Mudanças de comercializador de energia aumentam, mas maioria só trocou uma vez em dez anos

Apesar de os preços terem impulsionado a mudança de comercializador de mais de metade dos consumidores da energia, 46% só o fizeram uma vez no espaço de uma década. 

Os consumidores de energia estão ligeiramente mais aptos a compreender os temas do setor, sendo que estão mais à vontade no que diz respeito à eletricidade do que no que toca ao gás. A energia solar é a que se destaca com a evolução positiva mais expressiva quanto ao respetivo reconhecimento. Já o conhecimento da informação na fatura mantém-se o calcanhar de Aquiles e deteriorou-se de 2020 para 2024, aponta o estudo feito pelo regulador. Apesar de os preços terem impulsionado a mudança de comercializador que mais de metade dos inquiridos registam, 46% só o fizeram uma vez nos últimos dez anos.

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) lançou, esta quinta-feira, o Estudo de Literacia dos Consumidores na Área da Energia. Em 2024, o índice de literacia dos consumidores é de 45,3 pontos, registando-se uma ligeira evolução positiva comparativamente aos 42,8 detetados no estudo efetuado em 2020.

No entanto, a literacia associada à fatura de energia revela “um défice significativo”: dois em cada três consumidores indicam desconhecer a informação apresentada na sua fatura. Em 2020, esta proporção era ligeiramente inferior: estava nos 57,8%, que comparam aos 63,9% atuais. “Mantém-se assim uma tendência clara de desconhecimento por parte dos consumidores, assistindo-se a uma ligeira deterioração quando comparados os resultados com o estudo efetuado em 2020”, escreve a ERSE. As rubricas mais identificadas são as taxas e impostos (17,5%), a contribuição audiovisual (10,8%) e o preço pago pela potência contratada (9,8%).

Mantém-se assim uma tendência clara de desconhecimento por parte dos consumidores, assistindo-se a uma ligeira deterioração quando comparados os resultados com o estudo efetuado em 2020.

ERSE

Estudo de Literacia dos Consumidores na Área da Energia

Mais de metade dos consumidores (54%) já procedeu à mudança de comercializador de energia, registando-se um aumento “significativo” na proporção de consumidores que efetuaram essa mudança, que estava nos 37,7% em 2020. “Este crescimento reflete uma maior proatividade dos consumidores no mercado liberalizado de energia”, lê-se no estudo. No entanto, 46% dos consumidores só mudaram de comercializador de energia uma vez na última década, e quase um quarto mudou duas vezes. Apenas 7,8% mudaram cinco ou mais vezes. O principal motivo apresentado foi o preço.

Cerca de 30% dos consumidores do setor de energia conhecem pelo menos um dos simuladores disponíveis no mercado. Entre aqueles que conhecem a ERSE, apenas “uma pequena parte” conhece os seus três simuladores: 29,5% conhece o simulador de preços, 20,5% o simulador de potência contratada e 6,9% o simulador de rotulagem de energia. Comparativamente ao estudo efetuado em 2020, destaca-se o simulador de preços como aquele que registou o maior aumento no reconhecimento.

EDP e Galp, as mais reconhecidas

A dificuldade começa na distinção entre distribuidores e comercializadores, que é mais notória no setor do gás do que na eletricidade. No que respeita aos comercializadores de eletricidade, a EDP Comercial destaca-se como a empresa mais conhecida (71,3%), seguida pela Endesa (49,7%). Além disso, o regulador assinala um aumento no reconhecimento da Iberdrola e da Goldenergy.

No setor do gás natural, mais de metade dos consumidores é incapaz de identificar qualquer distribuidor, e um terço não identifica qualquer comercializador. Galp é o nome mais referido, em qualquer dos casos. Em paralelo, os mercados regulado e liberalizado são conhecidos por dois terços dos inquiridos, com 85% a conseguir distingui-los.

Solar é uma fonte cada vez mais familiar

Questionados sobre as fontes predominantes de energia produzida em Portugal, 86% referem a energia eólica, seguida pelas barragens (76,5%) e pela energia solar (71,2%). Comparativamente ao estudo efetuado em 2020, destaca-se o aumento no reconhecimento da energia solar, que se situava apenas nos 30%, seguida da energia eólica (67,8% em 2020). Além disso, “a esmagadora maioria dos consumidores indica saber que, em Portugal, é possível às empresas e aos particulares produzirem a energia que consomem”, indica o regulador.

A maioria dos consumidores também consegue distinguir entre fontes de energia renováveis e não renováveis. Contudo, questionados sobre se o gás natural e o carvão são fontes de energia renováveis, 34,1% e 13,5% dos consumidores, respetivamente, entendem que sim, apesar de esta não ser uma afirmação correta.

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