Ministério Público deve recorrer sempre à PJ para investigar, diz PGR

Só por razões excecionais, devidamente justificadas e fundamentadas no inquérito, pode ser atribuída a coadjuvação a outro OPC que não a PJ, como a Autoridade Tributária ou a PSP.

“É fundamental criar canais de boa comunicação entre os órgãos de Polícia criminal e o Ministério Público (MP). Considero ser da maior importância o estabelecimento de canais de comunicação direta e regular, para melhor acompanhamento do andamento dos processos“. Para isso, o novo Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, defende que serão realizadas reuniões de trabalho entre o MP e a Polícia Judiciária (PJ), de forma a concretizar e definir a estratégia da investigação, “necessária para a eficácia e celeridade das investigações”.

Amadeu Guerra falava na cerimónia de inauguração do novo laboratório pericial, que contou com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice e do diretor nacional da PJ, a que se juntou a comemoração do 79º aniversário da PJ. O líder da investigação criminal sublinhou ainda a importância de “definir, desde cedo, o objeto de cada investigação, delimitar e separar os factos que possam ser investigados à parte, de modo reduzir os prazos de investigação, instrução e julgamento”, disse Amadeu Guerra.

Mas o recém empossado líder hierárquico do MP, deixou o aviso: o Ministério Público deve observar as disposições legais relativas às competências dos vários órgãos de Polícia criminal. Só por razões excecionais, devidamente justificadas e fundamentadas no inquérito, pode ser atribuída a coadjuvação a outro OPC. Ou seja: os procuradores do MP não devem voltar a pedir apenas à Autoridade Tributária ou à PSP que investigue casos, como aconteceu na Operação Influencer ou na Operação Picoas, reforçando que a PJ é o órgão de polícia criminal que o deve fazer.

“A Polícia Judiciária coadjuva o MP em inquéritos cuja investigação perdura por tempo considerável. Precisamos de estabelecer regras que permitam à PJ a realização célere das que possibilitem ao MP a emissão de despacho final, com a máxima brevidade”, concluiu.

O diretor nacional da PJ destacou um percurso de modernização e aumento de recursos desta polícia, e um trabalho colaborativo com outros órgãos de polícia criminal (OPC) e forças de segurança.

A atividade pericial da PJ é, em mais de 50%, efetuada a pedido de outros OPC e autoridades judiciárias” e a PJ mantém “um sistema de interceções telefónicas, ao qual afetámos cerca de três milhões de euros”, afirmou Luís Neves. Segundo adiantou a ex-Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, numa audição parlamentar em setembro, em 2023 foram feitas cerca de 11 mil escutas telefónicas.

Luís Neves sublinhou que desde 2018 e até 2025 a PJ terá triplicado o número de peritos na área tecnológica e informática, uma “área crítica”, cuja falta de meios era “em parte o grande obstáculo ao desenvolvimento célere das investigações mais complexas”.

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Trabalhadores podem descontar mais IRS mas precisam de avisar a empresa

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

Entendimento consta de uma resposta da Autoridade Tributária a um pedido de um contribuinte que quis saber se nos meses de setembro e outubro lhe era possível optar por uma taxa de retenção superior.

Os trabalhadores por conta de outrem e pensionistas que queiram descontar mais IRS, do que o previsto nas tabelas de retenção na fonte para os meses de setembro e outubro, podem fazê-lo entregando à empresa um pedido nesse sentido.

Este entendimento consta de uma resposta da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) a um pedido de informação vinculativa de um contribuinte que quis saber se nos meses de setembro e outubro lhe era possível optar por uma taxa de retenção superior à que lhe corresponde pela tabelas do IRS, através da apresentação de uma declaração à entidade patronal, devidamente preenchida e assinada.

O código do IRS contempla uma norma que permite ao trabalhador dizer à empresa ou a entidade que lhe paga o salário quer pretende optar pela retenção na fonte pela taxa imediatamente superior à que corresponde ao seu salário bruto e tendo em conta o seu perfil familiar (com ou sem dependentes, casado ou unido de facto com alguém que trabalha ou está desempregado).

Uma solução que permite, por exemplo, acautelar situações de pagamento de imposto a seguir à entrega da declaração anual para quem tenha outras tipologias de rendimentos ou apontar para um reembolso maior. Esta opção pode também ser exercida nos meses de setembro e outubro, em que vigoram tabelas de retenção excecionalmente reduzidas, com a AT a referir que no caso concreto, “o sujeito passivo pode optar pela retenção superior (à taxa inteira) à que lhe seria aplicável, tendo como limite máximo o determinado na tabela correspondente à sua situação familiar”.

Para este afeito, refere a AT que tem de apresentar uma “declaração com esse pedido à entidade pagadora dos rendimentos”. A resposta do fisco assinala, contudo, que o Código do IRS também impõe ‘balizas’ a esta opção, lembrando ao contribuinte em causa que apenas lhe é possível alterar o valor da taxa marginal máxima, “mantendo-se inalterada a parcela a abater e a parcela a abater por número de dependentes, se aplicável”.

Ou seja, o contribuinte pode optar por descontar pelo patamar de taxa imediatamente acima do que lhe corresponderia, mas a parcela a abater é a que é atribuída à sua taxa de retenção ‘natural’. Exemplificando. Uma pessoa, sem dependentes, com um salário bruto de 1.950 euros terá este mês de outubro (e no de setembro foi igual) uma taxa de retenção de 3,75%, a que pode depois abater 44,07 euros, pagando de imposto 29,06 euros.

Querendo optar pela taxa marginal máxima do escalão seguinte, irá reter 8,0% (em vez de 3,75%), mas poderá apenas abater 44,07 euros. Na prática, isto significa que este salário de 1.950 euros pagará de imposto 111,93 euros. O Governo fez publicar novas tabelas de retenção na fonte para acomodar o efeito de um conjunto de alterações ao IRS aprovadas pelo parlamento, nomeadamente, a redução de taxas até ao 6.º escalão de rendimentos ou a atualização da dedução específica.

