Portugueses levam para casa 75% do salário bruto, depois de impostos e contribuições

Em média, salários dos trabalhadores em Portugal são sujeitos a um desconto de 25%, todos os meses, de acordo com um novo relatório da OCDE. Está em linha com os restantes países da organização.

Os trabalhadores portugueses levam para casa todos os meses, em média, 75% do seu salário bruto mensal, de acordo com um novo relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). A outra fatia (cerca de um quarto do ordenado pago pelo empregador) fica retida em impostos e contribuições sociais.

Na edição deste ano do relatório “Taxing wages”, a OCDE sublinha que o impacto dos impostos e contribuições sociais nos rendimentos que os trabalhadores levam efetivamente para casa varia de forma considerável entre os vários países.

Por exemplo, na Bélgica, menos de 61% do salário bruto chega à carteira dos trabalhadores, enquanto na Colômbia 100% do ordenado bruto é transferido para os empregados.

Já em Portugal, os trabalhadores levam, em média, para casa, ao fim do mês, 75% do seu salário bruto. A outra fatia vai para os cofres do Estado: 14% através do IRS e 11% através das contribuições pagas pelo próprio empregado.

Portugal está, deste modo, entre os sete países da OCDE onde a fatia que o IRS toma do rendimento bruto e a fatia que vai para a Segurança Social é semelhante (há uma diferença de menos de três pontos percentuais), a par da República Checa, da Grécia, da Coreia do Sul, da Lituânia, da Eslováquia e da Turquia.

Portugal está, por outro lado, em linha com a OCDE. A média do impacto dos impostos e contribuições sociais nos rendimentos brutos também é de 25% na globalidade da organização, como em Portugal. No entanto, no conjunto da OCDE a Segurança Social pesa menos (9,6% contra os 11% portugueses) na carteira.

Quanto do gasto pelo empregador chega à carteira?

O relatório divulgado, esta quarta-feira, deixa também perceber, do total gasto pelo empregador com cada trabalhador, quanto acaba por ser absorvido em impostos e contribuições sociais não só pagas pelo trabalhador, mas também pelo próprio empregador.

Todos os meses, as empresas pagam os salários e uma parte (os tais 25% já mencionados) é absorvida pelo IRS e pelos 11% da Segurança Social a cargo do trabalhador. Mas esse não é o único montante que vai parar aos cofres do Estado: as empresas pagam também uma taxa de 23,75% à Segurança Social.

Contas feitas, de acordo com a OCDE, em Portugal, 39,4% do custo do trabalho acaba por ser absorvido. Assim, do total gasto pelo empregador, 11,3% fica retido em sede de IRS, 8,9% em contribuições sociais a cargo do trabalhador e 19,2% em contribuições sociais a cargo do empregador.

Em Portugal, esses encargos são mesmo mais pesados que a média da OCDE (34,9%). Ainda assim, foram mais leves em 2024 do que no ano anterior (uma redução de 1,75 pontos percentuais resultado da baixa do IRS). Além disso, entre os vários países, há situações em que os descontos absorvem ainda mais dos custos do trabalho do que em Portugal, nomeadamente na Bélgica (52,6%) e na Alemanha (47,9%).

Todos os dados mencionados dizem respeito ao trabalhador médio, que não tem a seu cargo dependentes. As associações empresariais têm alertado para o peso dos impostos e contribuições sociais nos seus custos. O atual Governo tinha anunciado um estudo “tendente à revisão” da taxa de descontos para a Segurança Social, mas, com o fim antecipado da legislatura, tal ficou em suspenso.

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