André Miranda e João André Antunes, sócios da Pinto Ribeiro, fizeram um balanço da atividade da firma. Defendem os “advogados curiosos” e que a “qualidade”, “inovação” e “competência” são essenciais.
A Pinto Ribeiro Advogados é uma sociedade de média dimensão, sediada em Lisboa, e que possui cerca de quatro anos de existência. À Advocatus, os sócios e administradores executivos, André Miranda e João André Antunes, confessaram que o escritório se gosta de ver como tendo “pessoas e profissionais curiosos”.
“O mundo globalizado, em termos gerais, e a nossa realidade profissional, num prisma mais próximo, é hoje uma realidade acessível por todos, mas é necessária quase que uma dose profissional de curiosidade para conseguir absorver a maior quantidade de informação útil no mais curto espaço de tempo possível”, referiram.
Segundo os sócios, esta tarefa de absorção é essencial quando se quer ser uma mais-valia para os clientes e por isso querem conhecer “em detalhe” o que fazem e o que motiva os clientes. “Qualidade, inovação e competência são predicados que consideramos serem essenciais numa atividade profissional tão concorrencial como é a nossa. Quem não os reúne, mas cedo ou mais tarde, sucumbe. Por isso, acreditamos que ser insaciavelmente curioso por tudo o que nos rodeia é essencial para fazermos a diferença”, acrescentaram.
Relativamente às mais-valias que a Pinto Ribeiro Advogados traz face aos escritórios que são concorrentes diretos, os sócios sublinham que não pretendem assumir-se melhores do que os colegas de profissão e que as suas qualidades e defeitos devem ser aferidos pelos próprios, mas que serão os clientes que “melhor” poderão julgar o trabalho.
“Como muitas vezes explicamos aos advogados mais jovens do nosso escritório, a nossa obrigação mais primária é sermos objeto de confiança e, nesse sentido, a coisa mais natural do mundo será um advogado saber usar de boa retórica. Mas retórica é isso mesmo e, cada vez mais, o que interessa é a capacidade de agir e executar. No fundo, colocar em prática não só as nossas ideias como as ideias dos nossos clientes, conjugando tudo num composto eficiente e dirigido a um propósito concreto”, explicaram.
"Acreditamos que a liderança se consegue apenas pelo exemplo e não por mera graduação hierárquica.”
Desta forma, gostariam de ser reconhecidos pela “eficiência” e “espírito prático”. Apesar de respeitarem e prezarem o “legado tradicional” da advocacia, assusta-lhes que em 2022 ainda se “use a mera retórica formal quase como um fim em si mesmo e não como um meio de garantia de algo substancial”. “Não queremos ser assim e esperamos que os nossos clientes vejam em nós um diferencial relevante nessa tendência ainda tão comum dentro da nossa classe”, notaram.
Um escritório full-service
Atualmente com especialização em 15 áreas do direito distintas, a Pinto Ribeiro Advogados considera-se já um escritório full-service, sendo este o objetivo “mais difícil” de alcançar até ao momento.
“É importante recordar, para isso, que a Pinto Ribeiro Advogados resulta da congregação de esforços de dois escritórios de advogados, a saber, a J.A. Pinto Ribeiro e Associados e a André, Miranda e Associados. Apesar de se tratarem de duas sociedades com percursos e experiências muito distintas, a verdade é que sempre foi muito difícil reunir um leque tão amplo de áreas de prática como aqueles que cobrimos atualmente sob a nova marca Pinto Ribeiro Advogados”, explicaram.
Para André Miranda e João André Antunes, ser uma sociedade de advogados full-service nos dias de hoje é uma tarefa “muito difícil”, uma vez que implica saber que, para se ter capacidade instalada numa generalidade de áreas, há que realmente investir e estar preparado para aguardar pelos resultados.
A identificação de talento e a sua retenção foram dois aspetos referenciados pelos sócios que caracterizam a batalha constante da firma. “Oferecer às pessoas a sua verdadeira casa profissional e mantê-las permanentemente motivadas requer proximidade, humildade e capacidade de abnegação pelo escritório. Acreditamos que a liderança se consegue apenas pelo exemplo e não por mera graduação hierárquica”, confessam.
“Não negamos regras, não somos anarcas nem promovemos qualquer forma de anarquia organizacional, mas respeitamo-nos e sabemos entender que o melhor ativo de cada advogado é a sua capacidade de pensar por si próprio e de ter o seu juízo crítico sempre desperto. Incentivamos esta maneira de pensar junto de todos os que integram o nosso escritório porque achamos que é o que melhor permite prosseguir os seus objetivos”, acrescentaram.
