Montenegro ataca Governo por ter falhado a reforma florestal

  • Lusa
  • 17 Julho 2022

Novo líder do PSD diz que António Costa é “responsável pela vulnerabilidade da floresta” e pela “falta de meios” no terreno, criticando ainda o Governo por estar a "ganhar dinheiro com a inflação".

O presidente do PSD, Luís Montenegro, afirmou hoje que a reforma florestal “falhou” e criticou António Costa por não ter dado seguimento à compra de dois aviões de combate aos incêndios, que tinha sido iniciada pelo governo PSD/CDS-PP.

“Não é retirar aproveitamento político dos incêndios. É cuidar do que é público, do que é de todos. É preciso dizer que reforma florestal, que o Governo tanto anunciou, não está a funcionar no terreno. É preciso dizer isso”, afirmou, falando em Ponta Delgada no encerramento do 25º. congresso regional do PSD/Açores.

Na semana em que o Governo anunciou a aquisição de meios para o combate aos incêndios, Luís Montenegro afirmou que o primeiro-ministro António Costa não deu seguimento à compra de dois aviões em 2016, um processo iniciado pelo anterior governo liderado por Passos Coelho.

“O doutor António Costa em 2016 recebeu do governo anterior um projeto para comprar dois aviões, financiado pelo [programa] Portugal 2020. Eram 50 milhões de euros de euros, mas entendeu que era mais rentável alugar do que comprar”, criticou.

Considerando que “não é depois da casa roubada que se vão pôr as trancas na porta”, Montenegro acusou o Governo de ser “responsável pela vulnerabilidade da floresta” e pela “falta de meios” no terreno. “Temos de ter a capacidade de tomar essas decisões antes de as coisas acontecerem e o doutor António Costa e o PS mais uma vez falharam”, assinalou.

Dirigindo-se ao primeiro-ministro António Costa, o líder social-democrata considerou que “governar é antecipar e evitar problemas” e não fazer “anúncios todos os dias”. “Esta forma como o doutor António Costa trata os assuntos que são de todos, que interessam à vida quotidiana das pessoas, tem de acabar ou, pelo menos, temos de denunciá-la para que ele possa mudar o comportamento”, afirmou.

Portugal Continental está em situação de contingência até hoje devido às previsões meteorológicas, com temperaturas muito elevadas em algumas partes do país, e ao risco de incêndio. Cinco distritos de Portugal continental mantêm-se sob aviso vermelho, o mais grave, devido ao tempo quente, com mais de uma centena de concelhos em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Ainda no plano político, o presidente do PSD, Luís Montenegro, reiterou que não existe “nenhuma violação dos princípios e valores” do partido face ao acordo com o Chega nos Açores que suporta o Governo Regional. Questionado sobre as declarações no congresso, em que garantiu que o partido “nunca” se vai associar a “qualquer política xenófoba ou racista”, Montenegro reiterou que o acordo nos Açores não viola os princípios do PSD. “Nós nunca ultrapassaremos a linha dos nossos princípios e dos nossos valores. Portanto, como isso aqui [nos Açores] não aconteceu, nem é sequer tema”, assinalou.

“Ganhar dinheiro” com a inflação

O presidente do PSD, Luís Montenegro, acusou ainda o Governo de ter um “comportamento quase imoral” por estar a “ganhar dinheiro com a inflação”, reiterando a importância de implementar um programa de emergência social.

Discursando no encerramento do congresso do PSD/Açores, que decorreu em Ponta Delgada, o líder social-democrata disse que o Governo está a ser “insensível” durante o atual período de inflação porque o “aumento dos preços incorpora também o aumento da receita fiscal”.

“Muitos impostos incidem percentualmente sobre o valor dos produtos. O Governo está a arrecadar mais impostos do que aqueles que tinha estimado. O Governo está a ganhar dinheiro com a inflação”, declarou.

O Governo está a arrecadar mais impostos do que aqueles que tinha estimado. O Governo está a ganhar dinheiro com a inflação.

Luís Montentegro

Presidente do PSD

Montenegro evocou o aumento dos preços do cabaz alimentar e considerou que o processo de inflação não “pode ser ignorado pelos poderes públicos”. “Um governo não pode olhar para isso de forma complacente. O doutor António Costa olha para isso e deve achar que é uma fatalidade, que o melhor é ir empurrado para a frente para ver se passa. Mas isso não passa. Ou pelos menos não passa tão rapidamente como gostaríamos. Há pessoas que estão a sofrer”, afirmou.

O presidente do PSD considerou que o atual executivo de António Costa “denota cansaço, esgotamento e confusão dentro de si”. “É de uma grande insensibilidade não formar, executar e levar às vidas das pessoas um programa de emergência social, que ajude já os mais vulneráveis”, concluiu.

(Notícia atualizada às 14h com declarações sobre a inflação)

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