Câmara de Loures vai despejar 400 inquilinos por falta de pagamento de rendas

Autarquia liderada por Ricardo Leão contactou mais de mil inquilinos que não pagavam renda, para que regularizassem as dívidas. Cerca de um terço nunca respondeu. Notificação de despejo já seguiu.

A Câmara Municipal de Loures vai proceder ao despejo de 400 apartamentos de bairros municipais, direcionando esses fogos para responder a solicitações de habitação social. Por detrás da situação está o incumprimento no pagamento de rendas, que se arrasta há mais de dois anos, adiantou Ricardo Leão, presidente da autarquia: “É cumprir a constituição, a justiça social que eu quero para o meu concelho, onde todos sintam que todos cumprimos.”

Falando na segunda edição da Local Summit, organizada pelo ECO/Local Online, o socialista eleito em 2021 – quando ganhou a câmara ao comunista Bernardino Soares – explicou ter recebido uma herança de 18 milhões de dívidas em rendas, referentes a 55% do total de inquilinos da câmara.

“Atuámos, primeiro com um ato humanista, não fomos logo para o despejo, avisámos, criámos um plano – até lhe chamaram plano Leão – de regularização de dívida que podia ir até 60 prestações. Mas tinham que cumprir o seu compromisso de redução da dívida, e pagavam a renda da casa. Com meia dúzia de despejos, com as pessoas a aderirem ao programa de redução de dívida, temos hoje a boa notícia de que baixámos para 18,5% de incumpridores”.

Durante estes dois anos e meio nem sequer se dignaram a responder à câmara, nem em participar neste plano de redução de dívidas. Estão-se borrifando. Já todos receberam a ordem de despejo, são 400 fogos, mas é da vida, porque é injusto

Agora, são esses 18,5%, ou cerca de 400 arrendatários, que serão despejados. “São pessoas que durante estes dois anos e meio nem sequer se dignaram a responder à câmara, nem em participar neste plano de redução de dívidas. Estão-se borrifando. Já todos receberam a ordem de despejo, são 400 fogos, mas é da vida, porque é injusto. Tanto era injusto para os 45% que pagavam e olhavam para os 55% que não pagavam e assim iam continuando a aumentar, como agora é injusto para os outros 80% que estão a cumprir, veem os 18% que não estão a cumprir, e nada se faz.”

O autarca socialista diz ter constatado “um problema que existia há décadas” e recorda que os mais de 1200 inquilinos que não pagavam, num universo de 2500 fogos municipais, têm hoje rendas na ordem dos 10 a 15 euros. Valores superiores às rendas que encontrou nos fogos de habitação municipal, e que rondavam os quatro euros. “A CDU, durante oito anos, fingiu que não via, meteu a cabeça na areia, e nem atualizou” as rendas, acusa.

“É assim que se acaba com o populismo”

Nesta conferência do ECO/Local Online, Ricardo Leão relembrou a polémica de novembro passado, quando se viu obrigado a demitir-se de presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do Partido Socialista, após uma polémica com declarações acerca de inquilinos da câmara envolvidos nos dias de distúrbios em Lisboa e vários concelhos limítrofes. Na altura, o autarca defendeu, numa reunião da câmara a que preside, que os inquilinos que fossem identificados como autores da destruição de património municipal seriam despejados. “É óbvio que eu não quero que um criminoso que tenha participado nestes acontecimentos, se for ele o titular do contrato de arrendamento é para acabar e é para despejar, ponto final parágrafo”, referiu, citado pela Lusa.

Dias depois, num artigo de opinião no jornal Público, assinado por António Costa, José Leitão e Pedro Silva Pereira, sob o título “em defesa da honra do PS”, escrevia-se que “quando um dirigente socialista ofende gravemente os valores, a identidade e a cultura do PS, não há calculismo taticista que o possa desvalorizar. É esse legado que sentimos o dever de defender”.

Agora, na Local Summit, numa referência implícita aos apelos à reflexão que se vão ouvindo após a queda do PS para terceira força política nas legislativas, Ricardo Leão destaca que “o concelho de Loures foi um dos gauleses no distrito de Lisboa onde o PS conseguiu vencer”.