Sobre a relação internacional que possuem com a Allinial Global, André Miranda e João André Antunes apelidaram-na de “best friends” e explicaram que não existem nenhuma integração a nível formal, uma vez que não se trata de uma rede de sociedades de advogados.
“Esta posição tem-nos permitido não apenas prestar serviços jurídicos a muitos clientes internacionais, como também assessorar muitas operações de fusões e aquisições em que a proximidade entre advogados e financeiros acaba por ser a combinação necessária”, asseguraram.
À Advocatus, sublinharam que as transações possuem a ajuda do escritório e que, enquanto advogados, são muitas vezes decisivos ao bom desfecho de um projeto de compra, venda ou outro. “Mas não nos podemos esquecer que, antes de nós, existe um negócio que se quer transmitir, expandir, complementar ou até mesmo extinguir. Quero dizer que existe um racional antes de nós e que devemos saber reconhecer como tal. Algo está mal quando o advogado se torna o centro das atenções ou, pior ainda, das preocupações”, notaram.
Aposta pela pela tecnologia
A Pinto Ribeiro Advogados conta atualmente com 40 profissionais, desde estagiários a sócios, e ainda com uma equipa administrativa de apoio de 12 elementos. Os sócios apontaram que ainda existe uma lacuna por colmatar no escritório, a direção de recursos humanos.
“Sabemos que ainda não encontrámos a pessoa certa para a função, pois sabemos exatamente o que queremos e a importância de conseguir contratar alguém com o perfil fit for purpose. Será alguém a quem caberá zelar não apenas pelo recrutamento, mas sobretudo pelo bem-estar pessoal e profissional dos nossos colegas, acompanhando de forma dedicada o seu percurso e a prossecução dos objetivos traçados anualmente”, referiram.
Apesar de o crescimento do número de profissionais não ser um objetivo em si mesmo do escritório, a curto/médio prazo, e face ao volume e tipo de trabalho, consideram ser necessário reforçar a equipa e manter um processo de recrutamento ativo.
“A nossa linha preferencial de crescimento é através da contratação de colegas jovens e investir na sua formação, esperando que se identifiquem cada vez mais com a nossa visão da advocacia e com os princípios orientadores da nossa sociedade”, asseguraram. Desta forma, os sócios confidenciaram que possuem vários exemplos de jovens colegas “muito promissores” e com “grande solidez técnica” que foram preferindo ficar na firma.
Já relativamente a novas fusões que possam estar no horizonte da sociedade, André Miranda e João André Antunes defenderam que não procuram esse fim para aumentar o número de profissionais, até porque o escritório é resultado de duas culturas anteriores e, apesar de “recompensador”, esse processo nem sempre foi “fácil”.
Ainda assim, pode estar em “cima da mesa” caso se verifiquem dois critérios: para reforçarem “sensivelmente” uma nova área de prática em que queiram apostar; ou conseguirem uma realidade prática que permita-lhes “exponenciar de forma sensível” a sua capacidade “enquanto advogados através da introdução de métodos procedimentais avançados, sempre e quando tal não dilua a identidade criativa dos nossos advogados”.
À Advocatus, adiantaram que a curto prazo pretendem apostar em projetos ligados à tecnologia blockchain, face a curiosidade quem têm sobre este paradigma e do que trará a nível mundial. “Não nos vendemos como especialistas porque não o somos (nem compreendemos como alguém se pode assumir especialista de uma realidade ainda tão recente como esta), mas estamos a dar passos muito concretos no sentido de nos aproximarmos de pessoas fora do espetro jurídico que nos podem ensinar muito. E, por essa razão, acreditamos poder muito em breve estar a dar cartas muito relevantes nesta área”, sublinharam.
Num mercado onde existem vários escritórios com mais de 200 profissionais, os sócios acreditam nos “efeitos saudáveis” da concorrência e não temem a mesma. “Se, enquanto utilizadores ou consumidores, gostamos de ter opções e várias entidades a digladiarem-se para oferecer o melhor produto ou serviço, também assim deve ser com a assessoria jurídica. Claro que tal nos obriga a estar permanentemente despertos e ativos, mas, se gostarmos do que fazemos, o peso dessa realidade torna-se relativamente fácil de suportar”, concluem.
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Pinto Ribeiro Advogados: um escritório full-service e a pensar no futuro
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