De forma a compensar as pessoas pelo imposto retido a mais entre janeiro e agosto, foram criadas tabelas específicas para os meses de setembro e outubro, com taxas mais reduzidas (sendo mesmo de 0% nos patamares mais baixos de rendimento) e outras para serem aplicadas em novembro e dezembro – que resultam num valor de retenção também mais baixo do que o registado até agosto.

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Bruxelas muda fundos europeus para apoiar Portugal a mitigar impacto dos fogos

Alterações aplicam-se a todos os Estados-membros afetados por catástrofes naturais e o montante a mobilizar vai depender do levantamento dos custos feitos por cada país.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou esta segunda-feira que propôs alterações a três regulamentos da União Europeia para que os fundos europeus possam ser rapidamente mobilizados para apoiar a recuperação pós-catástrofe. Estas propostas são a resposta direta aos incêndios florestais que assolaram Portugal em setembro e que vão permitir que 10% dos fundos de Coesão possam ser usados nessa resposta, ou seja, cerca 500 milhões de euros.

Durante uma visita à Polónia, von der Leyen, explicou que as alterações serão feitas aos regulamentos que regem o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder) e o Fundo Social Europeu Mais (FSE+), para o período de programação de 2021-2027, mas também o regulamento do Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (Feader) no âmbito do quadro para 2014-2022.

O “diálogo com a presidente da Comissão Europeia desembocou na decisão da Comissão permitir que Portugal possa aceder a 500 milhões de euros dos fundos de coesão (…) e possa cobrir os prejuízos que teve com uma taxa de comparticipação que, excecionalmente, pode ser mesmo de 100%, relativamente às várias das circunstância que são necessárias para as pessoas retomem a normalidade das suas vidas”, disse Luís Montenegro a 23 de setembro.

As alterações propostas visam dar maior flexibilidade aos Estados-membros para utilizar parte dos fundos para reparar infraestruturas e equipamentos danificados, fornecer alimentos e assistência material básica e apoio social e de saúde, e apoiar temporariamente o financiamento de regimes de tempo de trabalho reduzido.

Serão introduzidas duas novas medidas no âmbito do Feder e do FSE+: um pré-financiamento adicional de 30% que permitirá uma injeção imediata de liquidez para aliviar a pressão orçamental sobre os Estados-membros afetados e o financiamento até 100% das medidas apoiadas, sem necessidade de cofinanciamento nacional para iniciar o trabalho de reconstrução.

Já ao nível dos fundos, na proposta de alteração dos Fundos de Desenvolvimento Rural (quadro jurídico do Feader 2014-2022) os Estados-membros terão mais flexibilidade para apoiar os agricultores, os proprietários florestais e as empresas afetadas por catástrofes naturais. Sendo que o apoio financeiro será 100% coberto por fundos da UE, sob a forma de montantes fixos. Além disso, os países terão mais flexibilidade para introduzir e reforçar medidas destinadas a restaurar o potencial de produção das explorações agrícolas e florestas afetadas.

“A proposta seguirá os trâmites do processo legislativo ordinário no Parlamento Europeu e no Conselho da União Europeia”, explica a Comissão em comunicado. “Logo que tenha sido adotada, os Estados-membros que pretendam utilizar as novas flexibilidades em consonância com o princípio da gestão partilhada terão de decidir como as utilizar e qual o montante de financiamento a remobilizar para fazer face às consequências das inundações e dos incêndios florestais, tendo em conta as suas necessidades específicas. Terão em seguida de apresentar à Comissão Europeia alterações dos programas para revisão e adoção”, acrescenta a mesma nota.

Portugal, que já está a pagar apoios aos agricultores usando um adiantamento de 100 milhões de euros, disponibilizado pelo Ministério das Finanças, ainda vai ter de decidir se estas alterações aos fundos de Coesão vão implicar uma reprogramação do Centro 2030 e do Norte 2030 – tal como aconteceu nos incêndios de 2017 – ou do Sustentabilidade 2030.

As alterações aplicam-se a todos os Estados-membros afetados por catástrofes naturais e o montante a mobilizar vai depender do levantamento dos custos feitos por cada país. Por isso não é possível avançar já com um número exato de quanto vai caber a Portugal, explicou ao ECO fonte comunitária.

Para já as propostas vão possibilitar a sete Estados-membros – Polónia, Roménia, Áustria, Chéquia, Hungria, Portugal e Eslováquia – mobilizar cerca de 18 mil milhões de euros (cerca de 17,7 mil milhões do Feder e do FSE+ e 588 milhões do Feader) para apoio no contexto de catástrofes relacionadas com os fogos e as inundações que afetaram os países da Europa Central e Oriental.

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PJ tem três milhões de euros afetos a escutas telefónicas

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

O ainda diretor Nacional da PJ, Luís Neves, falava na inauguração do novo Laboratório Digital Forense da Polícia Judiciária (PJ), um investimento de quase sete milhões de euros.

Na inauguração do novo Laboratório Digital Forense da Polícia Judiciária (PJ), um investimento de quase sete milhões de euros, o diretor nacional da PJ, Luís Neves, adiantou que esta polícia tem três milhões de euros afetados a escutas telefónicas.

No seu discurso na cerimónia de inauguração do novo laboratório pericial, que contou com a presença do primeiro-ministro, Luís Montenegro, da ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, e do Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, o diretor nacional da PJ destacou um percurso de modernização e aumento de recursos desta polícia, e um trabalho colaborativo com outros órgãos de polícia criminal (OPC) e forças de segurança.

