Rede diplomática em contacto com Pretória sobre morte de Rendeiro
Governo procura "mais informações" sobre a morte do ex-banqueiro e garante "o apoio habitual”, como “em qualquer situação que envolve um cidadão nacional". Rendeiro seria hoje presente a tribunal.
A rede diplomática e consular de Portugal na África do Sul está em contacto com as autoridades sul-africanas para obter mais informações sobre a morte na prisão do antigo presidente do BPP João Rendeiro, anunciou hoje o Governo.
“Tomou-se conhecimento formal esta manhã da notícia do falecimento de João Rendeiro. A rede diplomática e consular na África do Sul está a acompanhar a situação e em contacto com as autoridades sul-africanas, a procurar mais informações sobre o que tenha ocorrido”, pode ler-se numa nota enviada à Lusa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Segundo o gabinete do ministro João Gomes Cravinho, “será prestado o apoio habitual”, como “em qualquer situação que envolve um cidadão nacional”.
João Rendeiro foi hoje encontrado enforcado na cadeia onde estava detido, na África do Sul, disse à Lusa a advogada do ex-banqueiro. June Marks acrescentou ainda que as autoridades estão a investigar as circunstâncias do que aconteceu.
João Rendeiro estava detido numa prisão de Durban, na África do Sul, onde aguardava uma decisão sobre o processo de extradição para Portugal. O ex-banqueiro tinha sido condenado em três processos distintos relacionados com o colapso do Banco Privado Português (BPP), tendo o tribunal dado como provado que retirou do banco 13,61 milhões de euros. Das três condenações, apenas uma já tinha transitado em julgado.
Em setembro do ano passado, Rendeiro tinha sido condenado a três anos e seis meses de prisão efetiva, num processo por burla qualificada, e esteve fugido à justiça até ser apanhado em dezembro na África do Sul.
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. Lesou milhares de clientes e causou perdas de centenas de milhões de euros ao Estado.
Rendeiro seria hoje presente a tribunal
João Rendeiro deveria ser hoje presente em tribunal, segundo uma nota do Departamento de Serviços Penitenciários enviada à Lusa. A advogada já confirmou que o ex-banqueiro iria hoje a tribunal, adiantando que “já não é relevante adiantar os motivos”.
Na nota enviada à Lusa é dito que “o Departamento de Serviços Penitenciários (DCS) confirma o infeliz falecimento de João Manuel de Oliveira Rendeiro, que estava detido no Centro Correcional de Westville, em Durban”.
O porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul, Singabakho Nxumalo, explicou depois à Lusa que o ex-banqueiro foi encontrado morto na cela onde estava detido “perto da meia-noite desta quinta-feira pelos guardas prisionais”. “O DCS lançou urgentemente uma investigação para determinar a causa e as circunstâncias que levaram à sua morte”, conclui a nota.
Questionado sobre as circunstâncias em que foi encontrado morto na cela onde estava detido, Singabakho Nxumalo, escusou-se a dar mais informação, referindo apenas que as autoridades sul-africanas estão a investigar o incidente.
“Assim que tivermos os resultados da autópsia, serão anunciadas as causas da morte, a investigação continuará para determinar as causas da morte. Estamos também a investigar a hora em que se realizou a última ronda [às celas], a hora que foi visto na cela e quando é que foi constatada a morte”, explicou.
Segundo porta-voz, o corpo de João Rendeiro foi transportado hoje para uma morgue fora da cadeia, em Durban, onde será submetido a uma autópsia para se averiguar as causas da sua morte. “Os nossos funcionários descobriram o corpo, alertando posteriormente os funcionários superiores sobre o incidente”, explicou à Lusa o porta-voz dos serviços prisionais da África do Sul, Singabakho Nxumalo.
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