Cancelamentos na TAP estão “abaixo da média das restantes companhias aéreas”, garante Pedro Nuno Santos

O ministro das Infraestruturas afirma que com o tráfego atual o aeroporto de Lisboa já está a funcionar acima da sua capacidade. Cancelamentos na TAP estão "abaixo da média".

Pedro Nuno Santos afirmou no Parlamento que o caso político provocado pela revogação do despacho do Ministério das Infraestruturas sobre os novos aeroportos é “um assunto encerrado” e diz que pretende uma solução o mais consensual possível, envolvendo o PSD.

“O despacho está revogado. O Estado português não foi lesado. A possibilidade de negociação com o PSD mantém-se. Para nós é um assunto que está perfeitamente arrumado”, afirmou Pedro Nuno Santos, que está a ser ouvido esta manhã na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

O que interessa é que o PSD tem o caminho aberto para participar com o Governo numa decisão sobre o aeroporto“, acrescentou o ministro das Infraestruturas. “A própria decisão sobre a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) pode ser tomada com o PSD”. O governo manifestou o desejo de que a “decisão seja o mais consensual possível“, abrangendo também outros partidos.

O deputado do Chega questionou Pedro Nuno Santos sobre a capacidade para se manter no cargo. “Admito que alguns partidos não gostassem de me ver aqui, mas ainda me vão ver aqui durante algum tempo“, respondeu o ministro. Carlos Guimarães Pinto, da Iniciativa Liberal, mostrou satisfação pela continuação do governante, dizendo que “é mais estimulante ter discussão com quem tem ideias e convicções, mesmo que sejam todas más“.

Pedro Nuno Santos anunciou a 30 de junho um novo plano para o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, com a construção de uma nova infraestrutura no Montijo, até 2026, e de um segundo aeroporto de raiz em Alcochete, no prazo de 10 a 15 anos. O plano chegou ao Diário da República sob a forma de um despacho, que seria revogado no dia seguinte pelo primeiro-ministro, António Costa, por a solução não ter sido consensualizada com a oposição, em particular o PSD, e sem a devida informação prévia ao senhor Presidente da República.

A revogação quase levou à demissão do ministro das Infraestruturas, que acabou por manter-se no cargo após uma reunião em São Bento com António Costa. Pedro Nuno Santos assumiu ter-se tratado de uma “falha relevante”.

Humberto Delgado volta a estar saturado

Pedro Nuno Santos afirmou também que com o tráfego que está a registar este verão o Aeroporto Humberto Delgado já está saturado. O aeroporto de Lisboa tem uma capacidade declarada na Eurocontrol de 28 milhões. “Em 2019 atingimos os 31 milhões. Em 2022 na primeira semana de julho ficámos a 98% dos movimentos de 2019. Já está saturado para lá da sua capacidade declarada”, afirmou o ministro das Infraestruturas.

Pedro Nuno Santos disse também que os cancelamentos na TAP estão “abaixo da média das restantes companhias aéreas”. Segundo o governante, a taxa de voos anulados na primeira semana de julho na companhia portuguesa foi de 2,8%, contra 4,5% do setor. “Estamos muito longe da realidade vivida na maioria das companhias aéreas e aeroportos”, garantiu.

O governante salientou que a TAP é uma empresa sob um plano de reestruturação, com corte de pessoal e salários acordado com a Comissão Europeia, “o que é por si só disruptivo”. “Em cima disso está a viver uma conjuntura internacional muito difícil para o setor”, acrescentou, apontando que a companhia está a “desenvolver ações para minorar a situação que estamos a viver”.

O ministro das Infraestruturas está a ser ouvido na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, por requerimento do PSD, a propósito da classificação atribuída pelo site alemão AirHelp aos aeroportos portugueses, com o Humberto Delgado a ser considerado o pior em 132 infraestruturas em todo o mundo. O Sá Carneiro foi considerado o oitavo pior.

O presidente executivo da ANA, Thierry Ligonnière, foi também já ouvido neste âmbito, tendo afirmado que o estudo da AirHelp “é uma montagem coxa realizada por uma empresa comercial que se alimenta de indemnizações reclamadas às companhias aéreas”. Questionou também a credibilidade do ranking, considerando que usa “fontes obscuras, sem indicação da amostragem ou discrição da metodologia”.

Pedro Nuno Santos também deixou críticas ao estudo, apontando que a Autoridade Nacional da Aviação Civil, em resposta à ANA, fez “uma nota muito crítica sobre a metodologia da AirHelp”. Acrescentou que o próprio site alemão esclareceu a 7 de julho que os dados do ranking dizem respeito a 2019 e estão desatualizados.

(Notícia atualizada às 13h00)

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