Guerra obriga a corte das previsões de crescimento na Europa para 2,7% este ano
A previsão de inflação para este ano é 6,1% na zona euro, um aumento de 3,5 pontos percentuais face ao ano anterior. Já para 2023, a CE aponta para abrandamento da inflação para 2,7%.
A guerra na Ucrânia obrigou a Comissão Europeia a rever em baixa as previsões de crescimento, tanto para a União Europeia como para a Zona Euro. Nas Previsões da Primavera publicadas esta segunda-feira, Bruxelas antecipa um crescimento de 2,7% este ano e um abrandamento adicional de 2,3% em 2023. Esta é uma forte revisão em baixa face aos 4% e 2,8% (2,7% na zona euro) previstos anteriormente.
A explicação é a guerra que “mudou o cenário”, invertendo o impulso que as economias estavam a registar com o desconfinamento. “As perturbações adicionais nas cadeias de abastecimento alimentaram ainda mais as pressões nos preços das matérias-primas, agravando a incerteza”, sublinha a Comissão.
“A União Europeia está na primeira linha entre as economias desenvolvidas em termos de impacto da guerra devido à sua proximidade geográfica à Rússia e à Ucrânia, forte dependência de combustíveis importados, especialmente da Rússia, e elevada integração nas cadeias de valor globais”, sublinha o relatório que prevê que, este ano, os Estados Unidos cresçam 2,9%, o Japão 1,9% e a China 4,6%.
Mas o grande problema surge com o aumento dos preços da energia. Uma condicionante ao crescimento que já existia antes do início da guerra, mas que se agravou. A previsão de inflação para este ano é 6,1% na Zona Euro, um aumento de 3,5 pontos percentuais face ao ano anterior. Já para 2023, a Comissão aponta para um forte abrandamento da taxa de inflação para 2,7%, ainda assim acima do limiar de 2% definido pelo Banco Central Europeu, e que faz soar as campainhas de alarme para um aumento das taxas de juro. O pico deve ser atingido no segundo trimestre (6,9%) para depois abrandar gradualmente.
A nível da União no seu conjunto, a previsão de inflação é de 6,8% este ano e de 3,2% no próximo. Também no conjunto dos 27 países se assume uma revisão em alta de 3,9 pontos percentuais face a 2021. Em média, a inflação subjacente, que não tem em conta os preços da energia nem os bens alimentares não transformados, deverá ser de 3%, tanto na zona euro como na UE e tanto em 2022 como em 2023 antecipa a Comissão.
O comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, na conferência de imprensa de apresentação do documento, sublinhou ainda as grandes diferença nas taxas de inflação dos vários países da UE: “dos 4,4% em Portugal e os 12,5% na Lituânia”.
“As exportações e as importações vão dar um fraco contributo para o crescimento”, lembrou ainda o comissário europeu para a Economia.
A penalizar o desempenho das economias europeias está ainda o grande fluxo de refugiados a fugir da guerra, diz o relatório. Cinco milhões de pessoas nas primeiras dez semanas desde o início da guerra colocam um desafio adicional em termos de organização e coordenação na União Europeia.
Num primeiro comentário a estas novas previsões económicas, o vice-presidente executivo da Comissão Valdis Dombrovskis admitiu que “não restam dúvidas de que a economia da UE está a atravessar um período desafiante devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia”, o que forçou a uma revisão em baixa das projeções da Comissão.
“O fator negativo esmagador é o aumento dos preços da energia, que leva a inflação a atingir níveis recorde e a colocar uma pressão sobre as empresas e as famílias europeias. Embora o crescimento vá continuar este ano e no próximo, será muito mais moderado do que se esperava anteriormente”, disse, acrescentando que “a incerteza e os riscos para as perspetivas permanecerão elevados enquanto a agressão da Rússia continuar”.
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(Notícia atualizada com mais informações)
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