Maioria dos trabalhadores diz não estar a receber formação suficiente em inteligência artificial
Trabalhadores portugueses consideram que não estão a receber formação suficiente em inteligência artificial, o que é essencial para a utilização do potencial desta tecnologia, segundo barómetro da EY.
As empresas até têm investido mais em formação em inteligência artificial (IA), mas a qualidade desses programas “é uma preocupação significativa”. De acordo com um novo estudo da consultora EY, a maioria dos trabalhadores europeus (e portugueses, em concreto) diz mesmo não estar a receber formação suficiente para usar estas novas ferramentas tecnológicas.
“Ainda que as organizações estejam a aumentar a formação em inteligência artificial disponibilizada aos seus trabalhadores, a qualidade destes programas é uma preocupação significativa. Os empregados precisam de formação feita à medida das suas necessidades e funções“, sublinha a EY, no “European AI Barometer 2025”.
Entre os quase cinco mil trabalhadores ouvidos pela consultora em nove países (entre os quais, Portugal), só 24% indicam estar a receber formação suficiente para utilizar estas ferramentas tecnológicas. E 37% defendem que deveria haver um reforço desses programas.
Portugal está alinhado com estas médias europeias. Por cá, foram ouvidos cerca de 200 trabalhadores, e apenas 24% acreditam estar a receber formação suficiente em inteligência artificial, enquanto 31% afirmam que deveriam ter mais formação.
“A adoção de inteligência artificial não deve ser encarada apenas como uma questão de investimento em tecnologia. Exige know-how técnico, formação contínua e liderança ativa na transformação cultural e organizacional das organizações”, salienta, em reação a estes dados, Sérgio Ferreira, partner da EY e líder de IA da consultora.
Estes dados são particularmente relevantes, uma vez que a maioria dos trabalhadores acredita que a inteligência artificial terá algum impacto no seu emprego. “Portugal, onde a percentagem de utilizadores de IA é expressiva, está no grupo dos países mais apreensivos nesta matéria: três em cada quatro inquiridos acreditam que algumas dimensões dos seus empregos serão substituídas pela IA“, explica a EY.
Numa nota mais positiva, quase metade dos ouvidos em Portugal afirma que com recurso a esta tecnologia a sua produtividade já melhorou muito ou de alguma forma.
Portugueses são dos mais satisfeitos com IA
Entre os nove países analisados, Portugal é aquele onde os trabalhadores avaliam melhor a sua experiência com a inteligência artificial. Por cá, 90% fazem uma análise positiva, seguindo-se Espanha (89%) e a Suíça (86%), como mostra o gráfico abaixo.
Além disso, a EY destaca que os níveis de adoção desta tecnologia em Portugal são expressivos: 31% dos inquiridos dizem usar inteligência artificial tanto em contexto profissional como pessoal, enquanto 40% só o fazem na vida pessoal e 12% apenas no trabalho.
Neste ponto, é a Suíça a líder entre os países analisados, 85% dos inquiridos dizem usar inteligência artificial. “Em contraste, a adesão é inferior na Áustria e em França (ambos com 73%)”, é salientado.
Demasiado cedo para avaliar impacto nas contas
De acordo com o barómetro da EY, o uso da inteligência artificial já trouxe ganhos adicionais ou poupanças avaliadas em 6,24 milhões de euros às empresas europeias. Mas há diferenças consideráveis entre os países analisados.
“Espanha destaca-se como o país onde mais organizações percecionam maiores benefícios financeiros — a nível de poupança de custos ou aumento das receitas — da IA (70%), seguida da Bélgica (60%) e da Alemanha (59%)”, assinala a consultora.
Já em Portugal, 42% das empresas consideram que estas ferramentas tecnológicas já estão a gerar poupanças ou um aumento das receitas. Em paralelo, 43% das empresas portuguesas ouvidas assumem uma atitude de prudência, salientando que ainda é demasiado cedo para avaliar os impactos.
“Entre os inquiridos em Portugal que reportaram benefícios financeiros, a maioria (62%) quantifica esses efeitos em até um milhão de euros (43% na média europeia) e 27% entre um e cinco milhões de euros (34% na média europeia). Já 11% indicam benefícios que oscilam entre 15 e 50 milhões de euros (16% na média europeia)”, acrescenta a EY.
É de notar ainda que 41% das empresas portuguesas prevê gastar menos de 500 mil euros nestas tecnologias nos próximos cinco ano. “Na média dos países em análise, os setores onde o impacto económico da IA é mais evidente são a indústria avançada (78%), desporto (74%) e agroalimentar (73%)”, é ainda observado.
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