“A atividade pericial da PJ é, em mais de 50%, efetuada a pedido de outros OPC e autoridades judiciárias” e a PJ mantém “um sistema de interceções telefónicas, ao qual afetámos cerca de três milhões de euros”, afirmou Luís Neves.

Segundo adiantou a ex- Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, numa audição parlamentar em setembro, em 2023 foram feitas cerca de 11 mil escutas telefónicas.

Luís Neves sublinhou que desde 2018 e até 2025 a PJ terá triplicado o número de peritos na área tecnológica e informática, uma “área crítica”, cuja falta de meios era “em parte o grande obstáculo ao desenvolvimento célere das investigações mais complexas”.

Definiu ainda como objetivo “investir e reforçar os meios” na recuperação de ativos, “que permitam a rápida deteção e apreensão de bens”, incluindo para situações de perda alargada de bens, um dos pontos de destaque da agenda anticorrupção do atual Governo.

De acordo com os dados avançados pelo diretor nacional da PJ, “entre 2018 e 2024 houve lugar a quase 280 milhões de bens apreendidos e arrestados” e “mais de mil milhões de euros em operações suspeitas foram comunicadas pela Unidade de Informação Financeira ao DCIAP”.

Luís Neves apontou o combate à corrupção e à criminalidade económica e financeira como “máxima prioridade e preocupação”, o que justifica o “maior investimento que a PJ jamais fez nesta área”, destacando ainda entre as ameaças e prioridades desta polícia a cibercriminalidade “que passou a ser uma constante” numa sociedade cada vez mais digital e o “aumento gradual e significativo do discurso de ódio”, um “catalisador de comportamentos de violência”.

“Em Portugal, à semelhança do que sucede em muitos outros países, designadamente europeus, o tráfico de estupefacientes volta a ser uma das principais áreas do crime organizado com expressiva relevância no crime violento e na corrupção”, referiu ainda.

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Inscritos nos centros de emprego aumentam 3,5% em setembro

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

São mais 10.636 pessoas inscritas nos centros de desemprego face a setembro de 2023. Para este aumento, "contribuíram os inscritos há menos de 12 meses os que procuram um novo emprego.

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego diminuiu 0,9% em setembro face a agosto, mas aumentou 3,5% na comparação com o período homólogo, para 310.749 pessoas, segundo dados divulgados esta segunda-feira pelo IEFP. “No fim do mês de setembro de 2024, estavam registados, nos Serviços de Emprego do Continente e Regiões Autónomas, 310.749 indivíduos desempregados, número que representa 69,4% de um total de 447.631 pedidos de emprego”, lê-se na nota divulgada pelo IEFP.

São mais 10.636 pessoas inscritas nos centros de desemprego face a setembro de 2023. Para este aumento, “contribuíram os inscritos há menos de 12 meses (+7.422), os que procuram um novo emprego (+10.703) e os adultos (+10.034)”. Já na comparação em cadeia, isto é, face a agosto, são menos 2.672 pessoas.

No que toca aos grupos profissionais com maior expressão, face ao período homólogo, observou-se um acréscimo em todos, com destaque para os “Operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem” (+6,9%); “Trabalhadores não qualificados”(+6,8%) e “Trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices”(+6,5%)”.

À semelhança do que tem sucedido, a nível regional, o desemprego registado aumentou em todas as regiões em setembro, face ao período homólogo, com exceção dos Açores e da Madeira, onde recuou 7,5% e 9,1%, respetivamente. O valor mais acentuado de aumento do desemprego continuou a ser registado na região de Lisboa e Vale do Tejo (+5,7%).

Por outro lado, na comparação em cadeia, “registou-se uma quebra no desemprego, justificada pela redução na região de Lisboa e V. Tejo (-3%) e na região do Norte (-0,2%)”, indica o IEFP. No final de setembro, as ofertas de emprego por satisfazer atingiram os 11.953 nos Serviços de Emprego de todo o país, o que corresponde a uma diminuição das ofertas em ficheiro na análise anual (-3.884; -24,5%) e face ao mês anterior (-237; -1,9%).

Casais com ambos desempregados aumentam 4,5%

O número de casais com ambos os elementos desempregados aumentou 4,5% em setembro, face ao período homólogo, e 0,3% face a agosto, para os 4.933 segundo os dados do IEFP.

“Do total de desempregados casados ou em união de facto, 9.866 (8,1%) têm também registo de que o seu cônjuge está igualmente inscrito como desempregado no Serviço de Emprego, totalizando 4.933 casais desempregados, em setembro de 2024, o que representa +4,5%, quando comparado com o período homólogo do ano anterior”, adianta o relatório.

Trata-se, portanto, de um abrandamento face ao registado em agosto, quando aumentou 5,5% face a igual mês de 2023. Não obstante, este valor está a subir desde junho, ou seja, há quatro meses consecutivos. Já na comparação em cadeia, o número de casais em que ambos os cônjuges estão desempregados subiu 0,3%, aumentando pelo segundo mês consecutivo.

Há vários anos que os casais nesta situação de duplo desemprego têm direito a uma majoração de 10% do valor da prestação de subsídio de desemprego, quando tenham dependentes a cargo.

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Montenegro: “Diretor da PJ? A decisão está tomada”

O Primeiro-Ministro esteve na sessão comemorativa do 79.º Aniversário da Polícia Judiciária e na inauguração do Laboratório Digital Forense, acompanhado pela ministra da Justiça.

“A decisão está tomada”. As palavras são do chefe do Executivo, relativamente à nomeação do novo diretor Nacional da Polícia Judiciária (PJ). O Primeiro-Ministro falou à entrada da sessão comemorativa do 79.º Aniversário da Polícia Judiciária e na inauguração do Laboratório Digital Forense. Mas não adiantou quando é que esse nome iria ser revelado.

A ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, já tinha avisado que a decisão sobre a renovação de mandato ou nomeação de um novo diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) seria tomada em breve, logo após a tomada de posse do Procurador-Geral da República (PGR), que decorreu no sábado, dia 12. Na passada quarta-feira, assumiu que essa escolha está quase fechada. “Em breve vai ser tomada uma decisão sobre o novo diretor da PJ. Estamos a fechar o processo e muito em breve terei novidades para dar”, disse a ministra da Justiça esta quarta-feira, à margem do 13.º Encontro Nacional da Sociedade de Advogados de Portugal (ASAP), no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

O atual diretor Luís Neves tomou posse a 18 de junho de 2018 pela mão da então ministra Francisca Van Dunem e foi reconduzido pela primeira vez em maio de 2021 pela mesma ministra do Governo socialista. Agora, está em gestão desde junho, estando agora limitado para tomar decisões de fundo no órgão de polícia criminal que lidera.

O primeiro-ministro afirmou estar “muito atento à necessidade de dar meios técnicos, humanos e legislativos às autoridades investigatórias e ao Ministério Público”, considerando que a celeridade da justiça depende também de “mais capacidade de investigar e concluir”.

“Nós estamos muito atentos à necessidade de dar meios técnicos, meios humanos e também meios legislativos às autoridades investigatórias e também ao Ministério Público (MP)”, declarou Luís Montenegro no seu discurso.

O chefe do executivo frisou que a celeridade da justiça é “um ponto absolutamente crucial da confiança dos cidadãos no sistema de Justiça” e considerou que, “para as investigações e as decisões serem céleres, é preciso haver meios humanos, técnicos, capacidade de investigar e de concluir”.

Montenegro salientou que este reforço de meios deve ser transversal a toda a administração pública, frisando que o seu Governo tem procurado valorizar as carreiras dos “polícias, forças de segurança, Forças Armadas, na área da saúde e da educação”.

O primeiro-ministro disse que decidiu proceder a essa valorização não apenas para responder às reivindicações dos diferentes setores, mas porque considera que se trata de “um desafio estratégico e estrutural da administração pública ter bons quadros, ter capacidade de reter e de motivar pela qualidade”.

“Porque, se a administração pública não tiver bons quadros, o trabalho também não vai ser eficiente e nós temos de perceber que, chegámos a um ponto no nosso país, onde é mesmo um uma exigência para os próximos anos – eu diria mesmo para as próximas décadas – fazê-lo e fomentá-lo”, afirmou.

Salientando que tem noção de que essa evolução já foi feita na PJ, Montenegro disse querer que ela se alargue “a todos os outros setores e também àqueles com os quais a PJ mais interage”.

“Não só o MP – o MP naturalmente, por força das circunstâncias e da relação que se estabelece entre as autoridades de investigação e a tutela de ação penal por parte do MP – mas com todas as outras entidades judiciais”, reiterou.

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Época de resultados na bolsa revela fosso entre EUA e Europa

Wall Street brilha com 80% dos resultados das empresas do S&P 500 a superarem as estimativas dos analistas, enquanto as bolsas europeias sofrem com desilusões dos resultados dos gigantes LVMH e ASML.

Os resultados do terceiro trimestre das empresas norte-americanas estão a surpreender pela positiva, contrastando com as desilusões protagonizadas pelas congéneres europeias. Das 71 empresas do S&P 500 que já apresentaram contas, 83% superaram as expectativas dos analistas em matéria de lucros e 63% bateram as previsões para as receitas, de acordo com dados da LSEG.

Estes números contrastam com o desempenho dececionante de algumas das principais empresas europeias que já reportaram as suas contas relativamente às suas operações entre julho e setembro. Foi o caso da LVMH, líder mundial do luxo, que viu as ações afundarem 6,5% após reportar um crescimento das vendas de 9% no terceiro trimestre, abaixo dos 11,5% esperados pelos analistas. Já as ações da ASML, o gigante fabricante de equipamentos para semicondutores, caíram 3,5% na bolsa de Amesterdão após revelar uma queda de 30% nas encomendas.

Nos EUA, o cenário é diferente. O J.P. Morgan, um dos maiores bancos de Wall Street e dos EUA, reportou lucros de 4,33 dólares por ação, superando em 9,3% os 3,96 dólares esperados. O mesmo passou-se com a UnitedHealth, a gigante dos seguros de saúde, que apresentou um lucro por ação de 6,51 dólares, ficando 3% acima dos 6,33 dólares previstos pelos analistas

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Para as denominadas “7 Magníficas”, os analistas antecipam um crescimento homólogo de 18,1% dos lucros no terceiro trimestre. No entanto, retirando estas empresas da equação, a taxa de crescimento dos lucros combinada (resultados efetivos e estimados) para as restantes 493 empresas do S&P 500 é de 0,1%. No geral, a taxa combinada de crescimento dos lucros para todo o S&P 500 no terceiro trimestre de 2024 é de 3,4%, referem os mais recentes dados da Factset.

Esta semana, outras grandes empresas dos dois lados do Atlântico vão apresentar as contas do terceiro trimestre. Nos EUA, destaque para as contas da Tesla, Coca-Cola, IBM e Boeing na quarta-feira. Na Europa, os holofotes estarão virados para esta segunda-feira para os resultados da L’Oreal e na quarta-feira para as contas da farmacêutica Roche.

A temporada de resultados ganha ainda mais relevância depois de o Goldman Sachs ter cortado as previsões para os lucros das empresas europeias este ano. Os analistas do banco de investimento norte-americano reduziram a estimativa de crescimento dos lucros por ação do Stoxx 600 para este ano de 6% para 2%, citando a desaceleração económica e a força do euro como causas para esse corte.

