Vendas de ventoinhas superam os 700% com vaga de calor. Retalhistas admitem ruturas de stock

Com a subida de temperaturas, as vendas de ventoinhas dispararam mais de 700% nas últimas duas semanas, face a igual período do ano passado. Ao ECO, retalhistas admitem já ruturas pontuais de stock. 

Com o país a enfrentar uma onda de calor, que tem levado os termómetros a ultrapassarem os 40 graus em alguns distritos, a procura por equipamentos de climatização tem disparado. Ao ECO, os retalhistas revelam que as vendas de ventoinhas dispararam mais de 700% nas últimas duas semanas, face a igual período do ano passado, e admitem já ruturas pontuais de stock.

Sendo este um segmento de mercado tipicamente sazonal, com a chegada do verão a procura por ventoinhas e ares condicionados começou a aumentar em “meados de junho, atingindo um pico de vendas no segundo fim de semana deste mês, paralelamente com o pico de temperaturas sentido no país”, sinaliza fonte oficial da Auchan Retail Portugal.

Apesar de o ano passado ter sido “atípico”, dado que, nessa altura, Portugal não “enfrentou uma vaga de calor como a que está a atravessar este ano”, fonte oficial dos supermercados Auchan revela que nas últimas duas semanas, as vendas destes equipamentos de climatização registaram “um crescimento superior a 700%“, face a igual período de 2021. Nestas lojas, as ventoinhas de pé e de mesa são os artigos mais procurados pelos clientes para enfrentar a subida das temperaturas, ainda que se tenham verificado um “crescimento considerável em ares condicionados fixos e portáteis”.

Este cenário é igualmente retratado por Miguel Sousa, diretor regional da MediaMarkt Portugal, que destaca que a procura “aumentou consideravelmente com a vaga de calor nas últimas duas semanas”. Só entre 1 de julho e 14 de julho deste ano, as vendas de ventoinhas nas lojas MediaMarkt dispararam 764,60%, face ao período homólogo, ao passo que as vendas de ares condicionados portáteis subiram 1.141% e as de ares condicionados fixos aumentaram 133,20%.

Ainda em que valores inferiores face às outras marcas contactadas pelo ECO, também a Rádio Popular denota “um crescimento de 500%” nas vendas destes equipamentos de climatização últimas duas semanas, face a igual do ano passado, ao passo que no Continente as vendas de ventoinhas quase triplicaram “tanto em comparação com o período homólogo, como em relação à semana anterior”. Já fonte oficial da Jerónimo Martins, dona dos supermercados Pingo Doce, adianta que “a procura aumentou consideravelmente”, com a atual vaga de calor, não adiantando, no entanto, valores.

Já Worten, que tal como o Continente é detida pelo grupo Sonae, sinaliza “uma maior procura durante o mês de junho, que se estende até aos dias de hoje”. Sem adiantar valores concretos, a marca do grupo Sonae revela que têm sido vendidos “vários milhares” de ventoinhas e ares condicionados, o que “representa um acréscimo importante” face às vendas registadas no ano passado, no que concerne a este segmento.

Em contrapartida, e apesar de sublinhar que “o negócio da climatização é naturalmente influenciado pela sazonalidade”, Ricardo Martins, responsável da Samsung Climate Solutions para o mercado ibérico, assinala que há outros fatores a ter em conta na escolha destes equipamentos, nomeadamente “o aumento do conforto e da eficiência energética”. E se para esta empresa no que toca a este segmento de negócio, o “primeiro semestre do ano representa aproximadamente 60% das vendas“, sendo maio e junho os meses tipicamente mais fortes, certo é que a escalada da taxa de inflação em Portugal, que acelerou para 8,7% em junho, isto é, o valor mais elevado desde 1992, já faz ‘mossa’.

Acreditamos que o impacto da onda de calor não se regista da mesma forma face a anos anteriores, dada a conjuntura económica a nível europeu”, afirma Ricardo Martins, ao ECO, acrescentando que “a subida generalizada dos preços de bens e serviços exige maior ponderação no momento de compra“. Não obstante, a marca adianta que tem “tido pedidos de antecipação de entrega de equipamentos por parte do canal de distribuição e retalho”.

Preços desde os cincos euros e há quem aposte nas promoções

Com a procura a disparar, os preços são variáveis e há quem aproveite para fazer promoções para atrair clientes. É o caso dos supermercados Auchan que dispõem de uma gama “mais básica até a uma gama mais premium” de ventoinhas e ares condicionados, cujos preços vão desde “os 8,99 euros até aos 1.300 euros”. “Estamos com promoções até 30%”, adianta ainda fonte oficial do grupo, ao ECO. Já o Pingo Doce revela que tem “feito várias ações promocionais ao longo dos meses de junho e de julho”, e que nas suas lojas têm à venda “vários tipos de ventoinhas, com preços a partir dos 5 euros”.

Ao mesmo tempo, a Worten destaca que tem até ao final deste mês “um catálogo promocional de verão com as melhores soluções de ventilação”, não adiantando, no entanto, os preços das ventoinhas e ares condicionados nas respetivas lojas. Ao mesmo tempo, a MediaMarkt apostou numa “newsletter dedicada à climatização” que esteve em vigor até este domingo, sendo que nestas lojas os preços de ventoinhas e ares condicionados “começam nos 9,99 euros e podem chegar aos 349 euros mediante a tecnologia que possuem”, sublinha o diretor regional da marca, acrescentando, no entanto, que face à escalada de preços “muito em breve estão previstos aumentos por parte dos fornecedores, que, em muitos casos, podem chegar aos 20%”.

Em contrapartida, nas lojas Continente, Rádio Popular e na Samsung os equipamentos de climatização não estão atualmente a ser alvo de ações promocionais. As lojas do grupo Sonae têm à disposição “ventoinhas de mesa, ventoinhas de pé e colunas de ar, em vários patamares”, cujo PVP começa nos 12,99 euros, enquanto a Rádio Popular tem, nas suas 56 lojas, ventoinhas “desde 19,99 euros e ares condicionados portáteis e fixos desde 359 euros”. Por outro lado, a Samsung Climate Solutions vende ares condicionados a partir dos 769 euros.

Marcas admitem ruturas de stock

Com a “corrida” aos equipamentos de climatização, para fazer face à onda de calor que o país enfrenta, os retalhistas não têm tido mãos a medir e já admitem ruturas de stock. “A procura elevada por estes produtos, principalmente nos últimos dias, tem provocado uma forte pressão sobre o stock disponível”, afirma fonte oficial da Sonae MC, dono dos supermercados Continente, acrescentando que “poderão registar-se ruturas pontuais em algumas lojas”. Do mesmo grupo, também a Worten admite que “naturalmente irão acontecer” ruturas de stock “face ao pico de calor que se está a fazer sentir”.

Já a Rádio Popular sublinha que “apesar do incremento de stock”, se a procura se mantiver “nos níveis atuais, podem acontecer, pontualmente, momentos de rutura”. A posição é também partilhada pela MediaMarkt que assinala que “uma ou outra referência pode esgotar”, bem como pela Auchan que diz que “é possível verificar-se alguma rutura de stock nas ventoinhas de 1º preço”. Em contrapartida, as lojas Pingo Doce não antecipam qualquer rutura de stock.

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