FedEx instala centro de serviços partilhados com 700 pessoas em Matosinhos
Gigante americana da logística vai ter equipa de 700 pessoas até ao final deste ano no Lionesa Business Hub, onde está a ser construído um novo edifício de escritórios com 7.000 metros quadrados.
A FedEx está a instalar um centro de serviços partilhados em Leça do Balio, no concelho de Matosinhos. Segundo apurou o ECO, esta operação de apoio às atividades internacionais da multinacional da área logística sediada em Memphis, nos Estados Unidos, vai chegar às 700 pessoas até ao final deste ano.
A diretora-geral do Lionesa Business Hub (LBH), Eduarda Pinto, confirmou ao ECO que está neste momento a ser construído um edifício com cerca de 7.000 metros quadrados (m2), distribuídos por quatro andares. Tem conclusão e data de entrega prevista para julho, um ano depois de iniciados os contactos formais.
Enquanto aguarda pela finalização das obras neste novo edifício, a FedEx já tem vindo a ocupar algumas áreas mais pequenas e que estavam disponíveis neste centro empresarial criado em 2002 para revitalizar o espaço industrial da antiga fábrica de sedas Lionesa, que faliu no final dos anos 1990.
O grupo americano arrancou as contratações no segundo semestre do ano passado e já terá assegurado perto de 350 profissionais. Embora não confirme ainda os serviços a prestar a partir de Matosinhos, entre as várias ofertas que estão a ser publicitadas por empresas de recrutamento — com exigência de conhecimento de línguas como o alemão ou o italiano, além do inglês — estão posições de clearance broker (despachante alfandegário) ou especializadas em tecnologias de informação.
O processo de recrutamento da FedEx correu muito bem, muito acima das expectativas. Perceberam que aqui havia muito mais potencial do que outras localizações que eles estavam a estudar.
Eduarda Pinto conta que a FedEx “vinha inicialmente à procura de metade da área, mas, como o processo de recrutamento correu muito bem, muito acima das expectativas, decidiu desenvolver outro tipo de unidades” na Lionesa. “Perceberam que aqui havia muito mais potencial do que outras localizações que eles estavam a estudar”, acrescenta a diretora geral, sem divulgar mais detalhes, descrevendo um processo negocial e de decisão “muito rápido”.
Vizinha para a Vestas, Farfetch, Bial ou Volkswagen
Com este novo centro de serviços partilhados em Portugal, a FedEx junta-se assim no Lionesa Business Hub a grupos internacionais como a Vestas, Oracle, Farfetch, Generix, Volkswagen Financial Services, Cofco ou Klöckner Pentaplast. No total, cerca de 125 empresas ocupam o projeto detido pela família do empresário Pedro Pinto, que assegura ter uma taxa de ocupação próxima de 100%.
Contando já com os 7.000 m2 acrescentados para a FedEx, o LBH adicionou um total de 14.000 m2 durante o ano passado, chegando a um total de 56.000 m2 de área ocupada. Outro dos destaques é a dinamarquesa Vestas: dois anos depois de ter entrado para uma ocupação inicial de 2.900 m2, expandiu para mais do dobro da área em 2021, com um novo edifício de 3.200 m2 em que terá a FedEx como vizinha.
A renovação do contrato com a Farfetch até 2025 – ano em que a empresa liderada por José Neves prevê concluir o seu próprio campus global em Matosinhos –; a nova área de 650 m2 arrendada pela farmacêutica Bial para colocar as equipas de tecnologias de informação, vendas e marketing; e a instalação da Volkswagen Financial Services, através do projeto Porto Application Center, foram outras operações recentes de relevo.
A diretora geral do LBH sublinha que “não quer ter só empresas e perfis de profissionais de tecnologia”, notando que a maior parte dos centros de serviços partilhados que ali estão instalados não são apenas das áreas tecnológicas, mas também financeiras, de apoio ao cliente ou de recursos humanos. “Queremos diversidade”, insiste Eduarda Pinto, calculando a criação de 800 postos de trabalho em 2021, mas admitindo que “cada vez mais está a ser difícil captar talentos” para estas novas operações.
“Uma das coisas que me deixa mais feliz é sentir uma viragem completa. Quando uma multinacional chega cá já não fala de mão-de-obra barata, mas em mão-de-obra de qualidade e em talento. Isso é importante porque também nos posiciona. Claro que tem as suas desvantagens porque neste momento Portugal, em termos de recursos humanos, já está a competir internacionalmente, que era algo que não acontecia há dez anos. Era impensável”, resume.
A responsável explica que a Lionesa ajuda a “fazer a ponte” com as autarquias, empresas de recursos humanos, universidades e outras instituições locais para que os investidores externos “possam agilizar o processo de recrutamento”. Por outro lado, queixa-se das “dificuldades tremendas” que as clientes têm encontrado no recrutamento e na legalização de trabalhadores estrangeiros para vir para Portugal, sobretudo com origem fora da Europa, como é o caso da Índia.
“É importante que consigamos importar pessoas. Estes processos têm de ser muito mais céleres e fáceis. Há muitos bloqueios do ponto de vista fiscal, para terem uma residência, acesso à saúde. A complexidade é enorme e, do ponto de vista nacional e governamental, temos de nos preocupar em criar condições [adequadas] para quem entra — além de sermos mais disruptivos no ensino e apostar no reskilling para oferecer mais talento ao mercado e ir ao encontro das necessidades das empresas”, conclui.
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