Quem vai ser o próximo governador do Banco de Portugal?
Centeno deixa cargo da mesma forma que o iniciou, em confronto com Miranda Sarmento. Governo revela hoje o próximo governador do Banco de Portugal. Álvaro Santos Pereira é o nome provável.
Quem vai ser o próximo governador do Banco de Portugal? Há um nome que é dado como provável sucessor nos corredores do Governo, o do economista Álvaro Santos Pereira, mas o mistério será desvendado finalmente esta quinta-feira pelo Governo depois de muita especulação e uma certeza: Mário Centeno não verá o seu mandato renovado e está de saída da liderança do supervisor da banca. Centeno, cujo mandato já terminou no fim de semana passado, prepara-se para deixar o cargo da mesma forma com que o iniciou há cinco anos: em confronto direto com Joaquim Miranda Sarmento, agora por conta do negócio (milionário) da futura sede do Banco de Portugal nos terrenos da antiga Feira Popular, em Lisboa.
O Governo sondou vários candidatos de uma short-list de que constavam os nomes de Ricardo Reis, o primeiro a ser contactado, Sérgio Rebelo e Vítor Gaspar. Cada um deles, por razões diferentes, mostrou-se indisponível para discutir a possibilidade de vir a ser governador, mas Álvaro Santos Pereira estava também na lista de preferidos do Governo desde o primeiro momento. Aceitam-se apostas.
Quando o Executivo anunciar o nome do novo governador, Mário Centeno estará em Frankfurt (ou, possivelmente, já no avião de regresso a Portugal) onde participa na reunião do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE) para decidir o rumo das taxas de juro. Spoiler alert: não deverá haver novidades.

Quais os poderes do governador?
A definição da política monetária é um dos principais poderes do governador do Banco de Portugal, embora muito limitados desde que o país e os portugueses adotaram o euro há 25 anos.
O governador português tem assento no conselho de governadores do BCE onde são tomadas as decisões sobre a subida ou descida dos juros, mas não participa em todas as reuniões. Há um sistema de rotação que dá mais direitos de voto aos países com as maiores economias e sistemas financeiros.
Nos últimos anos de crise inflacionista, Mário Centeno adotou uma postura completamente ‘dovish’ – termo usado para classificar uma abordagem da política monetária mais relaxada, por oposição à abordagem ‘hawkish’. Como demonstram, de resto, as suas últimas intervenções públicas em que alertou para o risco de a fraqueza da economia da Zona Euro deixar a taxa de inflação abaixo da meta de forma mais persistente como no passado recente.
A lei orgânica do Banco de Portugal confere ainda ao governador a competência de representar o supervisor e atuar em nome deste junto de instituições estrangeiras ou internacionais.
Mas, talvez mais importante do que isso, o governador do Banco de Portugal goza de reconhecimento e credibilidade. Esse estatuto faz com que as suas opiniões e alertas (sobretudo aquelas que possam ter um cariz mais político) tenham maior impacto na sociedade.
Centeno vs. Miranda Sarmento
O caso da futura sede do Banco de Portugal representou o último de um longo historial de diferendos entre Miranda Sarmento e Centeno. Que começou logo em 2020 quando Centeno se preparava para tomar posse como governador vindo do Ministério das Finanças, passagem que Miranda Sarmento, na altura deputado do PSD, criticou duramente.
Pelo meio, os dois foram trocando galhardetes. Centeno desafiou muitas das medidas políticas (desde a descida do IRC à garantia pública para a habitação) e projeções económicas do Governo de Luís Montenegro e opôs-se a ter o Banco de Portugal a pagar o salário de Hélder Rosalino enquanto secretário-geral do Executivo.
Miranda Sarmento criticou os prejuízos do Banco de Portugal quando já se antecipavam resultados negativos do banco central por conta da subida das taxas de juro. Em outubro do ano passado, em entrevista ao Expresso, não se coibiu de deixar nova bicada a Centeno: “Se me está a perguntar se equaciono a possibilidade de ser governador em junho de 2025, não. Nunca passaria diretamente desta casa para governador”, afirmou.
Agora, depois das dúvidas levantadas em relação ao projeto da nova sede do Banco de Portugal, Sarmento ordenou uma auditoria da Inspeção-Geral das Finanças ao negócio assinado por Mário Centeno a poucas semanas de terminar o mandato.
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