Presidente do Siresp propõe “transição” para 5G. Rede “está em fim de vida”
Sandra Perdigão Neves quer um Siresp mais moderno, assente em 4G e 5G, que permita utilização de "smart glasses" por polícias e bombeiros e transmissão de vídeo em tempo real.
A presidente do Conselho de Administração do Siresp, que foi exonerada do cargo este ano mas impugnou a decisão, entende que a rede de comunicações de emergência do Estado “está em fim de vida” e defende uma “transição” para 4G e 5G. A posição faz parte de uma mensagem que acompanha o relatório e contas de 2021, disponibilizado na segunda-feira.
No documento, Sandra Perdigão Neves é perentória: “A rede atual da Siresp está em fim de vida, pelo que a evolução é necessária. A operadora de comunicações Siresp deve fazer uma transição para LTE 4G/5G de tal modo que não tenha interrupção do serviço de comunicações críticas”, escreve a gestora, que assina como presidente.
Sandra Perdigão Neves explica, na mesma mensagem, que “para dar resposta” à utilização da rede de emergência, é necessário evoluir para “sistemas de banda larga que apresentam capacidade, velocidade e priorização do tráfego de dados ajustadas às atuais necessidades”.
“As baixas latências, os altos débitos, a melhoria e flexibilidade na gestão da eficiência do espetro, a simplificação das arquiteturas e a melhoria da mobilidade são argumentos muito fortes para que as redes de comunicações críticas adotem” estas novas tecnologias, refere a presidente.
A rede atual da Siresp está em fim de vida, pelo que a evolução é necessária.
É de recordar que a gestora se viu envolvida numa polémica em abril. Depois de o Expresso noticiar que escrevera uma carta à então ministra Francisca Van Dunem acusando o Ministério da Administração Interna de favorecer a Motorola num concurso, Sandra Perdigão Neves foi afastada e substituída no cargo pelo brigadeiro-general Paulo Viegas Nunes.
Mas a responsável não se conformou e impugnou juridicamente a convocatória urgente da assembleia geral onde tinha sido tomada essa decisão.
Em 1 de abril, o Expresso escrevia que o novo presidente ainda não se tinha apresentado nas instalações, ao contrário de Sandra Perdigão Neves, que continuava a comparecer. O semanário avançava também que, três dias depois da ação judicial, terão sido roubados dois computadores da sua casa.
O Siresp do futuro
No relatório do exercício do ano passado, Sandra Perdigão Neves dá mais argumentos para uma modernização da rede Siresp.
“Se num operador de comunicações comercial existe tolerância de alguns segundos para estabelecimento de chamada ou para a não existência de cobertura e rede, ou ainda para um equipamento não ser resistente e avariar sem causa aparente, já num sistema de comunicações críticas a expectativa é que o estabelecimento de chamada seja imediato, com garantia de cobertura de rede, com georreferenciação das pessoas e equipamentos e espera-se que os equipamentos resistam em ambientes e utilizações hostis”, escreve a responsável.
Contudo, ao contrário do Siresp, as três maiores operadoras comerciais já lançaram redes móveis 5G — Meo, Nos e Vodafone — e continuam a expandir a rede, por estarem sujeitas a obrigações de cobertura apertadas até meio da década. Outros players estrangeiros, como a Digi, planeiam iniciar a construção da sua própria rede em junho, noticiou o ECO.
Sandra Perdigão Neves vai mais além e aponta para a necessidade de que a rede de comunicações de emergência garanta o “acesso em tempo real a vídeo (transmissão e arquivo), quer permanente como no caso da videovigilância, quer transmissão ao vivo dos eventos (policiais, teatro de operações, incêndios, entre outros) para os centros de comando”.
Além disso, é necessário que a rede permita “a utilização de realidade aumentada, como smart glasses para polícias e bombeiros” e a “utilização de drones”, bem como o “acesso em tempo real a centro de dados, articulação e aplicação de inteligência artificial na informação de contextualização” e “ligação permanente com centros de monitorização inteligentes de análise de informação” com base em sensores, “como temperatura ou batimentos cardíacos, e que podem impactar em número de vidas”, avisa.
Apesar das dificuldades financeiras da empresa, que voltou a registar prejuízos superiores a dois milhões de euros em 2021, “a transição da Siresp abre oportunidades de colaboração em áreas que até agora não eram possíveis”, diz Sandra Perdigão Neves.
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