Na Euronext Lisboa, depois de a Galp Energia ter aberto a época de resultados com a divulgação dos dados operacionais preliminares que revelaram uma queda de 68% da margem de refinação, segue-se esta quinta-feira a Navigator.

A época de resultados na bolsa nacional encerrará em novembro, com a apresentação dos resultados da Ibersol, sendo que 56% das empresas do PSI reportaram os números da sua atividade no terceiro trimestre do ano na próxima semana e seguinte.

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Miguel Esperança Pina sai da CMS para a CS’Associados

Conselho de Administração da CMS Portugal admite que foi feita "um reestruturação do departamento de contencioso", passando Rita Gouveia a assumir as funções de co-head, com Nuno Pena.

Miguel Esperança Pina sai da CMS Portugal para a CS’ Associados. O advogado era sócio das áreas de práticas de Resolução de Litígios e de Insolvência & Reestruturações da CMS Portugal.

Tem mais de 30 anos de experiência, no patrocínio de clientes em litígios comerciais e civis, bem como em arbitragens nacionais e internacionais, a uma escala global, nomeadamente em matéria de litígios comerciais, financeiros, energéticos, farmacêuticos, de financiamento de projetos, concessões públicas e construção.

Questionada pelo ECO/Advocatus, fonte do Conselho de Administração da CMS Portugal admite que “procedemos à reestruturação do departamento de contencioso, passando a Dra. Rita Gouveia a assumir as funções de co-head e coordenação do departamento, com o Dr. Nuno Pena“, explica. “Desejamos sucesso, ao Miguel Esperança Pina, e que consiga ter uma boa adaptação ao seu novo projeto”.

Advocatus Summit 2019 - 28MAI19
Miguel Esperança Pina.Hugo Amaral/ECO

Atua igualmente na qualidade de árbitro a nível nacional e internacional, na área da resolução judicial e extrajudicial de conflitos, no âmbito das relações empresariais, contratos de construção, contratos financeiros, distribuição comercial, serviços informáticos e de telecomunicações, aviação, produtos farmacêuticos, petróleo e gás, entre outros.

Miguel Esperança Pina foi coordenador do departamento de Dispute Resolution da Cuatrecasas, Gonçalves Pereira, entre 1998 e junho de 2018. Fundou a APA – Associação Portuguesa de Arbitragem.

É Presidente do Capítulo Português do Clube Espanhol de Arbitragem (Club Español del Arbitraje – CEA), membro fundador da Associação Portuguesa de Arbitragem, membro do ICC Portugal, Árbitro no Centro de Arbitragem da Associação Comercial de Lisboa e Árbitro no Centro de Mediação e Arbitragem da Câmara de Comércio Portuguesa no Brasil.

Miguel Esperança Pina foi individualmente reconhecido como Band 1 para Dispute Resolution pela Chambers Global e Europe, 2023 e foi reconhecido nos últimos 17 anos. É igualmente reconhecido como Leading Individual para Dispute Resolution e é recomendado para Insolvency and Restructuring pelo Legal 500, 2023. É ainda reconhecido nas categorias de Arbitration and Mediation, Insolvency and Reorganization Law e Litigation pela Best Lawyers, desde 2010, bem como Global Leader for Commercial Litigation by WWL, 2022. É igualmente distinguido como Highly Recommended para International Arbitration, White Collar Crime e como Excellent para Civil & Commercial Litigation e Restructuring & Insolvency pela Leaders League, 2023. Miguel é ainda distinguido na Private Practice Powerlist 2023, Arbitration – Iberia, do Legal 500.

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O futuro dos Açores entre as pessoas e a geopolítica

  • Local Online
  • 21 Outubro 2024

O Novobanco e o ECO Local promoveram o 11º encontro regional, desta vez para discutir o arquipélago dos Açores, o potencial regional e os entraves ao crescimento económico.

A economia dos Açores enfrenta um dos seus maiores desafios: a falta de mão-de-obra qualificada. Esta foi uma das principais conclusões do 11º debate ECO Local/novobanco, encontro que juntou empresárias e decisores no Novobanco dos Açores, em Ponta Delgada, para discutir o arquipélago, a geopolítica e os entraves ao crescimento regional. O debate, moderado por António Costa, Publisher do ECO, teve como convidados Miguel Monjardino, Professor Convidado de Geopolítica e Geoestratégia no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa, Helga Barcelos, Administradora e Diretora da Quinta dos Açores e Vice-Presidente e porta-voz do Grupo Barcelos, e Benedita Branco, sócia e gerente da Lava Homes, além do administrador do novobanco, Luís Ribeiro.

Luís Ribeiro, administrador do novobanco, abriu o debate com uma análise detalhada sobre a economia dos Açores, destacando as características de uma região ultraperiférica que, apesar do crescimento, enfrenta desafios significativos. “O PIB per capita dos Açores é cerca de 10% abaixo da média nacional”, referiu, enfatizando a dependência do setor público, que representa 30% do valor acrescentado bruto da região, em comparação com 19% a nível nacional. O gestor destacou, depois, que o declínio da população ativa, que caiu 6% nos últimos censos, está a impedir a economia açoriana de atingir o seu pleno potencial. “Sem mão-de-obra e qualificação, não conseguimos crescer de forma sustentada”, afirmou. O gestor

"A população ativa nos Açores decresceu 6% nos últimos censos.”

Luís Ribeiro, administrador do novobanco

Helga Barcelos, administradora da Quinta dos Açores, reforçou esta preocupação, salientando que “na época alta, é muito difícil arranjar pessoas”, ao mesmo tempo que frisou a importância de uma aposta estratégica no ensino profissional, opinião também partilhada por Benedita Branco, sócia da Lava Homes, que lamentou a ausência de técnicos qualificados, uma carência que considera crítica para setores como o turismo e a restauração.

