Digi “ainda não é uma alternativa” às três grandes operadoras, diz líder da Anacom

Líder da Anacom diz que a nova empresa de telecomunicações tem serviço limitado, pelo que não "consegue competir com o mesmo nível" com Meo, Nos e Vodafone. "Queremos é que se chegue lá", acrescenta.

A presidente da Anacom disse esta sexta-feira que a oferta da Digi, que se estreou no mercado português no início de novembro, “ainda” não representa “uma alternativa” aos pacotes das três grandes operadoras, Meo, Nos e Vodafone.

“Acho que ainda não temos uma alternativa ao que os operadores oferecem nos seus produtos raiz, nos pacotes. Ainda não temos aí uma alternativa que consiga competir com o mesmo nível com esses três operadores. Queremos é que se chegue lá”, disse Sandra Maximiano, num encontro com jornalistas.

A empresa de origem romena começou a operar em Portugal no dia 5 de novembro, mas com um nível de serviço mais limitado do que o das empresas incumbentes. Um dos principais problemas é a cobertura, numa altura em que está a construir as suas próprias redes de fibra e 5G, apesar de já estar a pressionar a concorrência a descer os preços.

A ausência de rede nos túneis do metro de Lisboa tem sido um dos aspetos mais ilustrativos dessas limitações, depois de responsáveis da Digi terem denunciado o que entendem ser “barreiras” para dificultar a sua expansão no país. Mas a Anacom tem tido alguma intervenção para sanar o problema.

Sandra Maximiano explicou esta sexta-feira que as operadoras têm um contrato com o metro de Lisboa que as obriga a partilharem rede, mas não define nenhum prazo em que isso tem de ocorrer. Atualmente, as operadoras estão a pedir 24 meses para darem acesso à Digi, prazo que a líder da autoridade das comunicações considera ser “muito tempo”.

Nesse sentido, o regulador teve esta semana uma reunião com o metropolitano e pediu que fosse realizado “algum estudo que permita perceber se os prazos que os operadores estão a dizer são tecnicamente razoáveis ou não”. “Cabe a quem gere o contrato perceber isso”, defendeu a presidente da Anacom.

Ainda assim, a responsável reconheceu que “não é falso o que os operadores dizem”, até porque o problema já terá sido resolvido na linha vermelha: “Na linha vermelha foi mais viável, porque é uma linha mais recente”, afirmou, salientando que já existe rede da Digi em “algumas estações”.

Quanto a outras “barreiras” denunciadas pelos responsáveis da Digi, nomeadamente ao nível dos municípios e centros comerciais, Sandra Maximano garantiu que “muitos desses passos estão resolvidos”. “O metro é realmente uma infraestrutura diferente. Estamos em constante contacto”, reiterou.

A presidente da Anacom disse ainda ter a informação de que a Digi e a Impresa já terão chegado a um acordo para incluir os canais do universo SIC na grelha de televisão da empresa romena. A empresa estreou o seu serviço de televisão com os canais da RTP e da TVI, incluindo a CNN, mas sem a SIC nem a SIC Notícias.

Neste contexto, e apesar das melhorias, a Digi “ainda não é um operador totalmente alternativo”, mas sim um “segundo operador” para as famílias. Questionada se tal significa que a empresa não fez uma boa entrada no mercado nacional, Sandra Maximiano afastou essa ideia, dizendo: “Foi a única estratégia possível para conseguirem ter uma grande adesão agora. Mas isso já aconteceu noutros mercados, em que eles entraram assim.”

Além disso, “as pessoas estão cansadas, mas também estão com medo de arriscar”, disse a presidente da Anacom, que advertiu, contudo, para a necessidade de se garantir que “não existam dois países e duas realidades”. “Podemos ter aqui, nas zonas urbanas, acesso até a outros produtos, outros serviços, com preços mais baratos, e depois em outras localidades isso ainda não acontecer, e acabarmos por criar essa discrepância”, afirmou.

(Notícia atualizada pela última vez às 17h33)

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