Juros do crédito à habitação em mínimos de quase três anos

Taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação caiu para 2,88% em julho, enquanto o stock dos novos empréstimos superou os 2,1 mil milhões de euros pela primeira vez na história.

A descida das taxas de juro dos empréstimos à habitação chegou ao sexto mês consecutivo e trouxe boas notícias às famílias que procuram financiamento para comprar casa. Em julho, a taxa média das novas operações de crédito à habitação fixou-se em 2,88%, representando o valor mais baixo desde novembro de 2022, segundo dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

Esta descida observou-se quer nos novos contratos, quer nos contratos renegociados, cujas taxas médias se reduziram 0,01 pontos percentuais e 0,13 pontos percentuais, para 2,86% e 3,03%, respetivamente”, refere o regulador em comunicado.

A quebra das taxas de juro das novas operações em julho face a junho foi de 0,04 pontos percentuais, continuando uma trajetória descendente que se iniciou no início do ano. Esta evolução positiva surge num contexto em que “os novos contratos de empréstimos a particulares aumentaram 291 milhões de euros para 3.033 milhões de euros, o valor mais elevado da série histórica, com início em dezembro de 2014”, refere ainda o Banco de Portugal. Este recorde é também visível nos novos contratos de empréstimo à habitação, com o stock a crescer 190 milhões de euros para 2105 milhões de euros, o valor mais elevado desde pelo menos dezembro de 2014 (início da série do Banco de Portugal.

No panorama comparativo europeu, Portugal mantém uma posição competitiva. A taxa de juro média das novas operações de empréstimos à habitação no conjunto dos países da área do euro situou-se nos 3,28%, colocando Portugal com a quinta taxa mais baixa, bem abaixo da média europeia.

Os dados do Banco de Portugal revelam ainda que os jovens até aos 35 anos representaram 59% do montante de novos contratos para habitação própria permanente, um peso semelhante ao observado em junho. Esta tendência demonstra que, apesar das dificuldades no acesso à habitação, as condições de financiamento mais favoráveis e os apoios do Estado aos jovens (garantia pública e isenção de pagamento do IMT e IS na compra da primeira habitação) estão a estimular a procura entre os mais novos.

A análise por tipo de taxa revela que 70% dos novos empréstimos à habitação foram contratados a taxa mista – uma modalidade que combina uma fase inicial com taxa fixa seguida de um período com taxa variável. Esta preferência dos consumidores reflete uma estratégia de equilíbrio entre a segurança inicial e a flexibilidade posterior. “Os contratos a taxa mista representavam, em julho, 40% do stock de crédito à habitação”, revela o Banco de Portugal.

Os contratos a taxa mista registaram uma taxa média de 2,77% em julho, enquanto os empréstimos a taxa fixa apresentaram a maior redução mensal, caindo 15 pontos base para 3,36%, refere o regulador. Já os empréstimos a taxa variável diminuíram 11 pontos base, para 2,83%.

Custo do crédito ao consumo também em queda

Apesar da evolução favorável das taxas de juro, a prestação média mensal do stock dos empréstimos à habitação manteve-se inalterada em julho nos 413 euros. Esta estabilidade surge num contexto em que o montante global de novas operações de empréstimos aos particulares totalizou 3.033 milhões de euros, mais 291 milhões do que em junho, revela o Banco de Portugal, notando ainda que “as renegociações de crédito foram de 386 milhões de euros, o que corresponde a uma redução de 6 milhões de euros em relação a junho.”

O movimento de descida das taxas de juro estendeu-se igualmente ao crédito ao consumo, embora de forma mais modesta. “Nos empréstimos ao consumo, a taxa de juro média de novas operações atingiu 8,82% em julho, registando uma redução de 0,04 pp relativamente a junho”, refere o regulador em comunicado.

Os novos contratos de empréstimos para consumo atingiram um máximo histórico de 636 milhões de euros em julho, representando um crescimento de 80 milhões de euros comparativamente a junho. Para outros fins que não habitação ou consumo, a taxa de juro média desceu seis pontos base, para 3,5%, com o montante de novos contratos a aumentar 20 milhões de euros, totalizando 291 milhões de euros.

A convergência destes indicadores aponta para um ambiente de financiamento progressivamente mais favorável às famílias portuguesas, numa altura em que a política monetária do Banco Central Europeu parece estar a surtir os efeitos desejados na economia real.

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