Draghi demite-se. Presidente italiano não aceita
O primeiro-ministro italiano apresentou a demissão por considerar que não tem o apoio parlamentar necessário para garantir que o programa do executivo seja cumprido. Presidente de Itália recusou.
Mario Draghi apresentou esta quinta-feira a demissão do cargo de primeiro-ministro de Itália. “Vou entregar a minha demissão ao presidente esta tarde”, anunciou o antigo presidente do Banco Central Europeu (BCE) após o Conselho de Ministros desta quinta-feira. O presidente italiano, Sergio Mattarella, recusou a demissão.
Esta decisão surge depois de o Movimento 5 Estrelas, que integra a coligação no poder em Itália, não ter participado na votação da moção de confiança ao primeiro-ministro italiano. Ainda assim, a moção acabou por ser aprovada, com 172 votos a favor e 39 contra. Este resultado não foi suficiente para segurar Mário Draghi no cargo, que decidiu ao início da tarde apresentar a demissão ao presidente de Itália.
“As votações de hoje [quinta-feira, dia 14 de julho] no Senado são um facto muito significativo do ponto de vista político”, justificou o antigo presidente do BCE, citado pelo jornal italiano La Repubblica (acesso livre), acrescentando que “a maioria da unidade nacional que apoiou este governo desde a sua criação desvaneceu-se“, justificou.
No entanto, o pedido de renúncia foi recusado pelo presidente italiano. Após reunir-se ao final da tarde com Mario Draghi, Sergio Mattarella não aceitou o pedido e convidou o primeiro-ministro a dirigir-se ao parlamento para que seja feita uma avaliação da situação política, de acordo com o mesmo jornal. O primeiro-ministro deve apresentar-se no plenário italiano no início da próxima semana.
Na quarta-feira, Giuseppe Conte, líder do Movimento 5 Estrelas, já tinha revelado que iria abandonar a sala na altura de votação do chamado “Decreto de Ajuda”, que envolve um plano de 26 mil milhões de euros para aliviar os efeitos da inflação, entre outras medidas.
Face a este anúncio de Mario Draghi, a taxa das obrigações do tesouro (OT) italianas a 10 anos subiu 12 pontos base para 3,51%, o valor mais alto em duas semanas, de acordo com a Reuters, que indica também um aumento do spread face às OT alemãs para 234 pontos base, o maior desde junho e mais do dobro face ao início do ano.
A presidente da Comissão Europeia já reagiu à decisão, através do seu porta-voz, assinalando que Bruxelas “nunca comenta a evolução política nos Estados-Membros”, mas salientando a “colaboração estreita e construtiva” com Mario Draghi.
Recorde-se que o antigo presidente do BCE aceitou formar governo em fevereiro deste ano, na sequência do colapso da coligação liderada por Giuseppe Conte. O até então primeiro-ministro de Itália demitiu-se depois de o partido de Matteo Renzi, Italia Viva, ter abandonado o acordo de coligação que tinha com o Governo, juntamente com o Movimento 5 Estrelas.
(Notícia atualizada às 19h13)
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