O papel do turismo e a sazonalidade

O turismo foi destacado como uma peça chave na economia dos Açores, que representa 25% do PIB regional, de acordo com Luís Ribeiro. Contudo, o especialista alertou para o desafio da sazonalidade, já que grande parte das receitas estão concentradas entre julho e setembro.

"Uma parte importante da receita do turismo dos Açores veio no período de julho a setembro – 39% na hotelaria e, se formos para alojamento local, até chega aos 45% neste período.”

Luís Ribeiro, administrador do novobanco

Uma parte importante da receita do turismo dos Açores veio no período de Julho a Setembro – 39% na hotelaria e, se formos para alojamento local, até chega aos 45% neste período. Há que combater esta sazonalidade para ter este crescimento mais sustentado”, disse.

Benedita Branco, que tem um resort no Pico, sublinhou a importância de investir no turismo sustentável e local, mencionando o seu próprio esforço em privilegiar produtos locais no seu restaurante: “Desisti de um prato que tinha camarão porque não há camarão no Pico”.

A importância do setor primário

Outro ponto importante do debate foi a interligação entre os diferentes setores da economia açoriana. Helga Barcelos destacou a relevância do setor primário, particularmente na agroindústria, afirmando que “não há setor terciário com valor se não existir setor primário a funcionar”.

Além disso, a administradora da Quinta dos Açores falou também sobre o sucesso dos seus produtos, como os gelados à base de leite local, como exemplo de como a região pode criar valor e oferecer produtos diferenciadores.

"É uma região em que muita desta indústria está ligada ao setor primário, ou seja, à agroindústria, o que compara com 17% da média nacional.”

Luís Ribeiro, administrador do novobanco

Sobre este tópico, Luís Ribeiro, administrador do novobanco, acrescentou: “É uma região em que 30% do valor acrescentado bruto veio do setor público (o que compara com 19% da média nacional), 9% vem do setor primário e a média nacional é de 2%. Apenas 7% vem da indústria, portanto é uma região em que muita desta indústria está ligada ao setor primário, ou seja, à agroindústria, o que compara com 17% da média nacional“.

Desafios globais com impacto local – qual o futuro?

À discussão foi ainda trazida uma perspetiva mais ampla por Miguel Monjardino, que referiu que a economia açoriana, como parte da região euro-atlântica, não está imune aos impactos das transformações globais. “Se as coisas piorarem no sentido da desordem, os Açores pagarão um preço elevado”, afirmou, destacando a importância de pensar a longo prazo e preparar a região para um futuro incerto, mas promissor.

Se, em contrapartida, caminharmos para uma solução em que ainda temos energia política dentro do sistema para o reformar, então isso será bom para nós. Ou seja, isto é um processo que durará muitos anos. Será um processo muito turbulento ao nível interno e externo, mas eu acho que se nós, região euro-atlântica, conseguirmos o início da década de 30 mais ou menos como estamos agora, o nosso futuro será muito promissor porque provavelmente teremos prevalecido na criação da ordem que mais nos interessa“, continuou o especialista em geopolítica internacional, e que vive na Terceira.

"Precisamos de projetos diferenciadores que gerem mais valor por cada hora trabalhada.”

Luís Ribeiro, administrador do novobanco

“Precisamos de projetos diferenciadores que gerem mais valor por cada hora trabalhada”, disse, ainda, Luís Ribeiro. O apelo à ação, com vista a conseguir uma maior qualificação da mão-de-obra, combater a sazonalidade no turismo e atrair investimentos estratégicos, bem como uma execução eficaz do PRR, foram pontos destacados como fundamentais para o futuro dos Açores.

Assista ao encontro na íntegra aqui:

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Livre vota contra orçamento que “não resolve problemas estruturais do país”

  • Lusa
  • 21 Outubro 2024

L"É um orçamento que vem na linha daquilo que é a política do Governo de agravamento de desigualdades, nomeadamente na redução do IRC e na implementação do IRS Jovem", explica o Livre.

O Livre vai votar contra a proposta de Orçamento do Estado para 2025, na generalidade, anunciou esta segunda-feira a líder parlamentar do partido, alegando que o documento “não resolve problemas estruturais do país”.

O Livre votará contra este Orçamento do Estado. Era já a indicação à qual o grupo parlamentar tinha chegado no âmbito da análise que fizemos do documento e ontem tivemos uma reunião da Assembleia do Livre [órgão máximo entre congressos] onde, por unanimidade, foi decidido que a indicação seria o voto contra”, anunciou a líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes.

A líder parlamentar do Livre salientou que o partido – que até hoje nunca tinha votado contra um Orçamento do Estado – esperou que o documento fosse entregue na Assembleia da República para o analisar. Para Isabel Mendes Lopes, este orçamento, “de forma geral, não resolve os problemas estruturais do país”.

“É um orçamento que vem na linha daquilo que é a política do Governo de agravamento de desigualdades, nomeadamente na redução do IRC e na implementação do IRS Jovem”, sustentou. A votação na generalidade do orçamento – que já tem aprovação garantida com a abstenção do PS – está agendada para 31 de outubro.

Na ótica dos quatro deputados do Livre, a proposta apresentada pelo Governo “não responde à transição ecológica de Portugal”, “não responde à necessária valorização salarial da administração pública” e “não resolve a emergência na habitação, pelo contrário, agrava-a”. Isabel Mendes Lopes deixou ainda críticas ao processo que antecedeu a apresentação da proposta ao parlamento, acusando o Governo de ter simulado negociações com a oposição.

Interrogada sobre se o sentido de voto do partido pode mudar até à votação final global, Isabel Mendes Lopes respondeu que “dificilmente” tal acontecerá, mas realçou que a atual configuração parlamentar, na qual os partidos que representam o governo são minoritários, pode alterar significativamente o documento na especialidade.

