Salário médio líquido sobe 7% para 1.264 euros. Veja as profissões com maiores aumentos
A meio do ano, trabalhadores dependentes tiveram um aumento de 7,3% face à subida anterior de 10%. Ordenado médio de gestores e políticos supera pela primeira vez os 2.000 euros.
O salário médio líquido dos trabalhadores por conta de outrem subiu mais de 7% a meio do ano para 1.264 euros. Mas gestores, diretores e políticos ganham mais. O ordenado médio líquido desta classe profissional superou pela primeira vez os 2.000 euros, distando agora cerca de 1.200 euros face aos ordenados mais baixos dos trabalhadores não qualificados, segundo os cálculos do ECO com base nos novos dados publicados, esta quarta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), juntamente com as estatísticas do emprego relativas ao período entre abril e junho de 2025.
No segundo trimestre do ano, o vencimento médio líquido aumentou 7,3% para 1.264 euros, em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o ordenado médio já limpo de impostos e contribuições sociais estava nos 1.178 euros. Trata-se de um aumento mais modesto, de 86 euros, face aos três meses anteriores, altura em que o impulso tinha sido de quase 10% ou de 108 euros.
Em termos reais, já descontando o impacto da inflação média dos últimos 12 meses registada em junho, de 2,4%, o crescimento foi menor, mas ainda significativo: 7,1% ou 83,94 euros. Isto significa que 2,06 euros do aumento nominal de 86 euros foi “comido” pela subida dos preços. Subtraindo então o efeito do custo de vida, o ordenado médio líquido avançou para 1.261,94 euros.
O rendimento médio mensal líquido da população empregada por conta de outrem, já depois da retenção na fonte em sede de IRS e das contribuições sociais, tem estado a crescer consecutivamente. No ano passado, a folha salarial dos trabalhadores subiu 100 euros para 1.142 euros, correspondendo a um aumento de 9,6%, em relação ao vencimento médio de 1.042 euros de 2023. Foi a maior subida da década.
O arranque de 2025 manteve esta trajetória ascendente das remunerações, com o ordenado médio líquido a ultrapassar a fasquia dos 1.200 euros. Entre abril e junho, a valorização manteve-se positiva nos 7% mas arrefeceu. De destacar os maiores aumentos verificados nas Forças Armadas, nos técnicos de nível intermédio e nos trabalhadores não qualificados.
No caso dos políticos, gestores e diretores, o ordenado médio líquido superou pela primeira vez os 2.000 euros ao ter alcançado o patamar dos 2.060 euros, já limpos de retenções na fonte para o IRS e contribuições para a Segurança Social. Esta evolução está diretamente relacionada com o fim do corte salarial de 5% no início do ano. A penalização sobre os titulares de cargos políticos e gestores públicos perdurava desde o período da troika e foi eliminada por proposta de PSD e CDS, aprovada no âmbito do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025).
O fosso entre os ordenados mais elevados, dos representantes do poder legislativo, gestores e diretores, e os salários mais baixos, dos trabalhadores não qualificados é cada vez maior: passou de 1.189 para 1.67 euros em termos homólogos. No segundo trimestre, os executivos ganhavam 2.060 euros e os trabalhadores pior remuneradores recebiam apenas 793 euros líquidos no final do mês.
Na variação em cadeia, do primeiro para o segundo trimestre de 2025, o aumento do salário médio líquido foi bastante mais ligeiro, de 1,12% ou 14 euros em comparação com o ordenado de 1.250 euros calculado pelo INE.
Maiores aumentos para militares, técnicos e trabalhadores não qualificados
Analisando a variação das remunerações médias líquidas por grupos de profissões, o INE mostra que, no segundo trimestre do ano, Forças Armadas, técnicos de nível intermédio e trabalhadores não qualificados foram as classes que registaram um maior aumento dos salários.
No topo do ranking, estão os militares que passaram a ganhar 1.802 euros, ou seja, mais 18,87% ou 286 euros face ao ordenado de há um ano, que estava nos 1.516 euros, um resultado influenciado por medidas de valorização da carreira militar como a atualização em 50 euros do suplemento de condição militar, que subiu de 300 para 350 euros mensais, no início do ano, ou pela equiparação da remuneração base dos postos de praças e sargentos das Forças Armadas e da GNR.
Em segundo lugar, surge o grupo dos técnicos de nível intermédio. A folha de vencimento destes profissionais saltou de 1.242 euros para 1.368 euros, um aumento de 126 euros, o que se traduz num crescimento homólogo de 10,14%
A completar o pódio das maiores subidas no salário médio líquido estão os trabalhadores não qualificados, que tiveram um incremento remuneratório de 9,83% ou de 71 euros, o que elevou o ordenado de 722 para 793 euros mensais líquidos. De salientar que este vencimento fica abaixo do salário mínimo, de 870 euros mensais brutos, porque se trata do valor já limpo, depois dos descontos de 11% para a Segurança Social, sendo que não há lugar a retenção na fonte em sede de IRS no caso da retribuição mínima.
Se subtrairmos essa parcela das contribuições sociais, a remuneração mínima mensal garantida recuaria para 774,3 euros, ou seja, ficaria abaixo do salário médio mensal apurado para os trabalhadores não qualificados.
Em sentido oposto, entre os grupos profissionais com aumentos salariais menos significativos, em termos homólogos, e que ficaram abaixo do aumento médio (7,30%), estão os operários da indústria, os agricultores e os profissionais das atividades científicas e intelectuais, onde se incluem médicos e professores.
Entre abril e junho, o vencimento dos trabalhadores qualificados da indústria, construção e artífices atingiu os 1.038 euros, uma subida de 4,74% ou de 47 euros face ao ordenado do mesmo período do ano passado, de 991 euros.
Na lista das menores variações, seguem-se os agricultores e e trabalhadores qualificados da agricultura, da pesca e da floresta, cujo ordenado médio líquido deu um salto de 4,77% ou 42 euros, evoluindo de 881 euros para 923 euros.
Os especialistas das atividades intelectuais e científicas completam o grupo de profissões com incrementos remuneratórios mais modestos: beneficiaram de um aumento de 5,84% ou de 94 euros, o que elevou o ordenado médio líquido de 1.610 para 1.704 euros.
Seguranças, vendedores e operários da indústria com perda salarial na variação em cadeia
Já na comparação entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025, os trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança, os vendedores e os operários da indústria sofreram uma redução no rendimento mensal líquido.
No caso dos seguranças e vendedores, verificou-se uma queda salarial de 0,62% ou de seis euros, o que fez o ordenado cair de 969 para 963 euros, entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano. Em relação aos trabalhadores das fábricas, os salários encolheram 0,57% ou seis euros, passado de 1.044 para 1.038 euros.
De salientar ainda o aumento bastante comedido que se verificou nos rendimentos mensais líquidos dos profissionais das atividades intelectuais e científicas, que beneficiaram de uma subida em cadeia de apenas 0,12% ou de dois euros. A folha de vencimento passou assim de 1.702 para 1.704 euros.
Também o pessoal administrativo praticamente não foi aumentado, tendo usufruído de uma valorização de 0,76% ou de oito euros, na comparação entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025. A remuneração destes trabalhadores subiu, desta forma, de 1.048 para 1.056 euros.
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