Governo britânico avalia cortes na função pública para combater inflação
A medida pretende acabar com o fim da “duplicação” de funções e pode ser aplicada parcialmente com um “congelamento no recrutamento”, explicou Jacob Rees-Mogg.
O Governo britânico anunciou esta sexta-feira estar a avaliar cortar dezenas de milhares de empregos na função pública para gerar economias que possam ser usadas para combater o aumento do custo de vida.
“Trata-se de voltar ao serviço público que tínhamos em 2016”, justificou o secretário de Estado para o ‘Brexit’ e eficiência do Governo, Jacob Rees-Mogg, em declarações à estação Sky News, referindo que foram contratados mais de 91.000 funcionários públicos para lidar com o ‘Brexit’ (processo da saída britânica da União Europeia) e depois com a pandemia de covid-19.
A medida, acrescentou, pretende acabar com o fim da “duplicação” de funções e pode ser aplicada parcialmente com um “congelamento no recrutamento” para substituir milhares de funcionários que deixam a função pública todos os anos, seja para o setor privado ou por aposentação.
De acordo com a comunicação social britânica, o primeiro-ministro, Boris Johnson, pediu aos ministros num conselho ministerial realizado na quinta-feira para que apresentassem um plano dentro de um mês para reduzir o tamanho dos respetivos ministérios para os níveis de 2016. “Precisamos de reduzir o custo do Governo para reduzir o custo de vida”, defendeu o primeiro-ministro, em declarações ao jornal Daily Mail.
A medida, que afetaria 20% da força de trabalho atual, poderá representar uma redução na ordem dos 3.500 milhões de libras por ano (cerca de 4.100 milhões de euros), o que poderá financiar cortes de impostos.
O Reino Unido enfrenta atualmente uma crise do aumento do custo de vida devido aos efeitos da pandemia na economia, do aumento dos preços da energia e da guerra na Ucrânia, tendo o Banco de Inglaterra previsto que a inflação, atualmente nos 7%, chegue aos 10%.
O Governo está sob pressão da oposição para tomar medidas imediatas para ajudar as pessoas mais vulneráveis, nomeadamente através de um imposto extraordinário sobre os lucros das petrolíferas que têm tirado benefícios com o aumento dos preços dos hidrocarbonetos. Embora tenha inicialmente rejeitado esta hipótese, Boris Johnson indicou na quinta-feira que vai examinar essa opção.
O anúncio de hoje de cortes na função pública surge também no meio de um braço de ferro entre o Governo e os sindicatos sobre o teletrabalho, com Rees-Mogg determinado em fazer os trabalhadores a regressar aos escritórios. Segundo o Daily Telegraph, um estudo interno concluiu que até 75% dos funcionários continuavam a trabalhar remotamente, apesar de as restrições impostas no âmbito da pandemia terem sido completamente levantadas em fevereiro.
Porém, os sindicatos querem maior flexibilidade para a função pública, alegando que a produtividade não foi afetada, e alertam para o risco de estes cortes afetarem serviços como a emissão de passaportes, controlo de fronteiras e saúde. “Estes cortes parecem mais uma continuação das ‘guerras de cultura’ do Governo contra a função pública, ou pior ainda, cortes de empregos apressados e mal pensados que não vão resultar num Governo mais económico”, afirmou hoje o secretário-geral do sindicato FDA, Dave Penman.
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