Quatro meses depois, Portugal paga mais do dobro em emissão a nove anos

A boa notícia é que a procura até aumentou: houve 2,68 vezes mais procura face à oferta (750 milhões de euros), o que compara com 1,27 vezes no leilão a nove anos em fevereiro.

Quatro meses depois, com o início da invasão russa na Ucrânia pelo meio, Portugal teve de pagar mais do dobro dos juros numa emissão de dívida pública a nove anos. Esta evolução reflete o agravamento dos juros soberanos no mercado secundário, com os investidores a antecipar a normalização da política monetária do Banco Central Europeu (BCE) por causa da aceleração da inflação.

A nove anos, a agência que gere a dívida pública conseguiu emitir 750 milhões de euros em obrigações com uma taxa de juro de 2,33%, o que compara com 1,008% da emissão equiparável a 9 de fevereiro, de acordo com os dados da Refinitiv/Reuters. A taxa é mais do dobro da registada há apenas quatro meses, num período anterior à invasão russa na Ucrânia.

A boa notícia é que, possivelmente com o aumento da remuneração destas obrigações, a procura até aumentou: houve 2,68 vezes mais procura face à oferta (750 milhões de euros), o que compara com 1,27 vezes no leilão a nove anos em fevereiro.

Recorde-se que no início de 2021 Portugal conseguiu emitir a nove anos com uma taxa negativa (-0,012%).

No mercado secundário, os juros da dívida portuguesa a nove anos estão a subir ligeiramente para 2,36%, segundo os dados da Refinitiv/Reuters. Os juros a dez anos estão a negociar à volta dos 2,5%, como o ECO noticiou esta terça-feira.

Em reação ao leilão, Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa, considera que “o prémio de risco de Portugal continua a subir e a refletir o movimento que temos assistido globalmente nas taxas das dívidas soberanas”.

O problema atual é que o ritmo a que tudo está a acontecer está a ser muito mais rápido do que se previa inicialmente“, admite o analista, referindo que “os países da periferia têm sido mais penalizados neste movimento” e “Portugal não é exceção e o seu spread versus a Alemanha continua a aumentar”.

O IGCP realizou esta quarta-feira um leilão de Obrigações do Tesouro com maturidade em outubro de 2031, para obter um financiamento entre 500 milhões de euros e 750 milhões de euros. Esta foi uma emissão na véspera da reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) que poderá deixar sinais mais claros sobre a trajetória dos juros na Zona Euro.

Portugal já assegurou metade do programa de financiamento em Obrigações do Tesouro previsto para este ano, com o custo médio da nova dívida a situar-se nos 1,2% (o dobro do custo da dívida emitida ao longo do ano passado).

(Notícia atualizada às 11h14 com mais informação)

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