Leão realça ter sido, na ocasião das suas palavras, “muito crucificado pelo que disse há um ano. Sei bem o que a população sente, não preciso agora de nenhuma reflexão. Eu já refleti muito. De há um ano e tal a esta parte comecei a ouvir da população o cansaço que existia, na teoria de que era uns terem de trabalhar para outros. O que é facto é que isso existia. Fui daqueles que jamais enfiei a cabeça na areia e fingir que não existe nada, ou considerar que há assuntos tabus e são propriedade de A, B ou C. Há que enfrentar os problemas e resolvê-los. É assim que se mata o populismo”, defende.

O autarca recupera uma expressão polémica proferida aquando do caso de novembro passado: “Agarrámos o problema de frente e com pulso firme, sem dó nem piedade.” Prosseguindo no ataque a quem colocou em causa o respeito pelos princípios fundamentais do seu partido, Ricardo Leão afirma não ver “nos valores do PS nada em que se viole qualquer valor ou princípio do PS, por defender que todos tenham os mesmos direitos ou os mesmos deveres. É estar a cumprir a Constituição, a justiça social que eu quero para o meu concelho, onde todos sintam que todos cumprimos.”

Implacável para com os incumpridores, e destacando o milhar de pedidos de apoio habitacional, designadamente “mães solteiras com filhos doentes”, o presidente da Câmara de Loures defende que “quem não cumpre as suas obrigações é despejado das suas habitações. Isto para muitos socialistas foi difícil de ouvir. Não vou permitir que [os moradores de] 400 fogos, que nem sequer respondem à câmara, ocupem casas às pessoas que estão na lista de espera. Com o despejo, desses mil [em espera] são 400 [casos] que ficam resolvidos.”

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Um terço das cirurgias do SNS são realizadas “fora de horas”. Número sobe 170% em cinco anos

Nos últimos cinco anos, as cirurgias realizadas fora do horário laboral regular representaram cerca de 26% do total nos hospitais públicos, tendo registado um aumento todos os anos.

O peso das cirurgias no SNS realizadas fora do horário regular disparou nos últimos cinco anos e, em 2024, já representavam 32,6% do total das operações nos hospitais públicos, tendo superado as 239 mil intervenções. Um crescimento que é quase três vezes mais do que a subida registada no número total de cirurgias realizadas no SNS no ano passado face a 2020.

De acordo com dados da Direção Executiva do SNS disponibilizados ao ECO, nos últimos cinco anos (terminados em 2024), as cirurgias realizadas fora de horas representaram cerca de 26% das cirurgias totais realizadas nos hospitais públicos, tendo registado um aumento todos os anos ao longo deste período.

Os dados revelam que o número de cirurgias “fora de horas”, contratualizada pelo Conselho de Administração com os diretores de serviços, aumentou 21% em 2024 face a 2023 e 170,36% face a 2020.

Esmiuçando os números verifica-se que o peso das cirurgias feitas extra horário regular passou de 19,3% em 2020 para 32,6% em 2024. Ou seja, se há cinco anos uma em cada dez intervenções cirúrgicas no SNS era feita ao abrigo da produção adicional, atualmente o número aumentou para três em cada dez.

O número de cirurgias em regime de produção adicional tem também registado um crescimento bem acima do crescimento global de cirurgias. Nos últimos cinco anos, o ritmo de crescimento das operações “fora de horas” aumentou a um ritmo 2,4 vezes acima do aumento de cirurgias globais. Só no ano passado, estas intervenções adicionais subiram a um ritmo duas vezes superior ao aumento das cirurgias em produção adicional.

Contudo, o ano passado nem foi o ano mais desigual. Em 2023, enquanto o total de cirurgias aumentou 7,2%, as cirurgias “fora de horas” cresceram 3,4 vezes mais a um ritmo de 24,4%.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Questionado sobre o montante associados às cirurgias adicionais no SNS, fonte oficial da Direção Executiva do SNS destaca que estas resultam “dos acordos estabelecidos entre os Conselhos de Administração das Unidades Locais de Saúde (ULS) e os respetivos serviços, que contratualizam, nomeadamente, as quantidades de produção a realizar e a percentagem de distribuição pelas equipas envolvidas”.

“Deste modo, os valores e percentagens podem variar entre ULS e entre serviços, sempre dentro dos parâmetros legais previamente definidos”, indica.

Como o ECO explica aqui, as cirurgias “fora de horas” estão previstas no Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), como mecanismo para reduzir o excesso de doentes em lista de espera. Este sistema abrange toda a atividade cirúrgica programada realizada a utentes do SNS, seja ela efetuada nos hospitais públicos ou nos hospitais privados e do setor social que tenham contratos de convenção ou acordos de cooperação com o SNS para a realização de atividade cirúrgica.

