Caso BESA: Ex-braço-direito de Salgado diz que ex-banqueiro quis segurar Sobrinho até ao fim
O ex-braço-direito de Salgado disse que o ex-banqueiro quis segurar Álvaro Sobrinho no BESA até ao fim e que este só saiu da instituição por pressão dos acionistas angolanos.
O ex-braço-direito de Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, disse esta sexta-feira que o ex-banqueiro quis segurar Álvaro Sobrinho no Banco Espírito Santo Angola (BESA) até ao fim e que este só saiu da instituição por pressão dos acionistas angolanos.
“Desde sempre que achei que devíamos ser mais radicais na decisão [de afastar Álvaro Sobrinho do BESA] e o Dr. Ricardo [Salgado] não quis esse caminho. O Dr. Ricardo manteve-se sempre ao lado do Dr. Álvaro Sobrinho“, afirmou Amílcar Morais Pires, no segundo dia do julgamento do caso BESA, em Lisboa, em que responde por abuso de confiança e burla.
O banqueiro angolano acabaria por abandonar definitivamente o BESA em 28 de junho de 2013, mais de um ano depois de Amílcar Morais Pires ter assumido o pelouro do subsidiário do BES.
O afastamento, acrescentou, aconteceu depois de os acionistas angolanos do BESA, minoritários, terem decidido acabar com a “guerrilha institucional” que existia entre Álvaro Sobrinho e aquele que, numa solução intermédia encontrada por Ricardo Salgado, tinha sido nomeado seu sucessor na Comissão Executiva do BESA, Rui Guerra.
A medida, tomada num contexto em que o banqueiro angolano se recusaria a reportar a Amílcar Morais Pires, implicou que Álvaro Sobrinho passasse a ser presidente do Conselho de Administração do banco.
“Durante o primeiro trimestre de 2013, o Dr. Rui Guerra já estava em Angola e reportou-me […] que o Dr. Álvaro Sobrinho continuava a fazer despachos enquanto presidente do Conselho de Administração que interferiam na esfera da Comissão Executiva”, contou hoje o economista, de 63 anos.
Esta manhã, Amílcar Morais Pires insistiu ainda que, em junho de 2012, partilhou com os administradores e acionistas a informação então prestada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) de que a subsidiária angolana do BES tinha desequilíbrios e constituía um risco para o banco português, apesar de tal não constar das atas das reuniões.
O arguido justificou a ausência com o facto de o memorando na base da informação ter sido “considerado confidencial”, sublinhando que “nem todos os assuntos” tratados pelos órgãos do BES constam das atas.
O alerta visou ainda responder ao entendimento expresso pelo coletivo de juízes de que, numa ata daquela data, Amílcar Morais Pires aparentava estar a tranquilizar os presentes sobre a situação do BESA e não a alertá-los para os problemas do banco angolano.
Em causa neste processo está, nomeadamente, o alegado desvio, entre 2007 e 2012, de fundos de um financiamento do BES ao BESA em linhas de crédito do Mercado Monetário Interbancário (MMI) e em descoberto bancário.
Além de Amílcar Morais Pires, estão a ser julgados Ricardo Salgado, de 80 anos e doente de Alzheimer, Álvaro Sobrinho, de 62, o empresário luso-angolano Helder Bataglia, de 78, e o ex-administrador do BES Rui Silveira.
Em geral, os arguidos respondem por abuso de confiança, branqueamento e burla e negam a prática dos crimes.
O julgamento prossegue esta tarde e no próximo dia 19 de maio com a continuação do interrogatório de Amílcar Morais Pires.
O BES faliu no verão de 2014 e o BESA foi liquidado em outubro seguinte.
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