EDP e Merlin unem-se para primeiro centro de dados neutro em carbono
As duas empresas pretendem que este seja um passo significativo para estabelecer a Península Ibérica como um hub digital e tecnológico líder na Europa.
A elétrica EDP e a Merlin Properties, empresa imobiliária e de infraestruturas, assinaram uma parceria com o objetivo de vir a alimentar com fontes de energia limpa o primeiro campus de data centers neutro em carbono em Portugal.
Este campus está a ser desenvolvido pela Merlin Edge, empresa do grupo Merlin, no concelho de Vila Franca de Xira, a cerca de 20 quilómetros de Lisboa.
Esta colaboração visa responder à crescente procura de soluções de energias renováveis para alimentar infraestruturas tecnológicas, lê-se no comunicado enviado às redações. A EDP planeia implementar o maior projeto de energia solar descentralizada da sua história num único local, para fornecer energia a estes centros de dados, com centrais solares que podem atingir até 100 megawatts-pico (MWp) de capacidade instalada.
As duas empresas pretendem que este seja um passo significativo para estabelecer a Península Ibérica como um hub digital e tecnológico líder na Europa. De acordo com a Agência Internacional de Energia, espera-se que a procura de eletricidade por parte dos centros de dados mais do que duplique nos próximos cinco anos.
O projeto de energia solar descentralizada que a EDP pretende desenvolver será complementado por outras soluções de fornecimento de energia a longo prazo, permitindo que a Merlin Edged tenha acesso a eletricidade renovável 24 horas por dia, 7 dias por semana. Como resultado, o campus será alimentado pela sua própria energia, com benefícios que incluem uma maior eficiência energética, custos operacionais reduzidos, maior independência energética e uma contribuição significativa para a redução das emissões de carbono na região.
O centro de dados e os projetos de energias renováveis estão a ser desenvolvidos em paralelo. Neste sentido, o fornecimento de energia limpa será assegurado desde o primeiro dia de funcionamento do campus.
“Estas infraestruturas [centros de dados] de grande escala requerem um fornecimento de energia robusto, fiável e acessível – acelerando ainda mais a procura de projetos de energias renováveis. A Península Ibérica está especialmente bem posicionada para liderar este crescimento“, afirmou Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, citado no comunicado.
“Estamos perante um mercado em claro crescimento, impulsionado pela rápida evolução tecnológica e pelo elevado consumo digital. (…) O desafio é fazê-lo de forma sustentável e eficiente, num setor tradicionalmente intensivo na utilização de energia e água”, reconhece Ismael Clemente, CEO da Merlin. De forma a colmatar esta questão, os centros de dados da Merlin têm um consumo líquido zero de água para arrefecimento e utilizam 67% menos energia para estes sistemas, em comparação com a média europeia. A parceria com a EDP “ajuda a posicionar Portugal como um mercado de referência na área dos centros de dados”, concluiu o mesmo responsável.
Importa recordar que, em maio, a imprensa espanhola revelou que a Merlin decidiu desviar de Portugal para Espanha parte do investimento neste centro de dados. Citando declarações do CEO, Ismael Clemente, durante uma assembleia geral de acionistas, o Cinco Días noticiou que a capacidade inicial deste centro foi reduzida de 108 MW (megawatts) para 36 MW por “prudência”, o que representa apenas um terço da capacidade inicialmente prevista.
“Tirámos 72 MW que iríamos instalar em Portugal e acrescentámos 78 MW aos ativos localizados em Madrid”, explicou o gestor, justificando com as restrições que os EUA previam aplicar à compra de chips em Portugal a partir de maio, implementadas ainda pelo Governo de Joe Biden, e que foram entretanto rasgadas pela nova Administração Trump antes sequer de entrarem em vigor.
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