Se o hospital não consegue resolver a situação clínica dentro do prazo (decorrido 75% do tempo de espera admissível predefinido), o utente ou é transferido para outro hospital do SNS – através da emissão de uma nota de transferências – ou procede-se à emissão do tal vale cirurgia para privado/setor social (misericórdias, fundações…) convencionados.

De acordo com dados da Direção Executiva do SNS, o número total de operações ao abrigo do SIGIC ascendeu a 788.340 mil, o que compara com as 716.025 realizadas em 2023 e as 514.000 registadas em 2020. Em 2024, do total, 733.331 intervenções foram feitas no SNS, um número que inclui as PPP (38.093).

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O Ministério Público abriu na terça-feira um inquérito ao caso do dermatologista que terá recebido 51 mil euros em apenas um dia de trabalho no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Na sexta-feira, a CNN revelou que o médico terá recebido 400 mil euros em 10 sábados de trabalho adicional em 2024, tendo um dos dias sido utilizado para retirar lesões benignas aos pais.

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) também abriu esta segunda-feira um inquérito à atividade cirúrgica adicional realizada no SNS, assim como uma auditoria aos factos relacionados com a atividade cirúrgica realizada em produção adicional e classificação dos doentes em grupos de diagnósticos homogéneos (GDH), no Serviço de Dermatologia da Unidade Local de Santa Maria, desde 2021 até ao momento.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, já censurou o caso, considerando que “em nada abona na confiança dos portugueses”.

O Governo criou em março um grupo de trabalho temporário para preparar o fim do Sistema Integrado de Gestão de Acesso (SIGA) e do Sistema Integrado de Gestão Inscritos para Cirurgia (SIGIC), substituindo-o pelo Sistema de Informação Nacional de Acesso a Consulta e Cirurgia (SINACC).

No despacho, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, assinalou que “o modelo atualmente em vigor revela fragilidades que comprometem a resposta do SNS, nomeadamente a fragmentação dos processos, a falta de articulação entre os diferentes níveis de cuidados, a ausência de uma abordagem integrada na gestão das listas de espera e a necessidade de mecanismos mais robustos de monitorização e auditoria”.

Realçou ainda que a implementação do SINACC obrigava a “um processo de transição estruturado”, de modo a assegurar “a continuidade da prestação de cuidados de saúde, a adaptação dos sistemas de informação e a definição de novos procedimentos operacionais em todas as instituições do SNS”.

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Portuguesa BA Glass perde quase 60% dos lucros e fecha fábrica na Grécia

Integração das aquisições no México e Polónia pressiona rentabilidade da gigante nortenha das embalagens de vidro, que parou várias linhas de produção e encerrou uma fábrica nos subúrbios de Atenas.

Os lucros da BA Glass encolheram para 157,2 milhões de euros em 2024, quase 60% abaixo do resultado que tinha obtido ano no anterior, quando regressou em força às compras internacionais com aquisições no México, na Polónia e no Reino Unido.

Com o mercado global das embalagens de vidro em recuperação lenta e a integração das novas operações no estrangeiro a “pesarem negativamente” na rentabilidade, a gigante sediada em Vila Nova de Gaia alcançou um EBITDA de 402 milhões, com uma margem de 26,4%, significativamente abaixo dos 533 milhões (35,7%) em 2023.

Os dados financeiros consultados pelo ECO mostram que no último ano, o primeiro com Tiago Moreira da Silva na presidência executiva – substituiu Sandra Santos no cargo em fevereiro -, estas aquisições apresentaram margens EBITDA inferiores às da “velha” BA Glass e conduziram a custos mais elevados com amortizações e imparidades, baixando a margem de lucro operacional de 26,4% para 15,9%.

A dívida líquida aumentou em 380 milhões no espaço de um ano, com os resultados financeiros a avolumarem as perdas de 22,2 para 34 milhões de euros.

Fonte: BA Glass | Unidade: milhares de euros

O chairman Paulo Azevedo assinala no relatório e contas do ano passado que a BA Glass “batalhou arduamente para encontrar maneiras de lidar com os níveis reduzidos de procura com o objetivo de evitar o fecho de fábricas, reduzir as paragens ao mínimo e encontrar eficiências nos custos para compensar a queda nas margens”.