A deputada adiantou algumas das propostas que o partido pretende apresentar na especialidade, como o alargamento da semana de quatro dias de trabalho, o aumento do abono de família e o reforço do programa 3 ‘C’ – Casa, Conforto e Clima, que visa combater a pobreza energética.

O Livre vai insistir também na criação de uma “herança social”, instrumento que visa permitir a um jovem entre os 18 e 35 anos aceder a uma quantia que pode ter origem na taxação heranças superiores a um milhão de euros, ou através da rentabilização de certificados de aforro. Isabel Mendes Lopes realçou que as intervenções que ouviu no 42.º Congresso do PSD, que decorreu no fim de semana, em Braga, “vieram reforçar ainda mais a convicção” do partido de que o voto seria contra.

“Preocupa-nos a deriva que o PSD está a ter para uma visão muito mais securitária e preconceituosa daquilo que é o país”, lamentou, antes de criticar a intenção do Governo de rever os conteúdos da disciplina de Educação para a Cidadania, anunciada pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro.

A deputada afirmou que existe “um problema muito grave na questão da violência sexual, no retrocesso na igualdade de género” no país, dando como exemplo a existência de um grupo na rede social Telegram, com 70 mil membros, no qual são partilhadas “imagens de mulheres, às vezes mulheres próximas, outras desconhecidas”.

“Sabemos que a forma estrutural de resolver isto é com educação e formação para a igualdade de género, para a redução da violência. Isso faz-se na disciplina de Educação para a Cidadania. Qualquer ataque que se faça a esta disciplina na escola, e ao papel que a escola tem na redução das desigualdades e na promoção de uma vida saudável, é uma grande irresponsabilidade”, acusou.

Isabel Mendes Lopes lamentou que o PSD “esteja a seguir este caminho que é claramente uma tentativa de colagem à extrema-direita, quando o caminho deveria ser exatamente o contrário”.

 

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Bruxelas obrigou Portugal a introduzir no PRR mecanismos de controlo do duplo financiamento

Portugal já tem em funcionamento a plataforma que permite identificar se existe duplo financiamento de projetos. Duas suspeitas de duplo financiamento na UE não envolvem Portugal.

Portugal foi um dos sete países cuja bazuca sofreu ajustamentos para incluir metas e marcos para evitar o duplo financiamento de projetos por fundos europeus. O Tribunal de Contas Europeu, no relatório publicado esta segunda-feira, alerta que as verbas da bazuca podem estar a cobrir os mesmos custos que outros fundos da União Europeia. Para reduzir este risco, a instituição liderada por Tony Murphy sugere que sejam criados mecanismos de controlo.

“Após a reavaliação dos sistemas de controlo dos Estados-membros no contexto da revisão dos PRR para integrar os capítulos REPowerEU e, em relação a alguns Estados-membros, tendo em conta as conclusões das suas auditorias, a Comissão introduziu marcos adicionais ou ajustou marcos existentes relacionados com o duplo financiamento para sete Estados-membros – Bélgica, Irlanda, Chipre, Áustria, Portugal, Finlândia e Suécia”, revela o Tribunal de Contas europeu.

De acordo com as regras, até que sejam cumpridas estas metas e marcos, mantém-se “as insuficiências conexas nos sistemas de controlo do duplo financiamento e os futuros pagamentos serão bloqueados”. Ou seja, não há lugar a pagamentos parciais.

Portugal já tem em funcionamento o cruzamento de dados entre fundos europeus. Foi um marco colocado pela Comissão Europeia aquando da reprogramação do PRR. Foi assinado um protocolo de partilha de dados entre a estrutura de Missão Recuperar Portugal, a Agência para o Desenvolvimento e Coesão, as várias autoridades de gestão e o IFAP para centralizar a informação e evitar situações de duplo financiamento, anunciou o presidente da Recuperar, Fernando Alfaiate no encontro anual do PRR em maio.

Fonte oficial da Recuperar Portugal confirmou ao ECO que a interoperabilidade de dados já está a funcionar, através da plataforma FinDup, mas não existem ainda dados sobre situações de duplo financiamento. A plataforma permite fazer análises específica a uma determinada entidade para detetar se tem operações apoiadas com outros programas. E as análises sistemáticas são feitas de seis em seis meses, explicou ainda Alfaite, sendo que os beneficiários intermediários, antes de tomarem decisões podem consultar ex-ante projetos que essa entidade tem noutros fundos”.

O Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) foi criado em resposta à pandemia de Covid-19 e, pela primeira vez, foi concedido apoio financeiro da UE em grande escala sem associação aos custos reais o que aumentou o risco de duplo financiamento dos mesmos resultados, segundo o Tribunal de Contas.

A auditoria do Tribunal aos sistemas criados pela Comissão Europeia e pelos Estados-membros para prevenir, detetar e corrigir situações de duplo financiamento entre o MRR e os fundos de coesão e o Mecanismo Interligar a Europa concluiu que “ainda não são suficientes para atenuar de forma adequada o risco acrescido de duplo financiamento”. “Tendo em conta as insuficiências do ambiente de controlo, dificilmente se detetará o duplo financiamento”, conclui o tribunal.

Mas, na verdade, já foram identificadas duas suspeitas de duplo financiamento, que estão sob sigilo. Mas o Tribunal de Contas Europeu garantiu ao ECO que não envolvem Portugal.

A preocupação do Tribunal de Contas Europeu reside no facto de haver “ângulos mortos”. O facto de alguns pagamentos da bazuca estarem associados a reformas, que não têm custos, leva a Comissão a ignorá-los por não correm o risco de duplo financiamento. Mas, o Tribunal identificou casos que nem sempre é assim. Malta tinha uma reforma que consistia em promover o trabalho à distância na Função Pública em todas as ilhas. Apesar de ser tida como uma medida de custo zero, a reforma exigiu operacionalizar pelo menos 140 postos de trabalho, “um investimento subjacente que implicava custos concretos, substanciais e facilmente mensuráveis”. Mas, de acordo com as autoridades maltesas, estes postos de trabalho foram financiados por fundos nacionais.

