Há um novo guia gratuito para empresas que queiram testar semana de trabalho de quatro dias
Pedro Gomes e Rita Fontinha disponibilizam a partir desta sexta-feira kit de iniciação gratuito para empresas que queiram testar semana mais curta. Inclui reunião de meia hora com especialistas.
Os coordenadores do projeto-piloto à semana de trabalho de quatro dias disponibilizam, a partir desta sexta-feira, um kit de iniciação gratuito para as empresas que queiram experimentar uma carga horária semanal mais leve. E mesmo as empresas que não queiram testar a semana mais curta podem usar este starter pack para medir o bem-estar dos seus trabalhadores, assinalam Pedro Gomes e Rita Fontinha, em conversa com o ECO.
“Aprendemos muito durante o projeto-piloto e era uma pena que [essa informação] ficasse fechada e que não estivesse disponível para outras empresas”, sublinha Pedro Gomes, explicando que o primeiro passo para usar esta nova ferramenta é as empresas interessadas preencherem um formulário.
Depois, os coordenadores enviarão um inquérito a ser aplicado aos trabalhadores de modo a aferir os níveis de bem-estar. “Para nós, é muito importante ter esta avaliação logo à partida, porque é com ela que vamos comparar os resultados passado um ano”, realça Pedro Gomes.
Se, pelo menos, 70% dos trabalhadores da empresa interessada preencherem o inquérito, os coordenadores enviarão, de seguida, um relatório sobre o bem-estar desses empregados e satisfação laboral, bem como os links para as gravações que foram feitas ao longo do piloto, para testemunhos, para respostas a perguntas frequentes e ainda para “um documento que faz a descrição do que é preciso fazer“.
Mesmo as empresas que não implementem a semana de quatro dias são importantes, porque servem de grupo de controlo.
Com todo esse material em mãos, a empresa decidirá, então, se quer ou não experimentar a semana de quatro dias. Se sim, terá acesso a uma reunião de 30 minutos com Pedro Gomes e Rita Fontinha para esclarecer dúvidas e obter algumas orientações sobre a transformação em causa.
Se não quiser encurtar a carga horária semanal, poderá, ainda assim, continuar a responder anualmente ao inquérito ao bem-estar dos trabalhadores, servindo de grupo de controlo.
Kit de iniciação
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1.º passo: empresa preenche formulário
2.º passo: coordenadores enviam inquérito aos trabalhadores
3.º passo: coordenadores enviam relatório de bem-estar com base no inquérito e materiais do projeto-piloto
4.º passo: empresas decidem se testarão ou não semana de quatro dias. Se sim, têm reunião com coordenadores. Se não, podem fazer parte do grupo de controlo
5.º passo: todos os anos, durante três anos, é feito inquérito ao bem-estar dos trabalhadores
Portanto, o acesso a este kit de iniciação — que não tem qualquer suporte direto do Governo, ao contrário do que aconteceu com o projeto-piloto — é gratuito, mas as empresas têm de partilhar os dados dos inquéritos para fins académicos.
“As empresas portuguesas geralmente não têm fundos suficientes para ter uma consultoria. A nossa missão é disponibilizar estes materiais de forma gratuita para as empresas que queiram implementar, muito em contraste com o que está a ser feito noutros países. Por exemplo, no Reino Unido, as empresas pagam à associação 4 Day Week Global. É algo que apenas uma minoria das empresas portuguesas teriam capacidade de fazer“, enfatiza Rita Fontinha.
Segundo a professora, ao recolher estes dados para fins académicos, a intenção é também “criar uma espécie de observatório de quais as empresas que estão a implementar em Portugal a semana de quatro dias“.
Ao recolhermos dados para investigação, queremos criar uma espécie de observatório de quais as empresas que estão a implementar em Portugal a semana de quatro dias.
Já Pedro Gomes atira que “uma empresa que queira testar a semana de quatro dias não tem muitos sítios a que recorrer“, até porque “claramente” as associações empresariais não se interessam por este tema, pelo que não disponibilizam apoio aos empregadores que queiram testar o modelo inovador.
“As empresas podem ir a uma consultora. Há empresas que vão à Deloitte para ajudar na transformação, mas isso, obviamente, tem um custo“, remata o também autor do livro “Sexta-feira é o novo sábado”.
O projeto-piloto à semana de trabalho de quatro dias consistiu num teste de seis meses, voluntário e reversível, no setor privado, sem cortes salariais e sem qualquer contrapartida financeira do Estado. No total, 21 empresas decidiram começar a testar a semana mais curta, a partir de junho do ano passado.
Conforme escreveu recentemente o ECO, vários desses empregadores continuam com uma semana mais magra, mesmo depois de o piloto ter terminado. Ao ECO, os coordenadores adiantaram que será feito um novo inquérito a essas empresas na primavera deste ano.
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