva, trazendo dois altos nomes diretamente da Aviva.
Por sua vez, Blanc tem adotado uma abordagem ativa para conquistar o apoio dos acionistas da Direct Line. Fontes próximas indicam que a CEO da Aviva está em contacto direto com os acionistas, promovendo uma “charm offensive” para persuadi-los a dialogar com a gestão de Winslow e “fazê-los negociar”.
“Respeito Amanda Blanc. Ela está a fazer o trabalho dela, mas eu também estou focado no meu,” disse Winslow em resposta à investida. Winslow permanece confiante no potencial da Direct Line como uma empresa independente. “Somos uma grande empresa com marcas fortes e uma grande oportunidade de criar valor para os acionistas” afirmou.
Enquanto desenrolam estratégias, os investidores observam atentamente. Alguns esperam que a Aviva aumente sua oferta para cerca de 270 pence (3,2 euros) por ação, o que poderia mudar o cenário e atrair mais apoio à proposta de aquisição.
Desde o anúncio da oferta da Aviva, as ações da Direct Line subiram reduzindo a diferença para a proposta inicial. Essa valorização indica que o mercado está dividido sobre o futuro da empresa, aumentando a pressão sobre Winslow para entregar resultados concretos.
Com o prazo de até 25 de dezembro para a Aviva formalizar ou retirar sua proposta, o destino da Direct Line está em jogo. A decisão final refletirá não apenas os números, mas também a confiança dos acionistas na liderança de Winslow ou na visão estratégica de Blanc.
A Direct Line tem o capital disperso, com predominância de gestoras de fundos e com a Fidelity com 6,3% a ser o maior acionista e o Norges Bank o 10º maior com 4,3%. Esta segunda feira as ações fecharam nos 280 euros, valorizando a empresa em bolsa nos 3,68 mil milhões de euros. Para 2024 é esperado um volume de negócios de 3,2 mil milhões de euros e resultados líquidos de 165 milhões, o que corresponde a 7,6% de retorno de capitais próprios.
Moody acredita que aquisição impulsionaria ratings dos dois grupos
Por sua vez, os analistas da Moody Ratings sugerem que a aquisição da Direct Line pela Aviva poderia trazer benefícios em termos de crédito para ambas as empresas, cita o jornal Reinsurance News.
A agência de notação financeira salienta que a aquisição da Direct line iria acelerar a estratégia da Aviva de mudar a sua combinação de negócios para produtos de capital leve, reforçando assim a sua rendibilidade dos capitais próprios.
“As marcas de alto perfil da Diret Line e a sua boa posição no mercado também reforçariam o já forte franchise britânico da Aviva, embora a sua dependência do Reino Unido aumentasse”, explicaram os analistas da Moody’s.
Ainda que os analistas considerem a aquisição “inerentemente arriscada” pela sua envergadura e que reduz o excedente de capital disponível da Aviva, acreditam que o grupo teria, a médio prazo, “perspetivas de geração de capital mais fortes”.
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