Bruxelas avisa que subida dos preços da energia pode ter “efeito terrível” no malparado da banca
Comissão volta a elogiar recuperação da banca nos últimos anos. Apesar da exposição limitada à Rússia e Ucrânia, alerta que bancos estão vulneráveis a efeitos de segunda ordem da guerra.
A subida dos preços da energia e das matérias-primas vai afetar os setores económicos mais intensivos em energia, com “efeitos potencialmente terríveis” nas carteiras de crédito dos bancos, avisa a Comissão Europeia no relatório de monitorização pós-programa de Portugal, publicado esta segunda-feira.
Bruxelas volta a elogiar a recuperação dos bancos nos últimos anos, salientando os bons resultados financeiros do ano passado, com melhorias na rentabilidade e na estabilização dos rácios de solvência. Por outro lado, o fim das moratórias em setembro do ano passado não desencadeou uma onda de malparado, como se chegou a temer, com as famílias e empresas a beneficiarem da recuperação económica.
Ainda assim, a guerra da Rússia contra a Ucrânia trouxe novas incertezas e riscos para o setor, diz a Comissão. “Embora a exposição direta dos bancos à Rússia e à Ucrânia seja muito reduzida, os muitos possíveis efeitos de segunda ordem, incluindo através de um aumento da incerteza a nível global, poderá pesar nos balanços e lucros dos bancos”, considera.
Um dos efeitos da guerra está a manifestar-se nos preços da energia. Combustíveis, gás natural e eletricidade dispararam nos últimos meses perante os receios de disrupções nos mercados com a invasão russa na Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro e as sanções comerciais da União Europeia contra a agressão de Moscovo.
Segundo a Comissão, as indústrias mais intensivas em energia – Bruxelas não especifica quais são, mas incluem-se Papel, Cerâmica, Vidro, Indústria siderúrgica, Transportes, entre outros – serão as mais afetadas com a escalada dos preços da energia. E isto terá “efeitos potencialmente terríveis nas carteiras de empréstimos dos bancos”, alerta.
“Da mesma forma, interrupções na cadeia de abastecimento e custos mais altos para os consumidores podem afetar o comportamento dos consumidores, reduzir a atividade económica e, ao mesmo tempo, corroer a base de depósitos dos bancos”, acrescenta Bruxelas.
A Comissão lembra que as pressões crescentes sobre os preços podem acelerar a normalização da política monetária, isto é, fará com que o Banco Central Europeu (BCE) comece a subir os juros para travar o pico da inflação – o que poderá acontecer já em julho, como voltou a sinalizar a presidente Christine Lagarde esta segunda-feira.
Os bancos portugueses, sublinha Bruxelas, poderão beneficiar deste novo ciclo de juros mais altos, pois “estão fortemente dependentes da margem financeira, não obstante o risco de abrandamento da atividade económica”.
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