Lucros da Corticeira Amorim crescem 8,6% até março
Empresa de Mozelos assume imparidades por causa da exposição aos mercados da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia. Subida de custos com energia, pessoal e matérias-primas travam maior crescimento.
A Corticeira Amorim terminou o primeiro trimestre com lucros de 20,1 milhões de euros. O desempenho representa uma melhoria de 8,6% no resultado líquido nos primeiros três meses do ano, segundo a apresentação de resultados divulgada nesta terça-feira junto da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A subida das vendas e o aumento da atividade económica em comparação com o período homólogo de 2021 – marcado pelo segundo confinamento da covid-19 – ajudam a explicar o desempenho da empresa liderada por António Rios Amorim.
O crescimento não foi mais expressivo devido ao “significativo agravamento dos custos de energia, pela subida do preço de algumas matérias-primas não cortiça e pelo aumento dos custos com pessoal“, assim refere o documento.
Por causa da guerra na Ucrânia, a empresa assumiu uma “abordagem mais prudente” à exposição aos mercados da Rússia, Ucrânia e Bielorrússia. Os resultados líquidos, por causa disso, incluem imparidades relativas aos inventários e clientes.
Em meados de março, António Rios Amorim já tinha admitido ao ECO a mudança de atitude relativamente aos três países do Leste europeu, que representaram cerca de 12 milhões de euros de vendas em 2021.
“Estamos a tentar fazer a cobrança, que é uma atividade muito importante. A venda só acaba quando o dinheiro entra na conta e não entrou ainda. O canal financeiro está bloqueado. Grande parte das transferências são difíceis de realizar porque tudo o que vem daqueles países neste momento não é bem visto. Os [departamentos de] compliance dos bancos têm dificuldade em dar sequência. Estamos a ver se conseguimos receber os montantes que tínhamos em aberto para conseguir manter a nossa solvabilidade financeira com esses mercados”, descreveu, então, António Rios Amorim, sem concretizar o valor em dívida.
Esta é a primeira apresentação de resultados desde que a Corticeira Amorim passou a deter metade do grupo italiano Saci – o negócio foi anunciado em janeiro deste ano, no valor de 48,6 milhões de euros e já foi paga a primeira tranche, de 25 milhões de euros. Se for incluído o desempenho dos italianos nos resultados, o crescimento dos lucros no primeiro trimestre é mais expressivo, de 25,9%.
Apesar do aumento do investimento em ativos, no valor de 14 milhões de euros, e do pagamento da primeira tranche no negócio da Saci, a dívida da empresa de Mozelos recuou para 46 milhões de euros, menos dois milhões do que no final de 2021 e menos 29,7 milhões do que nos primeiros três meses de 2021.
Rolhas com maior crescimento
Das quatro unidades de negócio da Corticeira Amorim, as rolhas cimentaram a posição de liderança em termos de vendas, com um crescimento de 37,8%, para 193,6 milhões de euros. O “forte crescimento dos volumes”, a subida de preços e a valorização cambial contribuíram para o desempenho.
As unidades de revestimentos e de aglomerados compósitos tiveram o mesmo montante de vendas: 38,4 milhões de euros. O crescimento foi mais expressivo (25,7%) para os revestimentos, graças ao aumento da atividade. Nos aglomerados compósitos, o crescimento de 7% deveu-se à valorização do dólar.
Em sentido contrário, o desempenho da unidade de isolamentos piorou 2,7%, para 3,4 milhões de euros. A culpa é da “base de comparação particularmente exigente desta unidade”, que cresceu 25,3% nos primeiros três meses de 2021 face a igual período de 2020.
(Notícia atualizada às 16h56 com mais informação)
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