Lucro do BCP sobe 4% para 243,5 milhões no primeiro trimestre

"Foi um resultado bastante razoável", admitiu o CEO do banco, Miguel Maya. Margem financeira resistiu à descida dos juros. Recursos de clientes superam fasquia dos 100 mil milhões.

O BCP registou lucros de 243,5 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, uma subida de quase 4% em relação ao mesmo período de 2024. “Foi um resultado bastante razoável”, assumiu o CEO do banco, Miguel Maya, em conferência de imprensa.

Em Portugal, o lucro avançou 7,6% para 218,9 milhões de euros. O banco polaco também teve um trimestre positivo, com um resultado de 42,8 milhões, “apesar dos encargos significativos” de 130,81 milhões associados à carteira de créditos hipotecários francos suíços. Moçambique pesou por conta da revisão em baixa do rating do país, mas Miguel Maya sinalizou o “compromisso forte” num mercado onde já está há três décadas.

Contas feitas, fecha os três primeiros meses do ano com uma rentabilidade dos capitais próprios (ROE) de quase 14%.

Apesar da inversão dos juros no ano passado, que já está a condicionar as contas do setor, o banco manteve ainda um crescimento da margem financeira no arranque do ano: somou 3,6% para 721,1 milhões de euros. Foi um “comportamento muitíssimo resiliente”, notou Miguel Maya. As comissões aumentaram 2,1% para 201,4 milhões, possibilitando um aumento de 3,1% do produto bancário para 922,5 milhões.

Os custos tiveram um disparo de 10% para 339,7 milhões. Miguel Maya disse que teve uma gestão “muito rigorosa”, mas o impacto da inflação ainda se está a fazer sentir. Ainda assim, o cost to income de 37% mantém o banco dentro do objetivo do plano estratégico (abaixo dos 40%).

Recursos superam 100 mil milhões

Ao nível do balanço, o BCP superou a marca dos 100 mil milhões de euros de recursos de clientes, que tiveram um crescimento de 6%. Aqui incluem-se depósitos (85,1 mil milhões) e recursos fora de balanço (18 mil milhões). Portugal conta para 70% do total dos recursos.

A carteira de crédito subiu 2,2% a nível do grupo, sendo que em Portugal cresceu 1,3% para 38,9 mil milhões.

Fruto da recuperação realizada nos últimos anos, o BCP continua em forte alta na bolsa de Lisboa, negociando em máximos de nove anos depois de uma valorização de 36% desde o início do ano, que lhe confere um valor de mercado de 9,5 mil milhões de euros.

“É o reconhecer de um trabalho de muitos anos, de reinvenção do banco e de alinhar o banco com os interesses da sociedade”, frisou o CEO.

O banco tem em curso um plano de recompra de ações próprias no valor de 200 milhões de euros no âmbito da política de remuneração acionista que visa distribuir até 75% do resultado pelos acionistas.

20% da garantia usada

Miguel Maya adiantou ainda que o banco já alocou 20% dos 185 milhões de euros de garantia pública para a concessão de crédito à habitação para os jovens.

O BCP já aprovou mais de 280 milhões de euros em crédito para os jovens ao abrigo da linha do Estado, tendo já recebido mais de 5.700 pedidos.

O CEO diz que está a usar a linha “com rigor” e que por isso não espera incumprimentos da parte dos mutuários. “Vai ser muito baixo [o nível de default], os clientes vão pagar os seus créditos. Não houve facilitação da aferição da capacidade dos clientes para pagarem os empréstimos”, assegurou Miguel Maya.

(Notícia atualizada às 18h55 com dados sobre a garantia pública)

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