Swissport admite negociar alterações laborais na Groundforce
A companhia suíça está a estudar atentamente as condições laborais em vigor na Groundforce. Se ficar com a empresa que faz o "handling" da TAP, poderá haver mudanças negociadas com os sindicatos.
A Swissport está a olhar atentamente para o Acordo de Empresa da Groundforce e admite negociar alterações se tal vier a ser necessário. Primeiro, terá de conseguir ser a escolhida para assumir uma participação de 50,1% no capital da companhia portuguesa de handling.
“Estamos a olhar para o atual Acordo de Empresa. Queremos ter uma leitura clara. Vamos ver em conjunto com os sindicatos como o processo vai seguir”, afirmou Nadia Kaddouri, chief strategist & sustainability officer da Swissport, num encontro com jornalistas em Zurique, onde fica a sede da empresa. Fora de questão está uma reestruturação, até porque o negócio está a crescer.
O presidente executivo, Warwick Brady, quer o envolvimento dos trabalhadores. “Têm de ser parte” do projeto e “ver as oportunidades”. “Temos de ter os sindicatos connosco”, acrescenta. “Nós investimos nas pessoas, treinamo-las para atingir níveis elevados de desempenho. Queremos contratar as pessoas certas e mantê-las”, acrescenta Andres Diez, diretor comercial global. O objetivo é ter “uma força de trabalho moderna”, aponta o CEO.
A Swissport empregava cerca de 45 mil trabalhadores no final de 2021, espalhados por 285 aeroportos em 45 países. A empresa prevê contratar mais 17 mil este ano, ficando perto dos números que tinha antes da pandemia. Em alguns mercados, como os Estados Unidos e o Reino Unido, está a enfrentar dificuldades na contratação, devido à escassez de mão-de-obra disponível e à concorrência de empresas como a Amazom ou do ramo da hotelaria. O que levou ao lançamento da primeira campanha de recrutamento da companhia nas redes sociais.
Maior automação e mais competências
Bruno Stefani, diretor para os mercados de Suíça, França e Itália, diz que o futuro passará por uma “maior automação dos serviços de handling”, até porque é isso que as companhias aéreas estão a pedir. No fim deste mês, vai começar a testar veículos autónomos para algumas operações de rampa no aeroporto de Zurique. Mas é no processamento de passageiros que o processo está mais avançado.
“No futuro, os trabalhadores terão de ter mais competências para serem capazes de lidar com problemas inesperados. Ao acrescentarem mais valor terão também remunerações melhores”, afirma o gestor, que está na Swissport desde 1996.
O responsável partilhou também algumas inovações introduzidas para ir ao encontro das necessidades dos trabalhadores. Um dos exemplos é um fato especial para ajudar a proteger as costas de quem está no processamento das bagagens. Os colaboradores da Swissport podem também fazer pedidos para folgas específicas, sendo satisfeitos em 97% dos casos. Existe também um sistema de leilão em que quem trabalha ao domingo recebe mais pontos para licitar.
Já a alocação de turnos usa inteligência artificial, de forma a planear as equipas de forma mais eficiente. “Flexibilidade” é a palavra de ordem e permite pagar “salários mais elevados”, afirma Bruno Stefani.
A Swissport está a disputar com a National Aviation Services do Koweit os 50,1% de Alfredo Casimiro na Groundforce. A entrada de um novo acionista faz parte do plano de reestruturação que será proposto pelos administradores de insolvência e terá de ser aprovado por dois terços dos credores. O maior grupo é, justamente, o dos trabalhadores. Para o processo ficar concluído será necessário que a insolvência transite em julgado, o que está dependente do resultado do recurso apresentado por Alfredo Casimiro no Supremo Tribunal de Justiça.
(O jornalista viajou para Zurique a convite da Swissport)
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