Elementos do Montepio quiseram alertar Governo em 2016. Só foram recebidos em 2017
Na reunião, o Ministério do Trabalho ficou com cópia de um documento onde se chamava a atenção para os prejuízos e os capitais próprios negativos da Associação Mutualista.
Em fevereiro de 2016, um grupo de elementos da Associação Mutualista Montepio Geral pediu uma audiência ao Ministério do Trabalho para alertar o Governo para a difícil situação financeira da Associação. Já na altura havia dados que permitiam detetar o risco de os capitais próprios entrarem no vermelho e de os prejuízos continuarem. Contudo, a reunião com a equipa do Ministério tutelado por Vieira da Silva só aconteceu em janeiro de 2017, sabe o ECO. Contactado, o ministério do Trabalho não respondeu.
Esta terça-feira, a Associação Mutualista apresentou lucros de 7,4 milhões de euros em 2016 — um resultado muito acima do verificado um ano antes, quando registou prejuízos de 393,1 milhões de euros — e capitais próprios de 188,5 milhões de euros. Contudo, estes não são os resultados consolidados da Associação: aos números de 2016 falta acrescentar pelo menos dois efeitos de peso — os prejuízos da Caixa Económica Montepio Geral e os da Lusitânia Seguros, ramo não vida.
Somado este impacto, é expectável que os capitais próprios consolidados da Associação em 2016 sejam ainda mais negativos do que os verificados em 2015, conforme detetou a KPMG. “Chamamos a atenção para o facto de que à data de 31 de dezembro de 2015, o Montepio Geral – Associação Mutualista apresentar capital próprio negativo atribuível aos associados no montante de 107.529 milhares de euros“, sublinhou a consultora, tal como confirmou a própria Associação Mutualista na reação à notícia do Público, que antecipou esta mesma informação.
As contas da Associação Mutualista vão ser debatidas em Conselho Geral esta tarde, depois de os números de 2015 terem sido publicados com atraso de um ano.
A saúde financeira da Associação Mutualista é fundamental para o banco Montepio Geral, uma vez que a Associação é o acionista único da instituição financeira. O banco Montepio pode ser forçado a aumentar os seus rácios de capital, na sequência de uma avaliação regular do Banco de Portugal, revelada no sábado pelo Expresso. O supervisor identificou um perfil de risco elevado na instituição financeira, irregularidades na concessão de crédito e falhas de informação. Fonte oficial do Montepio já garantiu que todas as desconformidades não contestadas foram corrigidas e que aquele já não é o quadro atual do banco.
Tal como fez questão de explicar o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, quem supervisiona a Associação Mutualista é o Ministério do Trabalho e não o banco central.
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