Num momento em que a parte mais “pesada” da bazuca ainda está por executar – ainda só foram executados 37% dos fundos – o tribunal alerta que é preciso agir para evitar erros como os detetados, por exemplo, ao nível da Política de Coesão.

Apesar de reconhecer que a Comissão teve muito pouco tempo para implementar um sistema de resposta à pandemia e que o objetivo era simplificar o a atribuição de fundos, a verdade é que as autoridades de gestão dizem ao tribunal que têm os mesmos custos administrativos com a bazuca como têm com os fundos estruturais. E para a entidade liderada por Tony Murphy a simplificação não pode ser feita à custa da verificação.

Para detetar os casos de duplo financiamento, o tribunal defende que é necessário adaptar a definição de duplo financiamento às especificidades do modelo de financiamento não associado aos custos, além de reforçar os controlos das medidas de custo zero. Ou seja, aquelas para as quais os Estados-membros não apresentaram estimativas de custos.

O Tribunal defende ainda a necessidade de “clarificar e ampliar os requisitos de controlo do duplo financiamento no âmbito dos programas e instrumentos que utilizam o modelo não associado aos custos”, isto porque os Estados auditados revelaram “um panorama informático fragmentado, que impede a realização de verificações cruzadas eficazes para detetar o duplo financiamento”; uma “reduzida utilização da Arachne ou de outras ferramentas de exploração de dados, bem como de bases de dados dos projetos; e à dificuldade de intercâmbio e correspondência de dados”. Os sistemas não falam entre si, lamenta o Tribunal.

Melhorar a coordenação entre os programas e instrumentos de financiamento, criar e utilizar sistemas informáticos integrados e interoperáveis e ferramentas de exploração de dados para todos os programas e instrumentos de financiamento e reforçar da garantia da ausência de duplo financiamento quando da utilização do modelo de financiamento não associado aos custos, são algumas das sugestões do Tribunal, sobretudo numa altura em se discute o novo modelo de funcionamento dos fundos a atribuir no pós-2027.

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Novobanco é o maior credor da Inapa Portugal com créditos de 16 milhões de euros (e há mais 67 credores)

O banco é o maior credor, com cerca de 36% dos 44,8 milhões de euros de dívida reconhecida na lista de credores da distribuidora de papel. CGD, com 8,4 milhões de euros, é o segundo maior.

O Novobanco e a CGD são os maiores credores da Inapa Portugal. De acordo com a lista de credores da distribuidora de papel, o banco liderado por Mark Bourke tem 16,04 milhões de euros de empréstimos concedidos à empresa, o equivalente a 35,78% dos cerca de 45 milhões de euros em créditos à empresa. Já o banco público emprestou 8,4 milhões de euros (18,75% do total) à empresa, que entregou um pedido de processo especial de revitalização no início de setembro, numa tentativa de recuperar a empresa, e cujo processo está a ser gerido pelo administrador Bruno da Costa Pereira.

A Inapa Portugal apresenta uma dívida total de 44,8 milhões de euros, segundo a lista provisória de credores elaborada pelo administrador Bruno Costa Pereira, que está também a gerir o processo de insolvência da holding Inapa IPG e cuja dívida é apenas uma parte dos créditos detidos pelo grupo. O Novobanco e a CGD destacam-se numa lista com 68 credores, contabilizando juntos mais de metade dos créditos da companhia.

Na lista dos maiores lesados destaca-se outro banco, o Caixa Económica Montepio Geral, com créditos de 3,95 milhões de euros, o equivalente a 8,81% do total em dívida da empresa, que está a tentar negociar um plano para recuperação operacional com os seus credores.

A lista de credores indica ainda um crédito no valor de 1,84 milhões de euros do Santander, um de 1,48 milhões de euros do Abanca e outro de 1,67 milhões atribuível ao Crédito Agricole Leasing & Factoring. Com uma exposição residual à distribuidora de papel surgem o BCP, BPI e Bankinter, com créditos de 95 mil euros, 200 mil euros e 600 mil euros, respetivamente.

A Navigator também está entre as entidades lesadas pela situação financeira da Inapa Portugal, com um crédito reconhecido de 1,57 milhões de euros.

O maior fundo imobiliário português, o CA Património Crescente, proprietário de dois armazéns onde a Inapa desenvolve ainda a sua atividade, também surge na lista de credores, com uma dívida a receber no valor de 241,9 mil euros.

A empresa de trabalho temporário ADECCO, empresas de fornecimento de papel e outras prestadoras de serviços, ou a empresa de segurança Securitas são outros dos nomes que constam da lista com mais de seis dezenas de credores.

A Inapa Portugal é a responsável pela distribuição de papel em Portugal e em Angola, detendo participação também na área da comunicação visual, e a empresa acredita que ainda poderá recuperar a empresa, apesar de a holding ter apresentado o seu pedido de insolvência no passado dia 29 de julho, com a assembleia de credores realizada no passado mês de setembro a aprovar duas propostas de venda no valor de 45 milhões de euros, cujas operações foram aprovadas entretanto.

A subsidiária Inapa Packaging SAS foi vendida à francesa Next Pack SAS por 20 milhões de euros e a Japan Pulp and Paper Co. (JPP) comprou o negócio de papel da Inapa em França por 25 milhões.

As ações da Inapa IPG serão excluídas da Euronext Lisbon a partir de 29 de outubro de 2024. Num comunicado ao mercado feito na quarta-feira, a empresa explicou que a decisão da Euronext se deve ao facto de a empresa ter sido declarada insolvente.

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