Ministro da Economia admite que Portugal pode não crescer 2,4% este ano

Governo vai assinar contrato com o Fundo Europeu de Investimento para "colocar na economia 6.500 milhões de euros a uma taxa de juro mais baixa" alavancados com 500 milhões de euros.

O ministro da Economia e da Coesão admitiu, pela primeira vez que, afinal, Portugal pode não crescer 2,4% este ano. Apesar do efeito das tarifas de Trump, da guerra na Ucrânia e da incerteza que assola a economia mundial, Manuel Castro Almeida considera que o país “crescerá mais de 2% este ano”.

No segundo trimestre vai haver uma normalização do crescimento. Pode não se cumprir o objetivo dos 2,4% que estava inicialmente traçado, mas será sempre acima dos dois pontos percentuais”, disse Castro Almeida quarta-feira no “Negócios da Semana”, na Sic Notícias.

O ministro das Finanças tem recusado admitir que Portugal poderá crescer menos, tendo em conta o contexto internacional. Um contexto que ditou a revisão em baixa das previsões por parte da maior parte das instituições.

A Comissão Europeia, nas previsões da Primavera, prevê que Portugal cresça apenas 1,8% este ano e acelere para 2,2% no seguinte; o Fundo Monetário Internacional antecipa que Portugal cresça 2% este ano e 1,7% no próximo, o Conselho das Finanças Públicas aponta para um crescimento de 2,2% e o Banco de Portugal é o que está mais próximo das previsões do Executivo com 2,3% de progressão do PIB.

Miranda Sarmento, que até já chegou a admitir que Portugal poderia mesmo crescer 2,5% este ano, admitiu no entanto que a estimativa de 2,4% “não está descartada, mas é mais exigente”. Em todo o caso, os números que temos apontam para crescimento acima de 2% com toda a incerteza que existe, recessão nos EUA, tarifas muito elevadas, ou seja, vários fatores de incerteza”, sublinhou Miranda Sarmento, na “Grande Entrevista”, na RTP3, em maio.

Cerca de 15 dias depois, Miranda Sarmento, já dizia apenas: “Continuamos a perspetivar um crescimento económico acima de 2%. Os próximos trimestres corrigirão o que foram os dados do primeiro trimestre”.

De acordo com os dados do INE, o PIB contraiu-se 0,5% na comparação em cadeia, quando no trimestre anterior tinha subido 1,4%. Reflexo de um contributo nulo da procura interna (após ter sido positivo nos últimos três meses de 2024) e do contributo negativo da procura externa líquida.

Castro Almeida desdramatiza este desempenho, explica que se deve ao excelente resultado do quarto trimestre de 2024 – “o melhor trimestre desde que há euro” –, quando Portugal “cresceu praticamente o dobro da média europeia”. “Não vai ser nenhum drama”, garantiu rejeitando liminarmente um cenário de recessão técnica (dois trimestres consecutivos de crescimento negativo). “Seria uma surpresa enorme para mim, acho que isso não vai acontecer”, frisou.

“Este ano vamos continuar a crescer mais do que a UE”, antecipou o novo super-ministro.

“A guerra, os problemas com as tarifas americanas trouxeram instabilidade à economia, é impossível ficar de fora destes problemas. O Governo vai tentar superar estas dificuldade para ter um crescimento”, explicou, frisando que o objetivo é “com políticas corretas” fazer com que Portugal, “a cada ano, se aproxime da média europeia”. “Há 30 anos que estamos a 82% da média europeia. Temos estado em estagnação”, diz.

Castro Almeida sinalizou que as empresas nacionais “estão muito descapitalizadas e, por isso, é preciso recurso ao crédito”. Por isso, o ministro sublinhou que, no próximo dia 11, “vai estar em Portugal a presidente do FEI para assinar um contrato com o Estado português em que vai ser intermediário o Banco de Fomento, que “permitirá mobilizar 6.500 milhões de euros para apoio a 30 mil empresas que vão poder beneficiar de crédito com garantia europeia”.

Ou seja, 50% do crédito que o banco concede vai ter uma garantia europeia. O banco comercial “só corre risco sobre os restantes 50%” e assim “vai poder baixar a taxa de juro”. Castro Almeida antecipa que “empresas que hoje pagam um spread de 1,25% ou 1,5% passem a pagar 0,6% ou 0,7%”.

“Os 6.500 milhões são mobilizados apenas com 500 milhões de euros”, acrescentou. Em causa está a implementação da “gaveta nacional” do Programa InvestEU, que é financiada com 450 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a que se somam mais 50 milhões sob a forma de garantias do Estado português a favor da União Europeia.

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