Apesar dos “enormes esforços e do grande número de iniciativas que as equipas empreenderam, muitas das quais resultaram em conquistas significativas”, o antigo CEO da Sonae, que ocupa desde 2020 o papel de chairman na vidreira, admite que o grupo nortenho “não [conseguiu] atingir os volumes de vendas necessários ou os níveis de rentabilidade desejados”.

Apesar dos enormes esforços e do grande número de iniciativas que as equipas empreenderam, (….) não conseguimos atingir os volumes de vendas necessários ou os níveis de rentabilidade desejados.

Paulo Azevedo

Chairman da BA Glass

Já com o contributo da mexicana Vidrio Formas (participação de 60%) e da unidade de reciclagem de vidro da britânica Recresco, pelas quais pagou 380 milhões de euros, além de uma terceira fábrica na Polónia (Oszesze) comprada à gigante Canpack, a quarta maior produtora mundial de embalagens de vidro registou um ligeiro crescimento homólogo (0,6%) nas vendas consolidadas, para 1.532 milhões de euros.

Esta performance ao nível das vendas assentou na subida da faturação com embalagens de comida e nos segmentos da cerveja — a nova unidade polaca diversificou o negócio na Europa central — e das bebidas espirituosas, em que “fortaleceu a posição no México apesar do declínio da procura no mercado da tequila”.

Num ano que começou com elevados níveis de stocks, a multinacional de origem portuguesa refere que um dos maiores desafios continuou a ser a manutenção das linhas de produção em operação. Pressionada sobretudo pela nova operação no México, que alargou a presença industrial ao continente americano, contabilizou que, pelo segundo ano consecutivo, voltou a reduzir a capacidade produtiva: -4,5% em 2024.

Tiago Moreira da Silva descreve que “a maioria das fábricas enfrentou dificuldades” no arranque do exercício e “as condições de mercado complicaram ainda mais as operações”, o que levou à “paralisação temporária” das linhas de produção em algumas unidades industriais e ao encerramento definitivo da fábrica na Grécia.

Reportagem na Fábrica da BA Glass em Avintes - 17JAN24
As garrafas de vinho representaram 13% da produção total do grupo em 2024Ricardo Castelo/ECO

Situada na localidade de Egaleo, nos subúrbios de Atenas, esta que era a última fábrica de embalagens de vidro no país estava nas mãos da BA Glass desde 2017. Nessa altura, o grupo português pagou cerca de 500 milhões de euros à família Voulgarakis para ficar com o Yioula Group, num negócio que incluiu outras duas unidades na Bulgária (Sofia e Plovdiv) e uma na Roménia (Bucareste).

Segundo relatos na imprensa grega, com o fecho desta fábrica, que Paulo Azevedo diz ter sido um “momento extremamente difícil para todos”, perderam o emprego 140 funcionários permanentes, além de dezenas de contratados a prazo e outros colaboradores externos envolvidos em atividades de transporte e fornecimento.

No relatório e contas, a BA Glass assegura que teve o “máximo cuidado e consideração pelos colaboradores na Grécia, garantindo total transparência e envolvimento durante todo o processo”. Já o encerramento é justificado com a “crise do mercado, aliada ao investimento significativo que seria necessário para modernizar uma instalação com limitações estruturais”.

Precisamos de ser frugais para termos mais hipóteses de lidar com surpresas que podem vir das tarifas, direta ou indiretamente, mas também da escalada da guerra que temos na fronteira da UE.

Tiago Moreira da Silva

CEO da BA Glass

Após ter fechado o último exercício com uma “posição financeira e económica sólida” e “preparada para melhorar a rentabilidade” se se confirmar a recuperação do mercado das embalagens de vidro na Europa e na América do Norte, a BA Glass adverte no mesmo documento que “os desafios pela frente são substanciais”.

“Precisamos de ser frugais para termos mais hipóteses de lidar com surpresas que podem vir das tarifas, direta ou indiretamente, mas também da escalada da guerra que temos na fronteira da UE. É importante sermos conservadores, mas ousados; pacientes, mas reativos; e consequentes nos esforços para melhorar a cada dia”, resume o CEO, que ingressou na empresa em 2008 e comandou as operações na Ibéria e na Europa Central.

