Adiamento do novo aeroporto custa 6,8 mil milhões e 28 mil empregos estima CTP

Estudo da Confederação de Turismo de Portugal estima perda de 0,77% do PIB e 0,95% no emprego se Lisboa só tiver novo aeroporto em 2028.

O atraso na construção de uma nova infraestrutura aeroportuária representa uma perda potencial de riqueza de 6,8 mil milhões de euros até 2027 e menos 27,7 mil empregos, conclui o estudo “O custo da não decisão sobre a implementação do novo aeroporto de Lisboa”, da Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e da EY.

Os números dizem respeito ao cenário considerado mais plausível: Portela+1 disponível em 2028 e existindo uma recuperação rápida da procura. O estudo estima ainda uma perda de receita fiscal de 1,9 mil milhões.

Se juntarmos ao valor acrescentado bruto não realizado os impostos não cobrados, o país pode perder cerca de 9 mil milhões de euros até 2027″, diz a CTP em comunicado. “As perdas económicas podem ascender a 0,77% do PIB e 0,95% do emprego nacional”, acrescenta.

O principal problema do Turismo chama-se novo aeroporto de Lisboa, que se arrasta há muitos anos. Podemos resolver todas as barreias e custos de contexto, mas se não houver infraestrutura para que os turistas nos possam visitar tudo fica comprometido”, afirmou Francisco Calheiros, presidente da Confederação de Turismo de Portugal. “É altura de dar um basta e tomar decisões”, sublinhou.

O estudo avaliou ainda um cenário extremo, em que a procura turística ultrapassa a registada em 2019 e o novo aeroporto só está pronto em 2034, daqui a 13 anos. Neste caso, o impacto estimado para a perda de riqueza acumulada é de 21,4 mil milhões de euros, menos 40 mil empregos anualmente e 6 mil milhões em receita fiscal perdida.

O exercício da CTP não avaliou alternativas de localização, mas Francisco Calheiros sublinhou que “o Montijo é de longe a solução mais rápida. É a que se assemelha à solução rápida do estudo [novo aeroporto em 2028]”. “Portela mais Montijo é perto de 60 milhões de turistas, que é equivalente ao aeroporto de Madrid”, acrescentou.

No final de junho, o ministro das Infraestruturas anunciou uma nova solução para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa que previa a construção de um aeroporto na atual Base Aérea n.º 6 do Montijo até 2026 e outro no Campo de Tiro de Alcochete, para entrar em funcionamento em 2035, que a prazo substituiria os outros dois.

O despacho que consubstanciava o plano foi, no entanto, revogado pelo primeiro-ministro, por a solução não ter sido consensualizada com a oposição, em particular o PSD, e sem a devida informação prévia ao senhor Presidente da República. A revogação quase levou à demissão do ministro das Infraestruturas, que acabou por manter-se no cargo após uma reunião em São Bento com António Costa.

O presidente da CTP revelou que o ministro lhe apresentou o seu plano no dia anterior a ter sido tornado público. “O que o ministro quis dizer foi que para já vamos ter Montijo. Para não estarmos mais 53 anos a decidir mais um futuro aeroporto, quando Portela mais Montijo se esgotar temos a alternativa do Alcochete”. A Confederação aplaudiu o plano e Francisco Calheiros diz que o voltaria a fazer, porque o importante é haver uma decisão.

Enquanto não há um novo aeroporto na região de Lisboa, deveria ser melhorada a eficiência do atual, ainda que a capacidade não vá aumentar. “Há obras na Portela que deveriam estar a ser feitas, mas aparentemente há um diferendo entre o Governo e a concessionária“.

Pedro Nuno Santos esteve esta quarta-feira no Parlamento, onde afirmou que Portugal é o terceiro país da União Europeia que mais está a recuperar em número de voos face a 2019 e que o Humberto Delgado está de novo saturado. O aeroporto de Lisboa tem uma capacidade declarada na Eurocontrol de 28 milhões. “Em 2019 atingimos os 31 milhões. Em 2022 na primeira semana de julho ficámos a 98% dos movimentos de 2019. Já está saturado para lá da sua capacidade declarada”, afirmou o ministro das Infraestruturas.

O ministro apelou também a um consenso o mais alargado possível para a nova solução de reforço da capacidade aeroportuária em Lisboa, apelando em particular ao PSD, sublinhando que “desde 1969 já foram estudadas mais de 17 localizações para um novo aeroporto, mas o país foi incapaz de decidir sobre a sua localização e iniciar a construção”.

“O consenso tem de imperar”, afirmou também Francisco Calheiros. “Com todas as pessoas com quem falei não ouvi ninguém que não achasse que é preciso tomar uma decisão“. O presidente da CTP já apresentou o estudo ao Presidente da República, ao Governo e ao PSD.

Durante a conferência de imprensa, um ecrã de televisão mostrava a evolução ao segundo do custo de uma não decisão. Ao fim de cerca de 50 minutos o valor já ia em 120 mil euros.

(notícia atualizada com mais informação às 11h50)

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