Salário competitivo é o benefício mais valorizado pelos portugueses. Mas apenas 13% afirma tê-lo
Apesar de 56% dos profissionais portugueses considerarem o salário competitivo o benefício mais importante, apenas 13% refere tê-lo. No caso das mulheres, o desfasamento é ainda maior.
Ter um salário competitivo é o benefício mais valorizado pelos profissionais portugueses. Mais de metade (56%) coloca-o no primeiro lugar da lista de benefícios desejados, no entanto apenas 13% afirma tê-lo. E este desfasamento é ainda mais evidente no caso das mulheres. Do lado das empresas, os benefícios mais oferecidos são o subsídio de alimentação (75%), a disponibilização de equipamento informático (38%) e o estacionamento gratuito (37%), revela o estudo “Necessidades e Expectativas dos Colaboradores de Empresas em Portugal”, realizado pela Multipessoal.
“Existe um claro desfasamento entre aquilo a que os profissionais portugueses mais atribuem importância e aquilo a que realmente têm acesso nos seus empregos atuais. Esta tendência acentua-se ainda mais para as mulheres, sendo que apenas 9% afirma ter um salário competitivo, face a 18% dos homens, o que levanta, mais uma vez, preocupações quanto à desigualdade entre géneros no contexto laboral”, afirma André Ribeiro Pires, executive board member e COO da Multipessoal.
Paralelamente, quanto mais elevadas são as habilitações literárias dos profissionais, maior importância é dada ao nível de remuneração. Se 44% dos indivíduos com até ao 9.º ano consideram este fator o mais importante, o valor sobe para 59% para as pessoas que completaram o ensino universitário.
Existe um claro desfasamento entre aquilo a que os profissionais portugueses mais atribuem importância e aquilo a que realmente têm acesso nos seus empregos atuais.
Ainda no que se refere aos benefícios, o tema da saúde mental é visto de forma muito diferente consoante a idade dos profissionais. Os mais novos valorizam significativamente mais o acesso a plataformas de apoio à saúde mental do que os restantes targets, em especial a faixa etária dos 55 aos 64 anos.
“Embora, de acordo com esta pesquisa, a saúde mental ainda não surja como uma das principais prioridades dos profissionais portugueses, estes dados evidenciam que este será um tema com importância crescente a médio-prazo, à medida que as agora gerações mais novas se integram e constituem cada vez mais uma fatia relevante do mercado de trabalho”, refere o COO da Multipessoal.
Quanto aos elementos que caracterizam a cultura da empresa, a boa relação com a equipa (72%), o equilíbrio entre vida pessoal e profissional (67%) e o reconhecimento profissional (62%) são os aspetos mais valorizados pelos profissionais inquiridos. As oportunidades de progressão são identificadas por 53% dos participantes, denotando-se uma valorização crescente deste fator quanto mais elevado é o nível de escolaridade dos profissionais.
Teletrabalho ganhou adeptos, mas modelo presencial continua a prevalecer
No que se refere aos modelos de trabalho em vigor, o estudo revela que 78% dos inquiridos se encontra atualmente a trabalhar de forma exclusivamente presencial, 17% num regime híbrido e apenas 5% num modelo totalmente remoto. Em termos de preferências, quase metade dos participantes no estudo garante valorizar mais um modelo de trabalho 100% presencial, com foco nas gerações mais velhas. A principal razão para a preferência pelo trabalho 100% presencial é o facto de não haver outra hipótese para a realização do trabalho (34%) e o contacto humano/socialização (32%).
Quanto ao modelo híbrido, eleito como o favorito de 40% dos inquiridos, destacando-se o escalão etário dos 25 aos 34 anos, em que 48% prefere este regime de trabalho, e a área da Grande Lisboa, em que mais de metade dos profissionais (51%) elege esta opção. O poder de escolha entre trabalhar em casa ou no escritório (31%), a poupança em tempo e dinheiro (28%), a flexibilidade (25%) e a conciliação da vida profissional com a vida pessoal (25%) são os principais motivos de quem prefere o modelo de trabalho híbrido.
Embora o teletrabalho tenha vindo a ganhar cada vez mais protagonismo, a modalidade de trabalho 100% remoto é indicada como a preferida por apenas 11% da amostra, sendo que poupança em tempo e dinheiro é o principal motivo de 52% desta parcela dos inquiridos.
“Muitos profissionais viram com bons olhos a transição para modelos de teletrabalho e foi algo que, por força da necessidade, se normalizou. No entanto, de acordo com os dados recolhidos, os portugueses continuam a preferir ter maioritariamente uma componente presencial, ao invés de usufruírem de um regime exclusivamente remoto”, esclarece André Ribeiro Pires.
Em termos globais, 64% diz estar satisfeito com o modelo de trabalho que têm atualmente, no entanto, mais de um terço preferia ver implementado outro regime laboral na sua empresa. Destes, 27% preferia o trabalho em regime híbrido e apenas 1% um modelo totalmente presencial.
88% dos profissionais valorizam muito a aposta em formação
Outra das componentes em análise no estudo da empresa de recursos humanos foi a aposta em formação por parte das empresas. Os dados revelam que esta é muito valorizada pelos colaboradores, com 88% dos inquiridos a afirmar valorizar muito ou totalmente ter acesso à mesma em contexto profissional.
Os tipos de formação mais apreciados são cursos de desenvolvimento pessoal, selecionados por 56% da amostra, cuja importância se acentua à medida que o nível de escolaridade é mais alto, seguidos pelos cursos de línguas (55%) e os cursos de informática na ótica do utilizador (41%).
Finalmente, quando questionados sobre os fatores que os fariam despedirem-se da sua empresa atual, mais uma vez um salário pouco competitivo é o principal motivo apontado, tanto por homens como por mulheres. No entanto, nos segmentos mais jovens, destaca-se, mais do que um salário competitivo, a falta de progressão salarial e a falta de reconhecimento profissional como fatores importantes para sair da empresa atual.
Verificamos que as motivações mudam consoante o contexto e, em particular, a idade, e que os mais jovens tendem a atribuir grande importância às oportunidades de progressão de carreira e à valorização do seu contributo profissional.
“Mais uma vez, verificamos que as motivações mudam consoante o contexto e, em particular, a idade, e que os mais jovens tendem a atribuir grande importância às oportunidades de progressão de carreira e à valorização do seu contributo profissional. Num momento em que se vão observando diversas mudanças nas dinâmicas de mercado de trabalho, com grandes desafios ao nível da retenção de talentos, é fundamental que as organizações se mantenham atentas e sejam proativas na forma como endereçam estas questões”, alerta André Ribeiro Pires.
Realizado nos meses de abril e maio de 2022, o estudo da Multipessoal, em parceria com a Netsonda, contou com entrevistas realizadas online a um total de 800 participantes, homens e mulheres, entre os 18 e os 64 anos, residentes em Portugal continental e atualmente empregados por conta de outrem.
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