Frascos para comida já valem um terço das vendas

Fundada em 1912 como Barbosa & Almeida, Lda. pelos sócios Raul da Silva Barbosa e Domingos de Almeida, e controlada desde 2004 e em partes iguais pelas famílias Silva Domingues e de Carlos Moreira da Silva — uma divisão que aconteceu na sequência de um MBO ao capital da empresa que pertencia ao universo Sonae —, sem a Grécia soma agora 13 fábricas de vidro distribuídas por sete países e ainda cinco unidades de reciclagem em Portugal, Espanha, Reino Unido e México.

Além das três unidades industriais em território nacional (Avintes, Marinha Grande e Venda Nova), tem três na Polónia (Sieraków, Jedlice e Oszesze), duas em Espanha (León e Villafranca de los Barros), duas na Bulgária (Sofia e Plovdiv) e uma na Alemanha (Gardelegen), Roménia (Bucareste) e México (Lerma).

Com vendas registadas em mais de 70 países, durante o ano passado, a BA Glass produziu mais de 11 mil milhões de garrafas e frascos: 34% para comida, 26% para cerveja, 13% para vinho, 13% para refrigerantes e 13% para bebidas espirituosas.

No final de 2024, o grupo dava emprego a tempo inteiro a 4.869 pessoas (vs. 4.107 em 2023) de 40 nacionalidades. Mais de 80% são homens e metade está na empresa há menos de uma década. Um em cada quatro (24%) trabalha em Portugal, sendo a Polónia (20%) o segundo país onde tem mais trabalhadores.

Reportagem na Fábrica da BA Glass em Avintes - 17JAN24
Fábrica da BA Glass em Avintes, Vila Nova de GaiaRicardo Castelo/ECO

Se a estreia no México ficou marcada por interrupções de produção durante todo o ano por causa da “desaceleração da procura” no mercado da tequila e pelo facto de os clientes americanos terem os armazéns cheios dos volumes comprados no ano anterior, a incorporação da Recresco (Nottinghamshire), comprada à família Gent, contribuiu para aumentar em cinco pontos percentuais, para 40,6%, a taxa de incorporação de vidro reciclado na produção de novas garrafas e frascos.

O volume de investimento, que tinha atingido um recorde de 203 milhões de euros em 2023, no ano passado baixou para 178 milhões. Mais de 60% foi aplicado na reconstrução de fornos, sobretudo na Bulgária e em Portugal (Avintes), para reforçar a eficiência das operações e otimizar os consumos energéticos. No campo da inovação, para renovar o portefólio e seguir oportunidades de negócio, desenvolveu 381 novos projetos e duplicou o lançamento de novos modelos (136).

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Ricardo Oliveira: “Ainda há um caminho a percorrer no veículo elétrico para explorar o seu completo potencial”

  • ECO
  • 29 Maio 2025

Ricardo Oliveira é o convidado do 10º episódio do ECO Auto, numa parceria do jornal Eco com o Mundo Automóvel.

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Fundador do World Shopper, tem dedicado o seu percurso profissional a atividades no setor automóvel, nas áreas da consultoria, formação, customer experience com o projeto Viver Elétrico e ao desenvolvimento do estudo 2025 Automotive 360º Vision, procurando prever o futuro da indústria automóvel e da mobilidade com informação objetiva com base nos ensaios aos veículos elétricos.

Ricardo Oliveira mostra os diferentes aspetos das experiências realizadas pela equipa Viver Elétrico, com uma visão estruturada sobre a realidade da transição para a mobilidade elétrica. “Estudamos o fenómeno de um ponto de vista teórico e prático, descendo ao terreno e vendo como o mercado está a evoluir. Tentamos aproximar-nos dos clientes para perceber o impacto das inovações e o seu potencial”.

Destaca o caminho a percorrer com o reaproveitamento e a reciclagem das baterias ao nível do impacto ambiental e a importância de uma área que se dedique à reparação, reutilização e reciclagem das baterias, assim como a implementação do Vehicle-to-grid (V2G), ao nível da questão financeira, assumindo ter dificuldade em ver um futuro próximo que não passe pela via da eletrificação que ainda está em vias de desenvolvimento.

Ricardo Oliveira considera que os principais inibidores do acesso às viaturas elétricas são a autonomia e o preço de aquisição, apesar das vantagens relativamente aos custos de abastecimento e manutenção, sendo o custo de carregamento em casa o mais acessível, conveniente e cómodo. O veículo elétrico é importante para o objetivo da redução das emissões de CO2, mas também de óxidos de azoto e partículas finas que são poluentes importantes nas grandes cidades. Em média, os utilizadores europeus em ambiente urbano percorrem cerca de 80 quilómetros diariamente em zonas urbanas e suburbanas.

