PS diz estar “comprometido com valorização do trabalho”, CGTP pede “mudança de rumo”
A secretária-geral da CGTP pediu “mudança de rumo” para acabar com “política de baixos salários”.
O PS afirmou este domingo estar “comprometido com a valorização do trabalho” no arranque da manifestação do 1.º de maio da CGTP, mas a secretária-geral desta central sindical pediu-lhe “mudança de rumo”.
O secretário-geral adjunto do PS, João Torres, chegou à manifestação em Lisboa acompanhado das dirigentes nacionais Vera Braz e Susana Amador e foi cumprimentar Isabel Camarinha, com quem conversou durante cerca de cinco minutos para os microfones da comunicação social.
“O PS está comprometido com a valorização do trabalho no nosso país e estou muito convencido que haverá muitos pontos de vista convergentes”, afirmou o dirigente socialista, manifestando a disponibilidade do partido para dialogar em sede de concertação social.
Na resposta, a secretária-geral da CGTP agradeceu a saudação mas pediu “mudança de rumo” para acabar com “política de baixos salários”, e alertando para a “brutal perda de poder de compra” devido à inflação. “Sempre disponíveis para dialogar, mas o diálogo tem de ter consequências e o que está em cima da mesa não o garante”, defendeu.
Precariedade, poder de compra e emigração são prioridades para a UGT
O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT) disse hoje que o aumento do salário médio é fundamental e que o próximo 1.º de Maio poderá ser de luta caso as condições dos trabalhadores piorem até lá. “A nossa comemoração desta efeméride tão querida aos trabalhadores poderá decorrer sob o signo da luta, mas se tal acontecer não será certamente por nossa vontade, porque a preferência pelo diálogo está na génese da UGT”, disse Mário Mourão num discurso por ocasião do Dia do Trabalhador.
“A luta [no próximo 1.º de Maio, na rua] acontecerá se os governos e patrões fizerem orelhas moucas aos salários dignos que exigimos para a administração pública, para o setor privado e para o setor empresarial do Estado”, disse Mário Mourão, elencando algumas das exigências que os trabalhadores vão fazer durante os próximos meses.
A precariedade, a reposição do poder de compra devido à subida da inflação, os “despedimentos selvagens e injustificados, denominados hipocritamente de rescisões por mútuo acordo” e o impacto das fusões, concentrações ou vendas de grandes empresas foram alguns dos temas passados em revista pelo sindicalista, que alertou também para o “círculo vicioso” que existe na emigração.
BE pede atualização de salários pela inflação e respeito pelos horários de trabalho
A coordenadora do BE colocou hoje a atualização dos salários pela inflação e o respeito pelos horários dos trabalhadores como as duas exigências que considera serem transversais a todos os trabalhadores. Em declarações aos jornalistas na manifestação do 1º de Maio da CGTP, em Lisboa, Catarina Martins foi questionado sobre o que considera ser mais “urgente e necessário”, uma das palavras de ordem da marcha.
“Há duas exigências fundamentais que toda a gente que trabalha em Portugal sente. A primeira é que os salários sejam atualizados pela inflação, a inflação está a comer os salários, está a comer as pensões num país que já tem os salários mais baixos da Europa”, lamentou. A coordenadora do BE apontou ainda “uma segunda luta fundamental”, a do tempo de trabalho.
PCP promete que “fará tudo” na luta pela valorização dos trabalhadores
O secretário-geral do PCP saudou hoje o “impressionante 1.º de Maio” que se assinala por todo o país e assegurou que o partido “fará tudo” na luta pela valorização dos trabalhadores. Em declarações aos jornalistas à passagem da manifestação do 1.º de Maio organizada pela CGTP, Jerónimo de Sousa considerou que as razões e objetivos desta marcha “têm grande atualidade e importância”.
“Esta grande manifestação tem como objetivo a valorização do trabalho e dos trabalhadores, a questão fundamental da valorização dos salários e pensões, dos profissionais de saúde, da escola pública e dos pequenos e médios empresários”, destacou. Jerónimo de Sousa assegurou que “em relação a esses objetivos o PCP fará tudo para conseguir essa valorização que é devida aos trabalhadores”.
Milhares de pessoas rumam do Martim Moniz à Alameda em Lisboa
Milhares de pessoas concentraram-se no Martim Moniz, em Lisboa, cerca das 14:30 e partiram rumo à Alameda, pouco depois, no âmbito das celebrações do 1.º de Maio da CGTP. O desfile partiu ao ritmo de bombos e de palavras de ordem, cerca das 15:15, pela avenida Almirante Reis, com a organização a dar a partida aos microfones: “Abril continua, Maio está na rua!”; “vamos levantar bem alto aquilo que são as reivindicações dos trabalhadores”.
Os trabalhadores podem este ano celebrar o Dia do Trabalhador sem restrições associadas à pandemia de covid-19, ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, mas muitos optaram por usar máscara.
Entre as palavras de ordem ouviu-se “para o país progredir, é preciso investir” e “para o país avançar salários aumentar”. “Paz sim, guerra não”, entoaram os manifestantes que também pediram “combate ao aumento do custo de vida e à especulação”. Alguns dos manifestantes usam cravos vermelhos, numa alusão ao 25 de Abril de 1974.
Os trabalhadores portugueses podem hoje comemorar o 1.º de Maio sem restrições, participando nas iniciativas de rua que a CGTP promove em 31 localidades do país, ou no debate da UGT sobre os desafios do mundo laboral, em Lisboa. Nos últimos dois anos, devido às restrições relativas à pandemia da covid-19, a Intersindical não desistiu de assinalar a data na Alameda, embora apenas com cerca de um milhar de manifestantes, devidamente distanciados.
Este ano a CGTP volta a fazer o tradicional desfile na capital, a partir da praça do Martim Moniz até à Alameda, onde ocorre o comício sindical, assim como a manifestação do Porto, na avenida dos Aliados. Estão previstas manifestações, plenários, festas populares, provas desportivas e exposições em 31 localidades, que incluem as capitais de distrito, Açores e Madeira.
O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 136 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.
(Notícia atualizada pela última vez às 17h30)
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