Glovo passa a contratar “riders” para garantir paz social

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

O diretor-geral da Glovo assegurou em Tribunal que a empresa decidiu contratar os seus motoristas de entregas para evitar discussões com a Justiça e com a Inspeção do Trabalho.

O diretor-geral da Glovo assegurou esta terça-feira em Tribunal que a empresa decidiu contratar os seus motoristas de entregas para evitar discussões com a Justiça e com a Inspeção do Trabalho, apesar de considerar que o modelo atual é legal.

O CEO da Glovo, Oscar Pierre, prestou declarações durante menos de meia hora perante a juíza de Barcelona que investiga a queixa que o Ministério Público apresentou contra si por empregar falsos trabalhadores independentes, um dia depois de a Glovo ter anunciado que vai mudar o seu modelo laboral e que passa a contratar os seus motoristas de entregas, segundo fontes judiciais.

A perguntas do seu advogado, Cristóbal Martell, o arguido insistiu que o anúncio da mudança do modelo laboral da Glovo é uma “coincidência” e justificou que procura “paz social” e evitar conflitos com a Inspeção do Trabalho e os tribunais, após as múltiplas sanções por empregar os “riders” como falsos trabalhadores independentes.

O fundador da Glovo explicou que o compromisso de mudar o modelo foi acordado em reunião de direção da empresa para evitar mais litígios com a Inspeção do Trabalho e os tribunais, apesar de estarem convencidos da legalidade do atual sistema de contratação.

A juíza titular do 31.º Tribunal de Instrução de Barcelona está a investigar Oscar Pierre na sequência de uma queixa apresentada pela Procuradoria de Crimes Económicos contra o CEO da Glovo por ofensa aos direitos dos trabalhadores, por manter os seus motoristas de entregas como trabalhadores independentes, apesar das decisões do Supremo Tribunal e de numerosos tribunais em toda a Espanha que estabelecem que os “riders” são empregados por conta de outrem.

Pierre argumentou perante a juíza que a Glovo tem vindo a modificar o modelo de contratação de motoristas de entregas para o adaptar às decisões judiciais e laborais, bem como à regulamentação em vigor e que, nesta matéria, a empresa tem estado em contacto permanente com a Inspeção do Trabalho.

Por esta razão, defendeu que o atual sistema de condutores de entregas independentes é legal, embora o conselho de administração tenha decidido modificá-lo para garantir a “paz social”.

O patrão da Glovo não detalhou como será implementado o novo modelo de contratação de motoristas de entregas, nem abordou a forma como os ‘riders’ receberam o anúncio, embora uma das suas linhas de defesa neste caso seja a de que é do interesse dos trabalhadores continuarem a trabalhar por conta própria.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, a Glovo, propriedade do grupo alemão Delivery Hero, assegurou que tinha dado este passo “no âmbito do seu firme compromisso com Espanha, o seu país de origem e principal mercado”, e que abrirá um diálogo com os parceiros sociais para orientar a mudança de modelo.

Oscar Pierre (Barcelona, 1992) é considerado uma referência no mundo dos “empreendedores” pela criação da Glovo, mas os seus detratores censuram-no por ter fundado a sua empresa com base numa mão-de-obra de entregas que lhe valeu múltiplas sanções.

Sindicatos e grupos que representam os chamados “riders” denunciam que é prática comum alugar as contas dos motoristas de entregas a imigrantes sem documentos, que tentam ganhar dinheiro entregando comida ao domicílio de bicicleta, mota, trotineta elétrica ou mesmo a pé.

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