Cimpor explora emissão de obrigações verdes na Europa

"Em conjunto com o nosso parceiro TCC Group Holdings, estamos a investigar oportunidades de green bonds na Europa para financiar as operações", disse o administrador financeiro da empresa.

A cimenteira Cimpor está a estudar uma emissão de obrigações verdes (green bonds) através de um banco europeu, num momento em que a empresa dos taiwaneses da TCC está a investir mais de 300 milhões de euros em descarbonização e a lançar-se no cimento sustentável.

Apesar de a Cimpor recorrer maioritariamente a instrumentos de corporate banking finance para financiar os seus investimentos, a empresa detida pela TCC Group Holdings (antiga Taiwan Cement Corporation) está a explorar esta nova hipótese para custear os seus projetos ligados à sustentabilidade, inclusive em Portugal.

“Priorizamos os produtos verdes. Os bancos, as instituições que dão mais atenção à sustentabilidade são o nosso maior foco. Nunca emitimos nenhuma obrigação aqui em Portugal, mas em conjunto com o nosso parceiro TCC Group Holdings, estamos a investigar oportunidades de green bonds na Europa para financiar as operações. Vai haver uma alocação [do valor] para o nosso negócio também, mas através da Europa”, disse ao ECO o Chief Financial Officer (CFO) da Cimpor, Eralp Tunçsoy, à margem da apresentação do futuro centro de investigação que vai abrir em Alhandra.

O administrador financeiro da Cimpor referiu ainda que, em Portugal, todas as operações financeiras foram realizadas através de bancos nacionais. “Todos os instrumentos financeiros que usámos para financiar os 1,7 mil milhões de euros [valor total de investimento da Cimpor em Portugal desde 2019] são através de Portugal. Nunca recorremos a um banco europeu, apesar de termos uma sede [europeia]. Nunca utilizámos nenhum banco internacional nem incorporámos nenhum banco turco ou outros”, esclareceu Eralp Tunçsoy.

No dia em que a Península Ibérica ficou às escuras, a Cimpor apresentou o seu próximo centro de Investigação e Desenvolvimento (I&D) para o setor da construção que vai criar, pelo menos, uma centena de postos de trabalho qualificados a partir de Alhandra, em Vila Franca de Xira.

“Farol para a inovação e sustentabilidade para as indústrias do cimento e da construção, servindo Portugal e as geografias da Cimpor em todo o mundo. Imaginamos o novo centro de I&D como um hub de investigação de ponta, focado nas prioridades-chave para a nossa indústria e planeta”, caracterizou o CEO da Cimpor Portugal e Cabo Verde, Cevat Mert, na cerimónia onde participou o ministro da Economia, Pedro Reis, pouco antes de seguir para o Conselho de Ministros extraordinário convocado devido ao apagão.

O projeto da Cimpor na cimenteira mais antiga do país – 130 anos – incluirá materiais e tecnologias amigas do ambiente, como cimento de argila calcinada (ou LC3 – Limestone Calcined Clay Cement) e captura de carbono, além de combustíveis alternativos e reutilização de matérias-primas na fase de construção. E servirá como zona de colaboração de empresas (startups), estudantes e investigadores. “Será mais do que um edifício. Será uma plataforma para a colaboração. Unirá Governo, academia e indústria. Aqui, as aplicações do mundo real encontrarão inovações revolucionárias e iremos moldar a próxima geração de materiais de construção”, disse o chairman da Cimpor Global Holdings, Suat Çalbiyik.

Questionado sobre o recrutamento para este laboratório, Suat Çalbiyik garantiu que, “nos próximos anos, com todos os workshops“, podem “chegar a 100 jovens engenheiros adicionais”. “Neste momento, os jovens engenheiros estão a sair para trabalhar fora de Portugal. Por que não vêm para Portugal? Acredito que os engenheiros portugueses podem voltar para o seu país e trabalhar connosco”, afiançou o presidente do conselho de administração da Cimpor, em declarações aos jornalistas.

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