Embargo europeu a petróleo russo pode afetar retoma económica mundial, alerta AIE
A escassez na oferta e os riscos de recessão têm resultado num mercado global de petróleo instável, que deverá ter novo abalo quando embargo europeu ao petróleo russo entrar em vigor.
A Agência Internacional de Energia (AIE) considera que o mercado de petróleo está “na corda bamba”, perante uma escassez a nível da oferta e os riscos agravados de uma recessão, numa altura em que os preços altos e a situação económica a nível mundial começam a afetar a procura. Face aos inventários globais de petróleo que permanecem “criticamente baixos”, a AIE antecipa um “novo aperto” no mercado em breve, com o embargo da União Europeia ao petróleo russo a entrar em vigor no final do ano.
Tendo em conta a baixa disponibilidade que se verifica atualmente nas reservas, “pode ser necessário, da parte dos legisladores, avançar com medidas para diminuir o consumo e os preços dos combustíveis, os quais representam uma ameaça à estabilidade, sobretudo nos mercados emergentes. Sem uma intervenção forte dos legisladores lado da utilização da energia, os riscos de que a economia mundial se desvie do caminho para a recuperação permanecem altos “, escreve a AIE, esta quarta-feira, num relatório sobre o mercado do petróleo.
“Muito raramente as nossas perspetivas para o mercado do petróleo são incertas. Um agravamento das perspetivas macroeconómicas e os receios de uma recessão estão a pesar no sentimento do mercado, enquanto há riscos contínuos do lado da oferta”, informa o relatório.
Segundo a agência, os preços mais altos e um ambiente económico instável começaram a afetar a procura por petróleo, mas o forte recurso à geração de energia e a recuperação económica na China (na sequência do alívio das restrições anti-covid) estão a a aliviar parcialmente as pressões. De acordo com o relatório, a procura global por petróleo abrandou 1,7 milhões de barris por dia (b/d) em 2022, atingindo 99,2 milhões. No entanto, segundo as contas da AIE, espera-se uma recuperação de 2,1 milhões em 2023, potenciada por uma forte trajetória de crescimento dos países não pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Em junho, a oferta mundial de petróleo saltou de 690 mil barris por dia para 99,5 milhões, perante uma produção “resiliente” da Rússia, “que desafiava as sanções”, e o reforço na capacidade de produção nos Estados Unidos e no Canadá que compensaram as perdas face ao abrandamento na produção do Cazaquistão. Assim, a produção deverá aumentar em 1,8 milhões de barris por dia até ao final do ano, e atingir 101,3 milhões. Já a oferta global de petróleo deverá atingir uma média de 100,1 milhões de barris por dia em 2022, antes de atingir um recorde anual de 101,1 milhões em 2023.
Quanto às exportações russas de petróleo em junho, estas caíram 250 mil barris diários para 7,4 milhões quando comparado com o mês anterior, fazendo deste o valor mais baixo desde agosto de 2021. Apesar da quebra, devido ao aumento do preço do petróleo, as receitas russas de exportação aumentaram 700 milhões de dólares (cerca de 697,99 milhões de euros) de mês para mês para 20,4 mil milhões de dólares (cerca de 20,3 mil milhões de euros), ou seja, 40% acima da média do ano passado.
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