Marcelo no 10 de Junho. O povo, o povo e o povo

Marcelo Rebelo de Sousa invocou o povo português ao longo dos seus 20 minutos de discurso em Braga, nas comemorações do 10 de Junho. Costa, ausente por motivos de saúde, 'participou' nas redes sociais

“Portugal é o seu povo”, começou por sublinhar o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, em Braga, na que foi a sua sétima intervenção numa cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal. “Se é verdade que os seus líderes encheram páginas da nossa história, foi o povo que morreu aos milhares na conquista do território, que ficou espalhado um pouco por todo o universo e deixou saudade, língua e alma das raízes”. E sublinhou: “sem o povo não haveria Portugal”.

Sublinhou que “ano este” para “invocar o povo português”, refere Marcelo. Um discurso em que falou da Constituição de 1822, do renascimento de Timor-Leste em 2002 ou da independência do Brasil”.

Marcelo elogia ainda a capacidade do povo português de receber refugiados, como se verificou atualmente com a Guerra na Ucrânia. Marcelo Rebelo de Sousa lembra que é “o povo português que recebe refugiados da Ucrânia” e “o povo português com armas” que procura a paz em missões como a República Centro Africana.

“Portugueses, a unir tudo isto, o povo português, sempre o povo português. É povo com séculos de raízes. Mais povo que vive neste arquipélago e nos dois outros arquipélagos a quem devemos o nosso mar que é muito mais que a nossa terra!”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa. “O povo que aprende e a reaprender a receber irmãos, depois e anos de ditadura, este povo que abraça outros povos, que abracei em Timor, que abraçarei no Brasil. Este povo que tão depressa e bem sonha”.

“Foi talvez o 10 de Junho mais participado”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa no final da cerimónia. O chefe de Estado mostrou-se surpreendido com a participação da população, que encheu os locais possíveis na principal avenida da capital do Minho, a Av. da Liberdade, encheu as varandas, aplaudiu os discursos e ovacionou os militares que desfilaram durante cerca de uma hora rua acima e rua abaixo.

Nesta cerimónia discursou também o constitucionalista e professor catedrático Jorge Miranda, natural de Braga, que o chefe de Estado escolheu para presidir à comissão organizadora destas comemorações do 10 de Junho. Jorge Miranda sublinhou que a Língua Portuguesa é um património que pertence a outras nações que não apenas a Portugal. Porém, chamou a atenção para os “atropelos” da língua portuguesa em vários espaços.

“A nossa História traz muitos motivos de orgulho, a par de alguns de desgosto.” Os descobrimentos, a partilha de culturas, a saída do Brasil sem derramamento de sangue, a travessia aérea do Atlântico, o abolicionismo da escravatura, foram alguns dos pontos altos. Mas também o lado negro da escravatura, dos oprimidos, as torturas de Marquês de Pombal e o Estado Novo.

Na Avenida da Liberdade, em Braga, pode ver-se honras militares e uma homenagem aos mortos antes das intervenções e ainda um desfile das forças em parada e cumprimentos de antigos combatentes.

Já o primeiro-ministro, António Costa, esteve ausente por motivos de saúde — em Braga e em Londres — para onde o Presidente da República seguirá ainda esta sexta-feira, para assinalar esta data com a comunidade portuguesa no Reino Unido. Em substituição do primeiro-ministro esteve João Gomes Cravinho. Presente esteve ainda Augusto Santos Silva.

Nos últimos dois anos, a pandemia de covid-19 marcou o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – que em 2020 foi assinalado em formato mínimo no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e em 2021 na Região Autónoma da Madeira, já com menos restrições – e não houve celebrações no estrangeiro.

 

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