Ricardo Oliveira, fundador do World Shopper, consultor e formador na área automóvel, customer experience com o projeto Viver Elétrico, desenvolveu o estudo 2025 Automotive 360º Vision

O Viver Elétrico faz regularmente viagens para diferentes destinos na Europa de modo a avaliar a evolução e eficácia das redes de carregamento tendo em conta que a autonomia e o tempo de viagem, importantes fatores de decisão dos consumidores para a adesão aos veículos elétricos. Considerando, por exemplo, a primeira viagem efetuada num veículo elétrico de Lisboa a Genève em 2017, e a que o Viver elétrico realizou em 2024 para a Alemanha, verifica-se uma considerável evolução, nomeadamente em Espanha, que se atrasou na mobilidade elétrica, mas que hoje já recuperou, ou em França, onde os postos de carregamento têm intervalos inferiores a 100 quilómetros.

Também os tempos de viagem em veículo elétrico e de combustão são hoje praticamente idênticos. Num percurso de 900 quilómetros, entre Paris e S. Sebastien, cumprindo as velocidades, verificou-se uma diferença irrelevante de 16 minutos.

Ricardo Oliveira atribui uma nota positiva à rede portuguesa, bastante capilar em todo o país, com variadas opções de carregamento e em desenvolvimento permanente, não só em Portugal como por toda a Europa. As experiências do Viver Elétrico são feitas sempre exclusivamente com carregamento público e recomendam uma maior utilização de VE por parte das empresas, com vantagens não só para a descarbonização como para os custos operacionais.

O Podcast ECO Auto resulta de uma parceria com o Mundo Automóvel e está disponível no Spotify e na Apple Podcasts.

Também pode assistir ao podcast no vídeo abaixo:

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Tribunal comercial impede Trump de impor tarifas

  • Lusa
  • 29 Maio 2025

Um tribunal comercial federal impediu Trump de impor tarifas invocando uma lei de poderes de emergência, através da qual tem anunciado medidas tarifárias contra parceiros comerciais.

Um tribunal comercial federal impediu na quarta-feira o Presidente norte-americano Donald Trump de impor tarifas invocando uma lei de poderes de emergência, através da qual tem anunciado medidas tarifárias contra a grande maioria dos parceiros comerciais.

A decisão de um painel de três juízes surgiu após vários processos judiciais que alegam que Trump excedeu a sua autoridade, deixou a política comercial dos EUA dependente dos seus caprichos e desencadeou o caos económico. Pelo menos sete processos estão a contestar as tarifas, a peça central da política comercial de Trump, noticiou a agência Associated Press (AP).

As tarifas têm normalmente de ser aprovadas pelo Congresso norte-americano, mas Trump afirma ter o poder de agir porque os défices comerciais do país representam uma emergência nacional. O presidente republicano impôs tarifas à maioria dos países do mundo em determinado momento, o que abalou os mercados.

Os autores dos processos defendem que a Lei dos Poderes Económicos de Emergência Internacional (IEPPA) de 1977 não autoriza a utilização de tarifas. Mesmo que tal acontecesse, o défice comercial não cumpre o requisito legal de que uma emergência seja desencadeada apenas por uma “ameaça invulgar e extraordinária”, defendem ainda.

Os EUA têm um défice comercial com o resto do mundo há 49 anos consecutivos.

Desde que regressou à Casa Branca (presidência), em janeiro, Trump anunciou medidas tarifárias contra a grande maioria dos parceiros comerciais dos Estados Unidos, algumas das quais foram suspensas temporariamente até 09 de julho, devido à reação negativa dos mercados.

As medidas em vigor incluem tarifas de 25% sobre o aço, o alumínio e os seus derivados, 25% sobre os automóveis importados e certas peças automóveis, juntamente com uma tarifa de base de 10% aplicável a todos os seus parceiros comerciais.

Para a União Europeia (UE), esta tarifa de 10% poderá aumentar para 20% após o termo da atual pausa dos Estados Unidos em julho.

Na sequência da imposição dos direitos aduaneiros, os Estados Unidos já celebraram acordos comerciais com o Reino Unido e a China para reduzir as taxas e aumentar o acesso a esses mercados.

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