Fundação José Neves já pagou propinas de 509 pessoas. Investimento ultrapassa três milhões de euros

Fundação José Neves atribuiu bolsas de estudo desde setembro de 2020 e, até ao momento, 509 alunos já beneficiariam, num investimento superior a 3,4 milhões de euros.

Em menos de cinco anos, a Fundação José Neves já cobriu as propinas de 509 pessoas, num investimento superior a 3,4 milhões de euros. Segundo o balanço avançado em primeira mão ao ECO, dos beneficiários destas bolsas de estudo, mais de 400 já terminaram as suas formações, e 95 já devolveram, entretanto, na íntegra o valor do apoio à fundação.

Ultrapassar as 500 bolsas atribuídas demonstra a vitalidade e a importância [deste] programa inédito em Portugal, que permite aos bolseiros estudarem sem preocupações financeiras“, sublinha José Neves, fundador e líder da fundação em causa.

Criado em setembro de 2020, o programa assegura o pagamento das propinas aos selecionados, que podem ser estudantes, profissionais que estejam no mercado de trabalho ou desempregados, desde que sejam maiores de idade e tenham residência fiscal e cartão de cidadão português.

Depois de terminar a formação e começar a trabalhar, o beneficiário devolve faseadamente o montante do apoio.

Estas bolsas estão disponíveis para cursos ou formações com duração até 24 meses (como mestrados e cursos vocacionais), nas instituições de ensino que sejam parceiras da Fundação José Neves. No balanço enviado ao ECO, indica-se que, neste momento, já há 41 instituições de ensino com parcerias firmadas e 515 cursos elegíveis em Portugal continental e Açores.

Entre os que terminaram a formação há, pelo menos, três meses, a taxa de empregabilidade vai nos 86%, acompanhada de um aumento salarial superior a 20% para os bolseiros que trabalhavam antes da formação.

Fundação José Neves

Outro dado relevante deste programa tem que ver com a empregabilidade e os salários que resultam deste investimento na formação. “Entre os que terminaram a formação há, pelo menos, três meses, a taxa de empregabilidade vai nos 86%, acompanhada de um aumento salarial superior a 20% para os bolseiros que trabalhavam antes da formação”, detalha a Fundação José Neves.

“As bolsas abrangem um público muito diversificado, de todo o país e de todas as faixas etárias, sendo a mais representada a faixa compreendida entre os 25 e os 34 anos (48%). A maioria dos bolseiros frequenta bootcamps tecnológicos, seguindo-se mestrados e pós-graduações“, acrescenta a fundação.

Este programa é devolvido em parceria com a Fundação Galp desde outubro de 2023 e conta com o apoio da União Europeia, no âmbito do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos. As candidaturas seguem abertas, e devem ser feitas online.

“Bolsa retirou-me um peso significativo”

Após ter concluído as provas da Academia de Código e ter recebido a notícia de que tinha sido aceite, Martim Afonso deparou-se com as diferentes opções de pagamento que estavam à sua disposição para cobrir os custos do bootcamp intensivo de full stack programming que tinha na mira.

“Uma delas era a bolsa ISA FJN”, conta. “Fiz a minha pesquisa e percebi que o conceito por detrás desta bolsa era bastante interessante e vantajoso, especialmente pela flexibilidade associada ao pagamento. Decidi candidatar-me e fui aceite“, lembra o jovem que é hoje programador informático.

Martim Afonso trabalhava numa loja de produtos informáticos. Com a formação, passou a programador informático

Sem a bolsa da Fundação José Neves, teria avançado com a formação, mas teria recorrido a um crédito pessoal, “o que implicaria mais encargos e um risco financeiro maior”, realça. A bolsa retirou-me um peso significativo“, acrescenta, salientando que, ao contrário dos créditos tradicionais, neste programa não existem juros e os pagamentos só são feitos quando há condições para tal.

“Felizmente, consegui sempre cumprir com os pagamentos após terminar o curso e, passados cerca de dois a três anos, estava tudo saldado. Foi uma solução muito menos sufocante do que um empréstimo convencional”, assinala Martim Afonso.

Sofia Gregório também já está a devolver a bolsa que recebeu da fundação em causa. Neste caso, o apoio serviu para que conseguisse fazer um mestrado em Direito Social e da Inovação, que “representava um valor demasiado avultado para o que eu, na altura, conseguia pagar sem ter de recorrer a um crédito pessoal“.

Permitiu-me realizar o mestrado com calma e sem ter de estar constantemente preocupada com uma prestação no banco, que teria de estar a trabalhar em simultâneo para a pagar.

Sofia Gregório

Bolseira da Fundação José Neves

“Decidi candidatar-me a esta bolsa, porque uma amiga ouviu falar da mesma no dia aberto dos mestrados na NOVA, e transmitiu-me a existência da mesma, que fez todo o sentido face à minha situação à data”, explica a jovem, que admite que teria feito a formação mesmo sem a bolsa, mas — como Martim Afonso — teria recorrido a um crédito.

Nesse cenário, as suas notas também “não teriam sido tão elevadas” e Sofia Gregório “não teria tido tanto sucesso académico se tivesse de estar a trabalhar em simultâneo, como sucedeu na licenciatura“, destaca.

“Permitiu-me realizar o mestrado com calma e sem ter de estar constantemente preocupada com uma prestação no banco, que teria de estar a trabalhar em simultâneo para a pagar. Como alguém que sempre foi trabalhadora-estudante, ter a oportunidade de me poder focar só nos estudos foi crucial para o meu sucesso no mestrado“, detalha Sofia Gregório.

Mais atrás neste processo, Inês Ferreira está agora a iniciar uma pós-graduação, com o apoio deste programa. Licenciada em Serviço Social, trabalha atualmente na área, mas sentiu “a necessidade de alargar horizontes” e de se desafiar “com uma formação na área da data science“.

Iniciou esse curso recentemente, com a esperança de que essa aposta lhe abra novas oportunidades de emprego e crescimento.

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